Crítica: A Forma da Água (2017, de Guillermo del Toro)



E como em todas temporadas de Oscar temos os favoritos, aqui vemos mais um deles, ou o maior favorito. A Forma da Água, filme de Guillermo del Toro, o mestre por trás de O Labirinto do Fauno, foi indicado a 13 estatuetas, e só nos resta saber no dia 04/03 quantas irá levar. Mas, apesar disso, deixa claro que este filme não se trata de qualquer filme.

Com o “hype” e “buzz” por cima do mesmo, e já que alguns integrantes da equipe deste blog assistiu, decidimos fazer uma matéria conjunta, com 2 parágrafos de cada um dos integrantes.

– Ana Paula Araújo:

Guillermo Del Toro já dirige filmes desde os anos 90, mas foi em O Labirinto do Fauno (2006) que ganhou destaque e deixou sua marca no meio cinematográfico. Exatamente, pela sua marca que ele assina desde O Labirinto do Fauno que não poderíamos deixar de citá-lo, pois é nítido as semelhanças entre os filmes, o fato de transformar monstros em seres especiais e uma personagem central que não tem medo do monstro, mas sim uma afeição. Em A Forma da Água, ele conta um romance entre Eliza (Sally Hawkins) e o “Homem Peixe” (Doug Jones), o que já torna a história atrativa e interessante.

No filme temos personagens bem desenvolvidos e cativantes, não é a toa tantas indicações a diversos prêmios, incluindo o Oscar. Com um roteiro limpo e bem fechadinho, permeado por cenas que já podem ser consideradas clássicas de tão lindas e poéticas, ainda por cima embalada por uma trilha sonora de deixar qualquer um fascinado. A Forma da Água mostra para que veio, uma poesia bem desenvolvida tendo o amor e as diferenças como pano de fundo ainda pode ser muito cativante quando se usa os elementos certos.




– Eduarda Souza:



A Forma da Água é um filme para poucos. Não creio que seja um filme para massa, apesar de um “hype” relativamente alto sobre ele. É um filme de identificação. Não gosto muito de polarizações, mas é inegável que em se tratando dessa obra de Del Toro, temos um, quase que certo, ame-o ou odeio-o. É um filme lindo visualmente e tecnicamente, possui boa direção, boas cenas, trilha sonora impecável (com direito à Carmem Miranda!), porém o que mais se destaca ao meu ver não é a parte técnica e sim, a história e reflexão que a película nos traz. Sally Hawkins nos entrega uma apaixonante Elisa, faxineira muda (sou surda e fiquei, no mínimo, extasiada ao ver essa representatividade) e de origem latina imersa em um ambiente que conecta grandemente o espectador à história (e é um fato, que em algum momento, a lembrança de Amélie Poulain virá à cabeça). Mesmo não sendo digna de um Oscar, principalmente comparando-se à estarrecedora atuação de Frances McDormand em Três Anúncios para um Crime, é uma atuação que vai ficar na mente.

Atrelado a todos esses fatores, ainda temos um elenco de apoio que foge dos clichês, com uma melhor amiga negra (interpretada pela maravilhosa, mas no ponto, Octavia Spencer), um amigo homossexual e mais velho (Richard Jenkins) e uma criatura “monstruosa” (Doug Jones) como seu amor, além de uma ajudinha básica de um comunista russo (Michael Stuhlbarg). Michael Shannon entrega um vilão à altura da trama, entretanto, também foge do que geralmente é apresentado como vilanesco: ele é um homem branco, com uma família maravilhosa e alto cargo no exército (um típico “herói” americano). Vale ressaltar ainda, o protagonismo feminino forte aqui: Elisa é uma mulher auto-suficiente, sua deficiência em nada lhe atrapalha e ela é a grande heroína de toda a história. O romance entre ela e seu par, para alguns pode parecer forçado e grotesco, para outros pode parecer puro e natural. Fico com o segundo grupo. O amor não é somente para os perfeitos. O amor é para todos. E é aí que fica a reflexão: se no filme onde uma faxineira muda, se apaixona por um ser meio-homem, meio-peixe, que se apresenta indefeso e vulnerável, por que nós não podemos enxergar que toda forma de amor seja considerada como justa? 
– Vinícius Carlos:

Guillermo del Toro mostra ao que veio, um filme com a sua pegada, contado a sua forma, e nos mostrando que ele realmente se trata de um dos maiores diretores do século. A história principal já está memorizada, uma muda que conhece um “homem peixe” e os dois se apaixonam, e por isso vou me reter a outro aspecto digno de muita atenção também, a beleza técnica do filme.

Que fotografia linda, toda uma representação do verde, que é a cor “marca” do filme, que aliás é muito presente na trama, seja esteticamente, ou psicologicamente. Os efeitos especiais do “homem peixe”, simplesmente digno de um “uau”. A direção de arte como todo, mostrando bem todo mundo daquela época. E sem falar em uma trilha sonora extremamente linda, aliás, digna de Oscar. Falar que todos esses aspectos são maravilhosos é fácil, pois por si só eles se garantem, mas aí que entra a mão do diretor, do gênio e do chefe por trás da obra, o conjunto. E nesse conjunto, nessa somas de 10 temos como resultando um filme sútil e ao mesmo tempo belo, tudo extremamente bem arquitetado e colocado em tela como algo frágil, mas ao mesmo tempo sólido e consistente. Parabéns del Toro, parabéns!





– Nota Final:

Título Original: The Shape of Water.

Direção: Guillermo del Toro.

Elenco: Sally Hawkins, Doug Jones, Richard Jenkins, Michael Shannon, Octavia Spencer, Michael Stuhlbarg, Lauren Lee Smith, David Hewlett, Nick Searcy.

Sinopse: Década de 60. Em meio aos grandes conflitos políticos e transformações sociais dos Estados Unidos da Guerra Fria, a muda Elisa (Sally Hawkins), zeladora em um laboratório experimental secreto do governo, se afeiçoa a uma criatura fantástica mantida presa e maltratada no local. Para executar um arriscado e apaixonado resgate ela recorre ao melhor amigo Giles (Richard Jenkins) e à colega de turno Zelda (Octavia Spencer).

Trailer:



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