Considerada por muitos como uma quebra da personalidade do personagem, a cena em que Superman mata Zod após a batalha épica sobre o céu de Metropolis é avassaladora e certamente deixa um impacto no espectador. É uma atitude extrema? Certamente, entretanto compreensível se analisada do ponto de vista desesperado do personagem naquele ponto da narrativa: Zod deixa muito claro que não há mais sentido em sua vida, seu único objetivo agora é descarregar toda a raiva acumulada após o oponente impedir tudo aquilo que ele planejou. O modo como Snyder filma essa cena não é harmonioso, e nem poderia ser: a câmera tremida passa uma sensação de insegurança e o plano fechadíssimo no rosto dos personagens coloca suas expressões acima de tudo, é um momento muito difícil e um ponto de virada enorme para a interpretação do Superman do universo da DC.
9 – Time in a Bottle (X-Men: Dias de um Futuro Esquecido)
O Mercúrio de Evan Peters é, muito provavelmente, a melhor coisa do universo dos X-Men da Fox nesses filmes mais recentes. É um personagem carismático, estiloso e que consegue utilizar os artifícios da linguagem cinematográfica (principalmente a trilha sonora diegética e os efeitos especiais) a seu favor; ele acaba sendo um personagem tão bem realizado, na verdade, que o Mercúrio do Universo Cinematográfico da Marvel, apresentado um ano depois, teve que morrer logo em seu primeiro filme porque não chegava nem aos pés. Não é coincidência, então, que a cena que chamou a atenção de todos que assistiram X-Men: Dias de um Futuro Esquecido acabou sendo a com a maior presença do personagem, um longo slow-motion em que a única força atuante é um garoto se movendo mais rápido que a compreensão de todos ao seu redor. Sim, a cena da mansão de X-Men: Apocalipse expandiu esse conceito, porém nada pode chegar perto da magia de assistir algo assim pela primeira vez.
8 – A abertura (Batman: O Retorno)
Batman: O Retorno não é um filme particularmente realista, mas não precisa ser; Tim Burton é um diretor conhecido principalmente por sua identidade visual gótica e, nas duas histórias do morcego dirigidas por ele, o nascimento do Pinguim que abre o filme é o momento em que sua visão se une graciosamente com a narrativa de forma mais bela. A abertura desta obra é executada quase como se pertencesse ao gênero de terror: os ângulos de câmera, o choro do bebê ecoando pela mansão, a trilha sonora de ópera… É tudo um pouco exagerado, porém uma criança matando um gato e sendo abandonada no rio pelos pais não pede exatamente uma direção presa ao realismo, não é mesmo?
7 – “Vencendo o vilão com dancinha” (Guardiões da Galáxia)
Os filmes do universo da Marvel nunca se levaram completamente a sério, são entretenimento puro da mais alta qualidade e aceitam esse papel, contudo nada chega perto do que foi o primeiro Guardiões da Galáxia, quase que uma paródia das produções do estúdio e, ironicamente, considerada por muitos a melhor delas. Auto-referencial e com um senso de humor maravilhosamente bobinho do início ao fim, a obra chega a seu ápice com nada menos do que uma solução para o problema do terceiro ato completamente anticlimática, mas que se encaixa no proposto pela narrativa até aquele momento: quando o vilão Ronan finalmente consegue a joia do infinito, tudo parece perdido e nada pode detê-lo… Até que Peter Quill resolve distraí-lo cantando Ooh Child e desafia o vilão para uma batalha de dança na frente da multidão perplexa (que neste caso pode muito bem representar a plateia no cinema). É um momento que fecha o filme de maneira inusitada, porém inevitável.
6 – Revertendo a rotação da Terra (Superman: O Filme)
Esqueça toda a lógica por um momento, qualquer aula de Física ou noção prévia de tempo e espaço que você pensa possuir e foque na poesia desta cena. Ao encontrar Lois Lane morta, Superman é atingido por um meteoro de realidade imenso do nada. Até aquele momento, a kriptonita era a única fraqueza para o homem que podia fazer tudo e a audiência permanece em um estado de choque, juntamente com o protagonista, após presenciar o roteiro quebrar uma das principais regras do cinema blockbuster: nunca mate o interesse amoroso. A decisão já corajosa se mostra ainda mais surpreendente ao quebrar isso novamente; o personagem não está nem aí para nada e só quer ver Lois viva, para isso decide executar um movimento tão aleatório e que vai contra tudo que seu pai lhe ensinou que se torna na verdade muito belo; e funciona, é claro.
5 – A união faz a força (Os Vingadores)
A eficiência e gloriosidade deste momento se resume em uma palavra: expectativa. Desde a primeira cena pós-créditos do MCU, lá em 2008 no primeiro Homem de Ferro, o público que já conhecia os personagens esperava ansiosamente pela “grande reunião”, aquele filme em que todos os heróis se uniriam para lutar contra um mal em comum. O resultado todos já conhecemos: Os Vingadores possui, hoje, a quinta maior bilheteria da história; dinheiro arrecadado não é sinônimo de qualidade, mas nesse caso funciona bem. Todos os easter eggs, todas as falas de Nick Fury, o final de Capitão América: O Primeiro Vingador… Tudo nos trouxe a esta cena: os heróis na rua, Bruce Banner chega e nos dá a melhor linha de diálogo do filme e, após isso, a câmera começa a girar ao redor dos protagonistas enquanto estes encaram o perigo iminente… Haja coração.
4 – Orange Man (Corpo Fechado)
Em Corpo Fechado, desconstrução do gênero de super-heróis de M. Night Shyamalan, Bruce Willis interpreta David Dunn, um homem que descobre ser invulnerável a danos e doenças; na cena em questão, David resolve usar suas habilidades como um justiceiro: decide ir atrás de um zelador (de uniforme laranja, daí o “nome” Orange Man) que está mantendo uma família prisioneira. É um momento simples, porém executado de maneira dramática e poética com a fabulosa trilha sonora de James Newton Howard acompanhando; tudo é filmado de maneira muito sensorial, desde a câmera subjetiva quando o herói descobre seu ponto fraco até o slow-motion que antecede a luta. Esta é provavelmente a cena em que Shyamalan mais ostenta seu talento como diretor.
3 – Créditos iniciais (Watchmen)
Você pode gostar ou não do resto do filme, mas tem que admitir que pelo menos os créditos iniciais de Watchmen são fantásticos. Após o violento prólogo do filme, que já apresenta o tom da produção, Snyder nos presenteia com uma montagem muito bem realizada e estilosa para dar contexto histórico à narrativa: a sequência de momentos em câmera lenta conta a história alternativa dos EUA daquele universo (que coincidentemente é bem parecida com a nossa) nos conturbados anos 40 aos 80 acompanhados por The Times They Are A-Changin’, que casa tão perfeitamente que a canção poderia ter sido escrita para o filme. Presenciamos acontecimentos reais, porém com os personagens do filme, bem estilo Forrest Gump, em lindíssimos planos em slow-motion que criam uma expectativa enorme para o que veremos no resto da história.
2 – Câmera de cabeça pra baixo (Batman: O Cavaleiro das Trevas)
Considerado por muitos como o melhor filme de histórias em quadrinhos da história do cinema, O Cavaleiro das Trevas possui muito mais momentos épicos e memoráveis, praticamente todos eles envolvendo a atuação de Heath Ledger, do que o seu filme comum de verão, e pra mim a cena que mais se destaca é justamente a última em que vemos o antagonista da produção. Batman e Coringa se encontram em um prédio em construção e, após um pequeno duelo físico, o morcego acaba jogando o palhaço prédio abaixo, o puxando de volta com seu arpão logo em seguida, óbvio. Quando os dois se encontram cara-a-cara novamente, o antagonista, agora de cabeça pra baixo mas ainda no controle da situação de uma forma, começa seu monólogo sobre insanidade enquanto a câmera lentamente começa a se ajustar com seu ponto de vista até o espectador observar tudo de cabeça pra baixo também. É uma decisão bem simples, porém ridiculamente eficiente.
1 – Raindrops Keep Falling On My Head (Homem-Aranha 2)
Você já deve ter percebido, pela inclusão da cena da dança de Guardiões da Galáxia e do giro da Terra de Superman: O Filme na lista, que eu simplesmente adoro quando um filme não tem medo de aceitar sua natureza bobinha com muita coragem ou muito senso de humor; no caso, considero a montagem com Raindrops Keep Falling On My Head de Homem-Aranha 2 o exemplo supremo disso. Sam Raimi é um diretor autoral, felizmente a Sony deu uma quantidade razoável de liberdade criativa para ele dirigir os dois primeiros filmes da trilogia do aracnídeo; enquanto no primeiro o cineasta se encontrava um pouco tímido em relação a seus exageros, o segundo é um festival de direção. O roteiro é relativamente simples, porém a execução das cenas na mão de Raimi é maravilhosa: os close-ups dramáticos, os planos abertos que se transformam rapidamente em plano-detalhe através de um zoom frenético, a forma como o prédio Osborn é apresentado, tudo contribui para um filme muito bem humorado tanto na narrativa quanto na técnica cinematográfica. A dita montagem musical é o ápice disso: abre com o brilho enorme do sol na câmera e fecha com um quadro congelado do rosto do protagonista, é puro cinema.
BÔNUS:
Não dá pra falar de Homem-Aranha 2 sem incluir essa cena, é praticamente possível ouvir o Raimi gargalhando enquanto filma:
Concorda com a lista? Não esqueça de deixar sua opinião aí nos comentários.