Crítica: Noivo Neurótico, Noiva Nervosa (1977, Woody Allen)


Noivo Neurótico, Noiva Nervosa é um importante registro na carreira de Woody Allen, pois marca o amadurecimento do cineasta, cujo trabalho até então compreendia apenas comédias pastelão. Noivo Neurótico, Noiva Nervosa tem uma ressonância emocional, com observações irônicas sobre amor e sexo, imaturidade emocional para lidar com relacionamentos e as clássicas piadas sobre judeus que já são costumeiras do diretor, especialmente nos seus filmes mais antigos.




O filme é centrado em Alvy Singer (Allen), um humorista de meia-idade que é um tanto neurótico quanto à sua descendência judaica (basta dizer que se encontra em terapia há 15 anos). A trama é sobre seu relacionamento com Annie Hall (Diane Keaton), uma aspirante à cantora. Annie é uma encantadora mulher, porém muito insegura, e juntamente com o caráter neurótico de Alvy o relacionamento dos dois passa por constantes altos e baixos.

As características mais importantes do filme são as falas dirigidas à câmera (o filme já começa com um monólogo da personagem de Allen falando diretamente com o espectador), as constantes quebras da “quarta parede”, em que as personagens agem como se soubessem que tudo não passa de um filme – vale destacar nesse ínterim a participação especial do teórico da comunicação Marshall McLuhan, como ele próprio, desmentindo um tirado a sabe-tudo na fila do cinema – e a narrativa não-linear, em que Alvy narra os eventos de sua vida, desde a infância, casamentos anteriores e o relacionamento com Annie, não necessariamente nessa ordem. Talvez estas inovações, que não eram muito comuns no cinema hollywoodiano da época, tenham sido responsáveis pela conquista do Oscar de Melhor Filme.





O filme também brinca um pouco com a psicologia, tema que Allen abordaria de forma mais aprofundada e séria em A Outra (1988), através das sessões de análise de Annie e Alvy.  Por outro lado, falta ao roteiro um pouco de filosofia e niilismo, que também se tornariam elementos característicos do cineasta, presentes, por exemplo, em Hannah e Suas Irmãs (1986) e no mais recente Meia-Noite em Paris (2011).

Entretanto, Noivo Neurótico, Noiva Nervosa não resistiu muito bem à passagem do tempo. As piadas que fizeram sucesso na década de 70 hoje soam machistas, como a constante pergunta de Alvy para Annie, toda vez que eles brigam: “você está de TPM?”. Além disso, Alvy hoje é claramente visto como um parceiro possessivo e egoísta, que se importa muito mais consigo mesmo do que com o bem-estar de sua parceira. A personagem é cansativa, constantemente batendo na mesma tecla de perseguição por ser judeu. Como ator, Woody Allen funcionou melhor em Hannah e Suas Irmãs, por exemplo, em que sua participação era, de fato, um alívio cômico. Já Diane Keaton brilha como Annie Hall, com muito talento e carisma.

Título Original: Annie Hall

Direção: Woody Allen

Elenco: Woody Allen, Diane Keaton, Beverly D’Angelo, Carol Kane, Christopher Walken, Colleen Dewhurst, Dick Cavett, Donald Symington, Gary Mule Deer. 

Sinopse: Alvy Singer (Woody Allen), um humorista judeu e divorciado que faz análise há quinze anos, acaba se apaixonando por Annie Hall (Diane Keaton), uma cantora em início de carreira com uma cabeça um pouco complicada. Em um curto espaço de tempo eles estão morando juntos, mas depois de um certo período crises conjugais começam a se fazer sentir entre os dois.

Trailer:


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