Crítica: Cinquenta Tons Mais Escuros (2017, de James Foley)





Vamos ser sinceros, Cinquenta Tons de Cinza é um dos maiores erros do cinema moderno. Embora não tenha lido os livros, respeito todas obras literárias, é um outro campo, que mexe com a imaginação do leitor e por isso, grande parte deve ser respeitada. Porém, o primeiro filme, que vinha com a missão de adaptar o livro de maneira sexy e ousada, não passou de uma obra machista, má elaborada e enfadonha, tal qual Crepúsculo. Sim, um filme chato, que errou onde não poderia. Leia, entenda isso e confira nossa crítica do primeiro filme aqui! 
Mas com o sucesso do primeiro longa, chegamos a 2017 e sua inevitável continuação. A notícia boa é que Cinquenta Tons Mais Escuros é levemente superior ao primeiro filme, a notícia ruim é que não vai muito além disso. Na trama, após Christian e Anastasia  reatarem a relação, vemos o andar de suas vidas profissionais, enquanto ela tenta entender melhor os desejos dele. 


Inicialmente, a obra aposta um pouco mais no suspense, o que seria um acerto se toda trilogia fosse criada em cima disto. Isto se deve principalmente pela troca de diretor, que agora está nas mãos de James Foley. O cineasta vem de um currículo repleto de suspenses com toques eróticos, como os interessantes Medo (1996) e A Estranha Perfeita (2007). Dá-se assim um tom mais sombrio, mesclado com algumas cenas mais picantes. Eric Johnson é inserido como um personagem enigmático, além de termos uma participação de Kim Basinger como auto-referência (ela foi musa e sex symbol nos anos 80 e 90, vide 9 1/2 Semanas de Amor). O visual do filme continua luxuoso, com direção de arte simples e limpa, bons figurinos (como no interessante baile de máscaras), algumas breves cenas com boa fotografia, cenas praianas quentes e planos abertos de cima da cidade. A iluminação também é interessante, variando de cenas claras quando está tudo bem, a mais escuras quando está tudo ruim, passando para vermelho nos momentos sensuais. E ainda temos uma leve evolução de Dakota Johnson, bem mais a vontade no papel e sua personagem parece mais inteligente, questionando, descobrindo e tomando decisões. 




Mas é isso, e só. A trilha sonora, um acerto no primeiro filme, aqui não tem graça, não há uma canção que marque. O roteiro continua pífio, ruim mesmo. Diálogos expositivos demais, ou a falta deles em silêncios constrangedores, mas quando falados, parecem ditos por adolescentes que não sabem o que querem. As personagens continuam infantilizadas e um tanto “burras”. Se na primeira hora da obra temos um potencial mais sombrio, o mesmo é dissipado na segunda hora, cheia de reviravoltas bobas e previsíveis, resoluções fáceis, sai-se do suspense e entra-se novamente no romance açucarado bem fraco (pois quando bem feito, tem seu valor, vide Diário de Uma Paixão). Jamie Dornan atua tão bem quanto um robô gigolô, realmente é muito mecânico e frio, tirando a camisa várias vezes, obviamente para cumprir contrato e fazer meninas suspirarem. Os próprios Eric Johnson e Kim Basinger são mal utilizados, infelizmente.




Há cenas sensuais, mas continuam mecânicas, bobas, sem química. E este é o maior erro, a maior falha da saga. Com uma trama pesada e potencial de ousar, a franquia “50 Tons” cai na “breguice”, no comum, embarca no romance proibido, enquanto que facilmente poderia ser algo subversivo e crítico. Há um leque gigante de filmes feitos entre os anos 70, 80 e 90 que deixam esses no chinelo, no quesito sensual e ainda mantendo algum fundamento. Vide 9 1/2 Semanas de Amor, Instinto Selvagem, Jade, etc. Todos carregados de algumas boas atuações, cenas que marcaram época pela ousadia e criação de suspense crescente. Cinquenta Tons Mais Escuros falha miseravelmente, se tornando “brochante” (rsrs) por assim dizer, é muito anti-climático! E falo de clima de trama e roteiro! Apesar de ser menos ruim que o anterior, é um dos piores filmes do ano, um desperdício de investimento e uma ofensa aos fãs de livros e de cinema mais adulto. E isso que nem falei da cena da queda do helicóptero. É muito bem filmada, diga-se de passagem. Mas é totalmente desconexa com o resto, não faz sentido criar tanta tensão, parece saída de um filme de 007. Isso para na cena posterior, ser resolvida facilmente. E aí voltamos ao romance água com açúcar. Um banho de água fria. Bem, agora resta aguardar o desfecho em 2018. E dado o final deste, mesmo sem ler os livros, já adivinhei tudo que vai acontecer …








Título Original: Fifty Shades Darker



Direção: James Foley



Elenco: Dakota Johnson, Jamie Dornan, Bella Heathcote, Kim Basinger, Eric Johnson, Hugh Dancy, Marcia Gay Harden, Eloise Mumford, Rita Ora.



Sinopse: Incomodada com os hábitos e atitudes de Christian Grey (Jamie Dornan), Anastasia (Dakota Johnson) decide terminar o relacionamento e focar no desenvolvimento de sua carreira. Ele, no entanto, não desiste tão fácil e fica sempre ao seu encalço, insistindo que aceita as regras dela. Tal cortejo acaba funcionando e ela reinicia o relacionamento com o jovem milionário, sendo que, aos poucos, passa a compreender melhor os jogos sexuais que ele tanto aprecia.


Trailer: 



Imagens:









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