Crítica: Dunkirk (2017, de Christopher Nolan)

  
Christopher Nolan. Quando ele lança um filme, se torna o mais falado do momento. E há um 8 ou 80, é claro. A maioria das pessoas ou amam ou odeiam o filme, foi assim com Batman: O Cavaleiro Das Trevas, A Origem, Interestelar… E está sendo com Dunkirk.


O diretor, tecnicamente, faz um trabalho fantástico aqui.
Ele usa vários travellings, muitos close-ups e inúmeros planos abertos, e isso
cria uma identidade visual para o filme, que se beneficia de ter os aspectos
técnicos impecáveis. Nolan deixa claro o que se propõe a fazer em
Dunkirk, que é ter um filme de guerra
diferente, sem um protagonista e sem nenhum combate daqueles clássicos em
campos de batalha. É o caminho que o diretor escolheu, e pode não agradar a
todos.





O roteiro do filme é muito simples, tem poucas falas e algumas coisas bem desnecessárias, vide o episódio com o garoto no barco capitaneado por Mark Rylance. Porém, tem bons momentos e consegue se sustentar. Embora não engajado em alguns momentos, eu não torci para o filme terminar logo, estava tendo uma boa experiência.







Não há nenhuma atuação memorável – aliás, esse é um problema
recorrente no filme -, mas nenhum ator compromete. Houve muito alarde por causa
da participação de Harry Styles, cantor da banda de pop
One Direction; alguns acharam ruim pois ele não é um ator de nome e
tiveram desconfiança quanto a sua habilidade de atuar, enquanto outros – mais
especificamente, os fãs da banda – ficaram inacreditavelmente animados para
vê-lo nas telonas. Ele faz um bom trabalho, seu personagem é mais trabalhado do
que a maioria, embora ainda assim não seja muito, e ele consegue passar o que o
personagem sente. Muito provavelmente ele não vai ganhar um Oscar nos próximos
anos, mas não é um ator descartável e pode servir bem como coadjuvante em algum
filme. Levando em conta que ele tem fãs por todo o mundo, não me supreenderia
se ele virasse um ator com participação em muitos filmes.



Mark Rylance repete o seu papel de Ponte dos Espiões com um pouco mais de expressão, ou seja, está
muito bem, sendo que sua atuação no filme de Spielberg é excelente e lhe rendeu
um Oscar de Melhor Ator Coadjuvante. Nenhum dos outros atores se destaca, mas
também não comprometem.

Agora chegamos a melhor parte do filme: os aspectos
técnicos. Todos eles são inacreditáveis. A fotografia é deslumbrante; mesmo o
filme sendo quase todo ao ar livre, o tom é mais escuro, trazendo uma sensação
diferente, que encaixa perfeitamente com o que o roteiro quer nos passar. A
mixagem e a edição de som são excelentes. Em alguns momentos, eu me senti
dentro de um campo de batalha, é muito real. Eu tenho a mais absoluta certeza
que o filme será indicado ao Oscar nas duas categorias que julgam o som, e será
justíssimo.

A montagem, pra mim, é a melhor coisa do filme. É uma idéia difícil
de se executar, e Lee Smith – colaborador de Nolan desde
Batman Begins – o faz com perfeição. Em nenhum momento eu me senti
confuso quanto ao tempo em que tudo estava ocorrendo. A edição ajuda muito também.
Os cortes são em momentos precisos, e alguns takes mais longos aparecem em
momento certíssimo. E eu não poderia me esquecer do gênio Hans Zimmer. Todas as
suas trilhas são excelentes, e aqui ele se supera e realiza um de seus melhores
trabalhos, juntamente com
A Origem.

Eu disse acima que a falta de coisas memoráveis é um problema
do filme, e eu acredito fortemente nisso. Pense em
Apocalypse Now. Você se lembrou
da cena dos helicópteros, ou então da cena em que Robert Duvall
diz que ama o cheiro de napalm pela manhã, certo? Agora, pense em
Platoon.
Se lembrou do soldado Elias correndo na mata, certo? Por último,
em
O Resgate
do Soldado Ryan
. Pensou na cena da praia, a que abre o filme? Tenho certeza
que, se não todas, a maioria esmagadora das pessoas que se lembram desses
filmes pensam imediatamente nessas cenas que eu citei, e elas fazem essas
produções memoráveis.
Dunkirk não
tem uma cena assim. A única coisa que pode tornar esse filme memorável, em
minha visão, são os aspectos técnicos que eu já tanto elogiei.

Dunkirk é um filme tecnicamente inacreditável. Infelizmente,
o roteiro não faz jus ao trabalho dos profissionais técnicos do filme. Falta
algo que fique na cabeça do espectador, falta força narrativa, e eu considero
isso um desperdício, pois, com a mesma qualidade técnica e um roteiro melhor,
Dunkirk sem a menor sombra de dúvida
entraria no hall dos melhores filmes de guerra de todos os tempos (e isso é
algo que vêm se repetindo na carreira de Nolan. Pegue Interestelar como exemplo
e saberá do que estou falando). Mas o filme não é ruim. Pelo contrário, é bom e
deve ser visto por sua técnica e seu poder de entretenimento. Espero que, em
seus próximos projetos, Nolan possa voltar a unir a técnica perfeita e um
roteiro brilhante, assim como fez em
A Origem
e
Batman: O Cavaleiro das Trevas,
por exemplo.

 

Título Original: Dunkirk


Direção: Christopher Nolan


Sinopse: Na Operação Dínamo, mais conhecida como a Evacuação de Dunquerque, soldados aliados da Bélgica, do Império Britânico e da França são rodeados pelo exército alemão e devem ser resgatados durante uma feroz batalha no início da segunda guerra mundial.


Elenco: Fionn Whitehead, Mark Rylance, Tom Hardy, Harry Styles, Barry Keoghan, Aneurin Barnard, Kenneth Branagh, Jack Lowden, James d’Arcy, Cillian Murphy, Adam Long, Damien Bonnard, James Bloor, Bobby Lockwood, Eliott Tittensor




                                                                                Trailer:







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1 thoughts on “Crítica: Dunkirk (2017, de Christopher Nolan)”

  1. Boa crítica. A verdade achei um filme bom, me surpreendeu quando eu vi no cinema. O filme superou as minhas expectativas, o ritmo da historia nos captura a todo o momento. Revisei a trajetória de Christopher Nolan e me impressiona que os seus trabalhos tenham tanto êxito. Este talvez não seja um dos melhores da filmografia Christopher Nolan, mas acho que vale a pena. Acho que é uma boa idéia fazer este tipo de adaptações cinematográficas. Gostei muito da história por que não é tão previsível como outras. Acho que vale a pena ver.

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