Pra quem acompanha o Netflix, já percebeu a quantidade de filmes da língua espanhola que entram constantemente em seu catálogo, então decidi separar alguns dos melhores que foram lançados na última década. Confere a lista, e não deixa de comentar o que achou lá em baixo:
O Segredo dos Seus Olhos, de Juan Jose Campanella (2009 – Argentina)
Primeiro, começo com um clássico contemporâneo que ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro em 2010 e ficou reconhecido pelo mundo todo. Já tem até um remake feito nos Estados Unidos em 2015, que foi traduzido para o Brasil como Olhos da Justiça, protagonizado por ninguém mais ninguém menos que duas divas mór da sétima arte hollywoodiana, Nicole Kidman e Julia Roberts; além de contar também com Chiwetel Ejiofor (o protagonista de 12 Anos de Escravidão e que esteve mais recentemente no papel do Barão Mordo em Doutor Estranho)
O filme argentino conta a história do investigador policial Benjamín Espósito (interpretado por Ricardo Darín) que quando se aposenta, decide escrever um livro sobre o caso mais marcante de sua carreira. Ao mesmo tempo que é desenvolvida a memória do personagem, ele relembra um caso de amor antigo com sua ex-chefe, Irene (Soletad Vilamil).
Com um desenrolar poderoso e uma narrativa impecável, o filme se mostra uma das melhores produções argentinas de todos os tempos, e coloca em evidência uma escola de cinema que é referência em toda a América Latina.
Ah é, e ainda tem um plano sequência de encher os olhos numa perseguição no estádio de futebol.
Stockholm, de Rodrigo Sorogoyen (2013 – Espanha)
Stockholm é uma grata surpresa. O filme independente se passa em apenas um dia na capital espanhola, e trabalha muito bem a complexidade de um relacionamento de pessoas tão intensas. É reduzido num curto espaço de tempo, os problemas e angústias que dois personagens podem passar ao se entregarem a voracidade de uma noite sem fim.
Os personagens não têm nome, e isso é uma representação de forma a generalizar inúmeros relacionamentos que poderiam ter o mesmo desdobramento: “Ele” um típico cafajeste, bobo e descompromissado, “Ela” uma moça, como tantas outras, com inseguranças e medos que atrapalham na hora da conquista.
Neste filme tudo é muito cuidadoso, mas principalmente a entrega dos atores aos personagens (que rendeu o prêmio de melhor atriz para Aura Garrido no festival de Málaga do mesmo ano). A direção simplista e 100% competente, e um roteiro, que além de coerente, te surpreende. (também premiados no mesmo festival).
Requisitos Para Ser Uma Pessoa Normal, de Letícia Dolera (2015 – Espanha)
Devo admitir que eu não sou muito chegado às comédias românticas usuais, mais aqui, a diretora e protagonista do filme, Letícia Dolera, faz um excelente filme água-com-açúcar.
Requisitos Para Ser Uma Pessoa Normal conta a história de Maria de las Montañas, que se sente excluída da vida adulta de seus amigos, e decide fazer uma lista para tentar mudar seus hábitos e se adequar a este lifestyle inalcançável. Ela conhece Borja, um homem de sua idade que mora com a sua vó e tem péssimos hábitos alimentares, então, os dois fazem um acordo para se ajudarem mutuamente.
A palavra ‘Fofo’ resume muito bem o que o filme é, com uma mensagem linda e simples, e com uma estética muito bem trabalhada, o filme toca em pontos sutis sem ser pedante em nenhum momento. Um ótimo filme pra assistir na tarde de domingo.
Os Parecidos, de Isaac Esteban (2015 – México )
Mudando completamente o tom, Os Parecidos trás uma fantasiosa história sobre oito pessoas que ficam presas numa estação rodoviária por conta de uma forte tempestade, e todas elas começam a ficar com a aparência de um dos viajantes que ali está.
O diretor Isaac Esteban mostra uma facilidade incrível para desenvolver a história em um só ambiente, e com uma estética noir, trás ao filme um tom de suspense impressionante ao mesmo tempo que trata de questões científicas e um questionamento a realidade invejável. E tudo isso de uma forma bem simples e com o roteiro bem direto, sem as firulas convencionais do gênero.
Pra quem curte filmes que fazem a cabeça explodir, como Donnie Darko, A Origem e afins, é um filme mais do que imprescindível.
Um Contratempo, de Oriol Paulo (2017 – Catalunha)
A película deste ano, trás mais um belo roteiro escrito pelo diretor Oriol Paulo (responsável também pelos roteiros de El Cuerpo (2012) e de Los Ojos de Julia (2010). E conta a trama de Adrián Doria (Mario Casas) que acorda de um desmaio num quarto de hotel e se depara com sua amante Laura (Barbara Lennie) morta no banheiro. Doria é, logicamente, acusado pelo crime. E perde a sua família por conta da descoberta de seu caso com a falecida moça. Com medo também de perder a sua carreira, ele contrata a melhor advogada de defesa da Espanha para ajudá-lo a sair livre da acusação.
Numa conversa entre os dois, o detalhe de toda a situação vem a tona, e nós tentamos junto com a advogada descobrir se a versão de Doria para a história é real ou não.
Seguindo a fórmula dos outros roteiros de Oriol, o filme trás diálogos excelentes, beats bem construídos e um plot twist surpreendente no final que mesmo falando que é surpreendente no final, não estraga toda a experiência e a surpresa do filme, pode confiar.
Gostou das recomendações? Já assistiu algum da lista? Lembrando que, como qualquer ser humano normal, eu não assisti a todas as dezenas de produções em língua espanhola que tem na Netflix, então, se faltou algum filme na lista, deixa como recomendação aí em baixo.
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