Crítica: Requiém Para Um Sonho (2000, de Darren Aronofsky)

No finalzinho do século passado e logo no
início do novo século, vários novos diretores já surgiram e alguns deles se
consolidaram. De todos esses, os que mais ganharam cultuadores entre os
cinéfilos são Darren Aronofsky e Paul Thomas Anderson. Esses dois no meu top 10
de diretores preferidos, ambos são incríveis e merecem a atenção de todos os
cinéfilos. Pretendo escrever sobre Sangue Negro em um futuro próximo, e
hoje trarei a crítica do meu preferido de Aronofsky, Requiém Para Um Sonho.


 Aronofsky inova em suas técnicas de direção. Só havia se visto algo parecido
antes em seu filme de estréia, Pi, de 1998. Aliás, muitas técnicas
usadas por ele em Pi são aperfeiçoadas aqui, como os cortes frenéticos –
curiosidade: Requiem Para Um Sonho é o filme com mais cortes da história
do cinema – e os plongées com a câmera posicionado no teto do ambiente. A
linguagem independente empregada pelo diretor funciona perfeitamente junto com
a narrativa. Ele, que também escreveu o roteiro, sabe perfeitamente o que faz,
e isso é surpreendente para um diretor que, na época, era ainda iniciante.
Aqui, ele usa um recurso que para muitos pode parecer óbvio, mas eu gostei, que
é a dividir o filme pelas estações do ano. O interessante é que a primavera
nunca chega, e cada um interpreta isso de uma maneira. Pra mim, isso é algo
extremamente simbólico e mostra uma visão pessimista de Aronofsky. No começo, o
filme se passa no verão, enquanto tudo ainda está bem. De acordo com a condição
dos personagens em tela, as estações vão avançando, e, na parte mais triste e
depressiva do filme, a estação é o inverno, quando o tempo é mais escuro, mais
frio. A direção do filme é excelente, não é por acaso que após esse filme
Aronofsky começou a ganhar visibilidade e se tornou um dos nomes mais promissores
do cinema mundial, expectativa que se confirma a cada filme dele que é lançado.


As atuações do filme são todas muito boas,
com exceção a de Ellen Burstyn, que não é boa, e sim magistral, brilhante e
quaisquer adjetivos que indicam algo extraordinário. A transformação física e
principalmente psicológica da atriz é impressionante. As cenas em que ela está
delirando são aterrorizantes, não por assustar, mas pelo estado em que sua
personagem, Sara, se encontra. Há uma cena em que sua personagem desabafa para
seu filho, e a atriz encarna a personagem de uma maneira impressionante e, pra
mim, com certeza é uma das melhores atuações de todos os tempos.

Jared Leto também está bem como Harry. Ele
também passa por uma transformação durante o filme – embora não tão grande
quanto a de Sara – e dá conta do papel, embora sem brilho. Eu sempre acho isso
sobre Jared, ele está bem mas nunca excepcional – com exceção de sua
interpretação como o Coringa, que considero ridícula. Sua namorada,
interpretada por Jennifer Connely, talvez tenha o futuro mais triste após o
filme. O arco dela é interessantíssimo e extremamente melancólico. A última
cena da personagem no filme é uma das mais tristes que eu já vi no cinema. O
elenco coadjuvante está bem, mas passa despercebido.

O filme mostra o vício em drogas como uma
das coisas mais fatais do mundo. As pessoas fazem coisas inacreditáveis – e que
nunca fariam em outras situações – para conseguir as drogas.

A maioria da projeção é agoniante, por
exemplo, as cenas em que Sara
começa a ver as coisas diferentes do que são vão ao extremo disso – não por ser
assustador, como alguns podem achar, mas pela situação em que a personagem se
encontra. Mas o maior exemplo, que não é mais agoniante, mas desesperador, é a
montagem perto do final que intercala o que está acontecendo com Sara, Harry e
Marion. Isso é algo que tira o fôlego de qualquer pessoa.

Tecnicamente, o filme é impecável. A
edição frenética ajuda muito a entender como fica a mente de quem consome a
droga, a fotografia e a direção de arte trabalham juntas ao decorrer do filme
ao longo das estações e a trilha sonora é brilhante, uma das mais cultuadas
hoje em dia. 

Réquiem
Para Um Sonho
é um filme
absolutamente perfeito. Tem excelentes aspectos técnicos, uma direção brilhante
e atuações boas – com exceção a de Ellen Burstyn, que está vários passos acima
das atuações de seus companheiros de elenco. Se você nunca assistiu ao filme,
corra, por que você não sabe o que está perdendo – mas se prepare, pois você
provavelmente vai ficar deprê por algumas horas após o término da produção.

 



Título Original: Requiem For A Dream

 Direção: Darren Aronofsky




Sinopse: Uma visão frenética, perturbada e única sobre pessoas que vivem em desespero e ao mesmo tempo cheio de sonhos. Harry Goldfarb e Marion Silver formam um casal apaixonado, que tem como sonho montar um pequeno negócio e viverem felizes para sempre. Porém, ambos são viciados em heroína, o que faz com que repetidamente Harry penhore a televisão de sua mãe, para conseguir dinheiro. Já Sara, mãe de Harry, viciada em assistir programas de TV. Até que um dia recebe um convite para participar do seu show favorito, o Tappy Tibbons Show, que é transmitido para todo o país. Para poder vestir seu vestido predileto, Sara começa a tomar pílulas de emagrecimento, receitadas por seu médico. Só que, aos poucos, Sara começa a tomar cada vez mais pílulas até se tornar uma viciada neste medicamento.

Elenco: Jared Leto, Ellen Burstyn, Jennifer Connely, Marlon Wayans, Christopher McDonald, Louise Lasser, Sean Gullete, Peter Maloney, Mark Margolis, Jack O’Connell




                                              Trailer:

E você, já assistiu ao filme? O que achou? Deixe seu comentário:

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