Primeiras impressões: Fargo – 3ª temporada (de Noah Hawley, 2017)


Há pouco mais de um mês, estreou a terceira temporada de Fargo. Série exibida pelo FX desde 2014, Fargo foi criada e escrita por Noah Hawley, showrunner também de Legion, outro seriado de êxito na atualidade. Devemos guardar o nome desse produtor, pois, como se não bastasse estar à frente desses dois grandes sucessos, também está envolvido em outros projetos que prometem, como sua estreia no cinema com o filme de ficção científica Man Alive e um outro longa-metragem, baseado em seu livro, Pale Dot Blue, que contará com produção de Reese Witherspoon.


Mas voltemos, por ora, à Fargo. Com duas temporadas de extrema qualidade, a série certamente deixou os fãs com uma expectativa imensa para a estreia da terceira temporada, principalmente quando soubemos que o elenco contaria com a presença do talentoso Ewan McGregor. No entanto, já agora com seis episódios lançados, acredito que Fargo não atendeu às nossas expectativas, apesar de continuar sendo uma das melhores séries da atualidade.


O enredo conta a história dos irmãos Emmit e Ray Stussy, ambos encarnados tão brilhantemente por Ewan McGregor que, de fato, pensamos ser dois atores diferentes. Os Stussy têm uma rixa de anos, marcadamente encabeçada por Ray, que se sente inferior ao irmão, um empresário de sucesso amado por todos, enquanto ele é apenas um agente da condicional, considerado um loser por muitos. Enquanto Emmit tem uma família bem-estruturada, Ray namora a ex-presidiária Nikki Swango (Mary Elizabeth Winstead), uma mulher cheia de artimanhas, malícia e ambições, sendo manipulado quase o tempo todo por ela. 



A história começa a se complicar quando Ray manda um de seus supervisionados em liberdade condicional assaltar a casa de Emmit, mas o ladrão acaba na moradia errada de um homem com o mesmo nome e sobrenome do irmão de Ray. O assalto termina em homicídio, envolvendo a policial Gloria Burgle (Carrie Coon), enteada do homem assassinado, a qual começa a investigar o caso. Concomitantemente, surge na vida de Emmit o agiota V. M. Vargas (David Thewlis), personagem sinistro e cruel envolvido em uma série de tramóias financeiras e crimes.

 


 
Fargo, assim, continua com o mesmo estilo das temporadas anteriores: uma reunião de acasos e acontecimentos acidentais, em que um personagem fraco e manipulável acaba sendo levado a cometer crimes, uma policial forte defende a lei, o mocinho não é tão bom moço e os vilões são extremamente carismáticos, inteligentes e cheios de frases de impacto. Entretanto, esta terceira temporada apresenta um ritmo muito lento, em que quase nada acontece, e o personagem que deveríamos amar, ou seja, Emmit, é tão pacato e sem graça que chega a ser chato, assim como Gloria. Ray também pouco agrada, restando aos ótimos vilões carregarem a série nas costas, o que não dá certo. Nesse sentido, apesar de contar com um elenco fantástico, a série não caminha bem.

A terceira temporada de Fargo também apresenta alguns problemas de roteiro, com alguns acontecimentos que parecem estar ali só para preencher o tempo da exibição, e não acrescentar, de fato, algo à narrativa. Diferentemente das temporadas anteriores, em que quase todos os episódios terminavam com um cliffhanger, deixando o público ansioso para a continuação, a terceira pouco tem reviravoltas e surpresas e gasta tempo demais desenvolvendo sub-tramas que pouco interessam.


Alguns elementos de qualidade, porém, continuam firmes. É o caso das ironias e do humor negro e das belas fotografia e trilha sonora. Fargo também continua prezando pela originalidade e pela sutileza, o que podemos notar em um episódio em que os personagens são introduzidos a partir do som de um instrumento específico de uma orquestra.

Bom, agora devemos esperar pelo fim da temporada para analisá-la como um todo.

Título original: Fargo

Direção: Noah Hawley

Elenco:
Ewan McGregor, Mary Elizabeth Winstead, Carrie Coon, David Thewlis

Sinopse: A terceira temporada de Fargo é centrada em Emmit e seu irmão ligeiramente mais novo, Ray Stussy (McGregor). Emmit, o Rei do Estacionamento de Minnesotta, se enxerga como uma história americana de sucesso, enquanto Ray é mais um tipo cauteloso. Eternamente vivendo sob a sombra do sucesso do irmão, Ray é um agente de condicional “gordinho e careca”, que se sente inferior – e culpa o irmão por isso. A rivalidade fraterna acompanha um caminho distorcido que começa com um simples roubo mas logo isso evolui para um assassinato, máfia e muita competitividade no Bridge.

Trailer 

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