Crítica: Sense8 – 2ª Temporada (2017, Lana Wachowski)

Finalmente o mistério acabou e a 2ª temporada foi liberada para o público após uma longa espera para os fãs. Perguntas que surgiram na primeira temporada foram respondidas, porém de um jeito um pouco atropelado, acredito que agora as pessoas vão explicar melhor o que é um sensate invés de brincar e dizer que eles tem um bluetooth no cérebro. Brincadeiras à parte, a trama evoluiu consideravelmente em comparação a primeira. Os personagens se tornaram mais maduros, assim como as escolhas e os problemas enfrentados por cada um ou como um grupo em si. Diversidade, aceitação e corrupção foram os panos de fundo esse ano. Vem conferir e fique atento, contém spoilers!!!



Tenho a impressão que a série ficou quase que estereotipada pelo simples fato de não ter pudor. Nus frontais, sexo em grupo e liberdade parecem ser tabus mais do que enraizados na sociedade e a simples menção deles tornou a série o que é. Coragem foi um tema primordial esse ano, do qual a direção em si teve muito no ano de estreia, trazendo a tona assuntos que muitas pessoas insistem em fingir que não existe. Pobreza, desigualdade, preconceito, a luta das mulheres em ser simplesmente mulher, sem que a cultura ou os maridos as oprimam. Vimos muito disso na China e na Índia, em várias cenas fica explícito o controle dos maridos e da sociedade em querer dominá-las, causando diversos problemas caso você não pense da mesma forma. E isso é só um pouco do que dá para perceber. Não estou dizendo que a série é perfeita, porém é sim necessário tocar nas feridas e tentar abrir mentes e olhos ao seu redor.



Voltando a história… 
Temos oito pessoas ligadas desde o nascimento que são Will (Brian J. Smith), Riley (Tuppence Middleton), Lito (Miguel Ángel Silvestre), Kala (Tina Desai), Wolfgang (Max Riemelt), Sun (Doona Bae), Nomi (Jamie Clayton) e Capheus (Toby Onwumere), cada qual vivendo em uma parte do mundo, onde seria impossível eles se conhecerem, sozinhos eles não parecem grande coisa, mas juntos, são invencíveis. Isso você já deve estar ciente, o fato é que eles não são os únicos! Saindo um pouco da relação entre os personagens, podemos ver mais a questão da ciência como explicação, explorando como surgiram os sensates, aqui chamados de ”homo sensorial” e o porque a companhia Biologic Preservation Organization (BPO) quer tanto eles.


Na temporada passada, Will ficou cara a cara com Milton (Terrence Mann), mais conhecido como Sussurros, e agora a relação deles evolui bastante. Temos diálogos longos e uma tensão enorme cada vez que eles ”se encontram”. Nunca sabemos ao certo o que pode acontecer. E como eu disse antes, à muitos sensates espalhados pelo mundo, conhecemos alguns, dos quais renderam boas cenas de ação, entretanto não dá para gostar de todos, Lila é primeira a ser apresentada e, diga-se de passagem, não dava para confiar. Logo descobrimos que ela está livre, assim como seu grupo, porque fizeram um acordo com a BPO e fica claro que, ou você está com eles ou está contra eles…



A BPO, a muitos anos atrás, na sua formação, tinha a intenção de ajudar os sensorius, mas com o passar do tempo, a corrupção se instalou e aqueles que deveriam ajudar, se tornaram o inimigo. Angelica, Jonas, dentre outros, foram corrompidos e graças a essa ajuda, muitos morreram e outros estão em grave perigo. Will consegue mudar o jogo e se encontrar com um figurão da empresa, mas logo percebe que há gente muito poderosa envolvida e que, a finalidade das experiências é usar o poder cognitivo dos sensates em pessoas ”normais”, para que elas as controlem, transformando-os em uma arma.




E é justamente nessas explicações que a série falha um pouco, pois fica tudo muito atropelado. A parte científica, a descoberta de novos sensates, a real motivação da BPO. Muita informação para processar em poucos episódios, tendo em vista que acontece muita coisa nesse meio tempo. Porém é uma falha pequena comparada com a qualidade do todo. Sense8 tem uma profunda eloquência quando se trata de assuntos humanos, podemos perceber isso perfeitamente no discurso libertador de Lito na parada gay e de Nomi no casamento da irmã, porém, quando o assunto é interligar esses problemas com a ficção, eles se perdem. Cenas de luta, perseguição e multidões são tão bem dirigidas que você não se perde em nenhum momento, consegue acompanhar todos os passos. Porém, mesmo quando temos oito pessoas como personagens principais, fica difícil dar atenção a todos e, na trama, Will acabou tendo mais visibilidade do que a Riley, que aparentemente está sempre em segundo plano, cuidando dele. Poucas foram as vezes que ela estava em primeiro plano. As duplas são uma ótima forma de interligar as situações. 



Apesar de Capheus ter ganho mais espaço, ele ainda fica para trás comparado aos outros. Outra coisa em que a direção acerta e muito, é na fotografia. Tenho a impressão (e talvez seja apenas isso) de que a maneira que eles passam determinada cena, expondo o pôr do sol ou apresentando um determinado lugar, eles querem no fundo vejamos o mesmo que os personagens veem pela primeira vez. Toda a grandeza da natureza no seu resplendor. Senti isso na única cena que mostra a Escócia, quando Riley olha ao redor e se sente em casa. Por falar em lutas, a cena entre Wolfgang e Lila no restaurante foi ótima, afinal, tivemos uma luta entre grupos sensates. Sun teve mais cenas importantes esse ano e, finalmente, tiraram aquele macacão azul horrível dela e agora, ela tenta limpar seu nome e prender o estorvo que ela chama de irmão. Inclusive as participações especiais foram muito boas e deram mais espaço em cena para os coadjuvantes, sem forçar ou sair do rumo da história, entre eles Daniela (Eréndira Ibarra) e Amanita (Freema Agyeman) brilham em seus arcos como sempre e até o parceiro de Will, Diego (Ness Bautista) volta em importantes cenas. Mas o principal destaque é Bug (Michael X. Sommers) que sempre aparece para dar um alivio cômico nas cenas tensas. A cena da parada gay em São Paulo, apesar de curta, foi muito bem feita e diria que foi muito importante ela ser lembrada e mostrada, tamanha a visibilidade que a série tem. Por fim, temos um gostinho do porque a empresa tem tanto medo dos sensates, afinal, com apenas oito pessoas, eles deram início a uma guerra.



Direção: Lana Wachowski

Elenco: Bae Donna, Brian J. Smith, Jamie Clayton, Max Riemelt, Miguel Ángel Silvestre, Tina Desai, Toby Onwumere, Tuppence Middleton, Alfonso Herrera, Eréndira Ibarra, Freema Agyeman, Terrence Mann.    



Sinopse: A série foca em oito personagens espalhados pelo mundo que se ligam mentalmente e emocionalmente após uma morte trágica. Eles podem não só conversar entre si como ter acessos aos mais profundos segredos de cada um. Juntos eles precisam não apenas entender o que aconteceu e o porquê, como também fugir de uma organização que está atrás deles para capturá-los e estudá-los.




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