Crítica: The Void (2016, de Jeremy Gillespie e Steven Kostanski)



O gênero terror atualmente está passando por uma repaginação, em que os sustos (os famosos jumpscares) estão dando lugar ao enfoque no psicológico das personagens. O divisor de águas neste sentido talvez seja A Bruxa (2015), filme que dividiu a opinião do público e tornou-se um “ame-o ou deixe-o”. Seguindo a mesma linha, embora não tenha chamado a mesma atenção do público por aqui, tivemos Corrente do Mal (2014) e, mais recentemente, The Void (2016), o qual conseguiu se destacar no cenário internacional, com boas críticas. Seja como for, independentemente de quem gostou ou não, a verdade é que o gênero já está mais do que saturado; já vimos mais do que o suficiente de serial killers, possessões demoníacas, fantasmas, monstros e por aí vai. Por isso, propostas como as citadas anteriormente são válidas enquanto tentativas de se recriar este gênero, que é um dos preferidos, tanto do público quanto das produtoras.




The Void começa muito bem, com uma cena de perseguição à noite numa casa abandonada, a qual termina numa execução e numa fuga, o que já anima o espectador para o que parece ser uma história interessante. A partir daí, todo o desenrolar do filme acontece num hospital, para onde o fugitivo da execução é levado. Coisas estranhas começam a acontecer, quando pacientes e funcionários são atacados por alguma coisa desconhecida. Enquanto isso, do lado de fora, figuras encapuzadas cercam o hospital, deixando claro que não irão permitir que ninguém saia vivo de lá.





Dos mesmos produtores executivos de A Bruxa, The Void mantém o mesmo estilo, ou seja: é um filme de ritmo um pouco mais lento, com um mistério que só é desvendado no 2º para o 3º atos, e praticamente sem sustos. Por outro lado, enquanto em A Bruxa é trabalhado mais o psicológico das personagens, em The Void não demora muito “para acontecer alguma coisa”, digamos assim, pois mortes vão acontecendo o tempo todo, cada qual de uma maneira mais bizarra que a outra, com um pouco mais de ação e dinamismo.



O filme também faz referências a outros de temática parecida, como O Nevoeiro (2007), principalmente na questão do enclausuramento das personagens, e Alien (1979), no tocante ao aspecto das criaturas parasitas, semelhante aos alienígenas, e também às alusões a outras dimensões, além de ter uma estética inspirada nos anos 1980 e nas obras de H. P. Lovecraft. Com toda essa bagagem cultural, a equipe de The Void certamente buscou agradar aos fãs dessas obras e do estilo, e talvez nesse sentido tenha tido sucesso, mas um filme pode (e deve) ser capaz de  referenciar outros e andar com as suas próprias pernas, o que não acontece com The Void.




Com isso quero dizer que, ainda que um espectador não tenha visto as obras referenciadas em The Void, o filme deveria funcionar para ele também, além das referências. Para isso, ele teria que ter um roteiro consistente, o qual, ainda que não se explicasse, pelo menos criasse uma narrativa coesa, com personagens interessantes para o público, que despertassem alguma coisa no espectador (como acontece em O Nevoeiro, por exemplo). Em The Void, o roteiro é fraco, com uma narrativa confusa, que não faz o menor sentido, e personagens totalmente apáticos, principalmente o “vilão”, que surge do nada e com um motivo, no mínimo, preguiçoso. Além disso, nem todas as peças do mistério se encaixam, ou seja, além de tudo o roteiro ainda tem muitos furos e pontas soltas.





Por fim, The Void funciona como uma boa tentativa de se reestruturar o terror, e referencia com excelência algumas das maiores obras do gênero, mas poderia ter trabalhado mais no roteiro, principalmente no desenvolvimento de personagens e na própria história. O 1º ato é bom, desperta o interesse, e o 2º também começa bem; peças são apresentadas para aumentar o mistério, mas a partir daí o filme desanda a ponto de perder totalmente o interesse despertado no início. O elenco é bom, apesar de relativamente desconhecido, assim como a direção, assinada pelos ainda pouco experientes Jeremy Gillespie e Steven Kostanski.




Título Original: The Void


Direção: Jeremy Gillespie e Steven Kostanski


Elenco: Art Hindle, Aaron Poole, Amy Groening, Daniel Fathers, Ellen Wong.


Sinopse: Quando uma horda de criaturas parasitas mutante ameaça violar um hospital isolado, um policial solitário e um grupo de funcionários do hospital se reúnem para fortalecer por dentro seus muros. Mas enquanto eles se preparam para a luta de suas vidas, eles vão descobrir que o verdadeiro terror já está dentro.


Trailer:

E você, já viu o filme? O que achou? Deixe seu comentário! 🙂

Deixe uma resposta