Crítica: Legion – 1ª Temporada (Noah Hawley, 2017)


Vendo o trailer dessa primeira temporada, não me senti motivado a assistir o piloto, mas é uma série de heróis diferente (o protagonista tem poderes mentais), então fui ver no que dava. E quem diria, foi uma grata surpresa, me guiando a uma obra de arte que sem dúvidas é incrível, genial, e até agora a melhor de 2017. Criada por Noah Hawley (série Fargo), Legion é baseada no personagem da Marvel, David Haller, apresentado nas HQ’s dos X-men de 1985.


David Haller (Dan Stevens) é um mutante (filho do professor Xavier), que ao ser diagnosticado com esquizofrenia é internado em um hospital psiquiátrico. Mas com a chegada de uma nova paciente: Syd Barret (Rachel Keller), as coisas mudam, e David tem um real encontro com seus poderes. 



É uma série lenta, – mas não arrastada – que isso fique claro. Como anteriormente citado: “é uma série de heróis diferente”, aqui não há foco ou sequer motivo para cenas de demonstração viscerais de poder ou lutas. O que põe todo o peso da série em três pilares: roteiro, direção e atuações. E não se preocupe, o peso é muito bem dividido. O roteiro é espetacular, tanto constrói como desenvolve cada núcleo muito bem. Deixando sempre exposto o que é preciso para assistir a série, mas nem sempre entender. E essa falta de explicação leva a uma complexidade de história, que nos faz pensar, como ao mesmo tempo aplaudir – mesmo não entendendo nada.

Na direção tudo é bem feito, os enquadramentos perfeccionistas, impecáveis abusos de foco na câmera, nas cenas mais rápidas o uso da “câmera de mão” e não cortes (isso trás uma imersão inigualável). Mas, o que não se pode negar é a absurda estilização da série, e isso é algo que fascina nos detalhes. Como por exemplo:

       



 – O uso de tarjas pretas (usadas no cinema) quando se vai mostrar cenas fora da realidade principal do episódio, da trama ou até mesmo flashbacks:



 – Cenas mudas ou em preto e branco (ou os dois na mesma cena):



 – Abusos de luzes, cenas montadas uma sobre a outra, e até mesmo apelações visuais extremamente coloridas:


– Uma fotografia e direção de arte linear, presente em toda série. Abusando de cores, tons, paletas avulsas que deixam vivas as imagens em tela – mesmo tendo uma saturação constante: 

Além disso, percebemos que se a câmera focar o personagem a esquerda, tudo fica na mesma paleta. Se focar o da direita, também (basta ver o plano de fundo de cada uma).

Visualmente, a série é belíssima. Legion realmente inova e traz, outra realidade desse mundo trivial de séries que vemos por aí.


O
protagonista feito por Dan Stevens (A
Bela e a Fera
) tem um personagem complexo, que precisa de uma boa atuação
para guiar o tempo em tela recebido, e Dan cumpre esse papel. Expõe toda
confusão pertencente ao seu personagem em momentos que são realmente memoráveis
(foco na cena da lousa do episódio 7). Aubrey Plaza (da série Parks and Recreation) tem uma atuação
perfeita, mostra o real significado da palavra insanidade, usa o sarcasmo do
roteiro de uma maneira ambígua e obscura, passando toda sensação proposta ao
espectador (talvez a veremos em alguma indicação a melhor atriz coadjuvante).
Por fim, destaque a Rachel Keller (da série Fargo), que com um simples olhar ou sorriso expõe todo sentimento
em cena, uma personagem até simples, mas que graças à atriz, ganha personalidade.


E o que
falar da trilha sonora? Simplesmente incrível. Seja pelas músicas criadas por
Jeff Russo (da série Fargo) ou por The Who, The Rolling Stones,
Pink Floyd, Johnny Woodson, Thomas Dolby,
Talking Heads, Radiohead, The Scene entre
outros. Sim, meus amigos, a trilha sonora é excepcional.

Por fim,
Legion é uma obra fascinante, e das atuais,
com certeza uma das melhores do mundo da 8ª arte (TV). Que traz referências e
agrada ao público de diversas outras artes também, seja pelas músicas, citações
ao cinema antigo, cores, arquitetura, roteiro, cinematografia, enfim, por toda
a obra. Desse mundo em que está ficando cada vez mais popular as séries de
heróis, não me arrisco, mas tenho certeza, que
Legion é a melhor. Recomendável a todos, menos aos que tem repúdios
por começos lentos. ASSISTAM!

Criador: Noah Hawley

Elenco: Dan Stevens, Aubrey Plaza, Racel Keller, Jean Smart, Katie Aselton, Bill Irwin, Amber Midthunder, Jeremie Harris

Sinopse: David Haller (Dan Stevens) é um rapaz diagnosticado com esquizofrenia que passou os últimos cinco anos de sua vida em um hospital. Institucionalizado mais uma vez, David se perde na rotina estruturada da vida no hospital, e passa todo o seu tempo em silêncio junto à amiga Lenny (Aubrey Plaza), uma paciente cujo vício em drogas e álcool não diminuiu em nada seu otimismo. Mas a vida de David muda com a chegada de uma nova paciente: Syd Barrett (Rachel Keller). Atraídos um pelo outro, David e Syd compartilham um encontro surpreendente, depois do qual David enfrenta a possibilidade de as vozes que ele ouve não sejam exatamente produtos de sua imaginação.


Trailer:

Deixe uma resposta