Crítica: Fome de Poder (2017, John Lee Hancock)

O McDonald’s é a maior cadeia mundial de restaurantes de fast-food de hambúrguer, servindo cerca de 68 milhões de clientes por dia em 119 países através de 35 mil pontos de venda. A empresa revolucionou a forma de servir comida e atender os clientes e em 1955 Ray Kroc (Michael Keaton) fundou a empresa e a expansão começou de forma acelerada. Bom, só que não foi exatamente assim. Quer saber a história da criação da maior empresa do mundo? Vem ler a matéria e fique por dentro dessa interessante história. 



Raymond Kroc (Michael Keaton) é um vendedor que viaja muito de restaurante em restaurante para tentar sobreviver. A partir dessas viagens, conhecemos um homem profundamente frustrado mas com uma lábia afiada, que aparenta estar perdendo tempo com aquele serviço. Conhecemos também como era a base dos restaurantes nos anos 50. Todos em seus carros, com mulheres em ”patins” vindo te atender e uma demora tremenda entre as entregas de pedidos, isso quando ele vinha corretamente. Até que um belo dia Ray recebe um pedido enorme para um mesmo restaurante e, ao chegar é surpreendido por todos os lados. Primeiro pelo tipo de pessoa que o restaurante atrai, que no caso são famílias e não adolescentes e pessoas de índole questionável. O lugar é limpo, o atendimento é rápido, um lugar onde você vai até a comida e não o contrário.

Após conhecer os donos Mac (John Carroll Lynch) e Dick McDonald (Nick Offerman) algo ascende dentro dele. É como se ele estivesse esperando por aquela oportunidade toda a sua vida e insacavelmente começa a lutar por ela, até que finalmente consegue ser associado aos irmãos, começando assim uma franquia. A partir daqui, podemos assistir duas linhas de raciocínio: a perspectiva de Ray de tornar aquele pequeno negócio em um símbolo cultural e dos irmãos, que sempre quiseram manter o restaurante mais para eles, como a realização de um sonho e um lugar para se orgulhar. Pequeno, pacato e familiar. Duas linhas de pensamento que não se batem. A princípio Ray tem dificuldade para lidar com as franquias, porque, tudo tem que ser idêntico ao original: a qualidade, o cardápio, o atendimento. Ele percebe que os empresários não se importam muito com o nível do restaurante, desde que ele seja rentável, é aí que ele entende que o problema está nas pessoas. Decide então vender as franquias para pessoas simples, que tem vontade e realmente precisam daquilo. De uma hora para outra as franquias começam a crescer como nunca visto e nunca esperado pelos irmãos, que ficam receosos com as mudanças, mas que também nunca fizeram muito para brecá-las. 



  

O comodismo dos irmãos é visto como algo impensável por Ray. Como alguém tem uma ideia dessas e se contenta em viver com tão pouco e ter apenas um restaurante? Alguém como ele nunca se contentaria com tão pouco. O filme passa uma imagem de empreendedorismo muito grande pelo ponto de vista do Ray. Alguém visionário e determinado a fazer aquilo dar certo sem hesitar, passando por cima de quem for preciso. Sem se importar se o negócio é dele ou não, porque, ao seu ver, é dele! Ele faz tudo, ele faz as franquias, ele fiscaliza. Mas no fundo ele é cínico e com uma ética maleável, porém o filme e a direção fazem de tudo para mostrar o quão inteligente ele é. O quão carismático ele pode ser. Colocando músicas animadas quando ele consegue um novo projeto ou ganha algo que ele queria muito e por outro lado, ele deixa sua mulher infeliz e passa literalmente a perna nos reais donos. Tudo no filme é feito para transformar Ray em um herói. Mas na verdade tudo o que ele faz é para o seu bem, tornando as conquistas suas e não da empresa em si. Foca no seu individualismo. As cores do filme são claras e quentes e o ritmo lento da história são como um pano de fundo agradável para toda aquela sujeira que vai nos envolvendo.





No final, ele não se contenta mais com sua esposa (Laura Dern) então
encontra uma nova, não se contenta mais em ser subordinado e não se
contenta em ter pouco lucro, quando isso acontece encontra uma
alternativa imobiliária para ganhar mais. Quando as lojas estão gastando
demais em energia, encontra uma forma de contornar o problema. O
roteiro é basicamente focado no seu trabalho, em como os problemas
surgem e como ele lida com eles. A uma linha tênue entre a legalidade e a
ilegalidade das suas ações, entretanto a ”meritocracia” dele é vista
como algo sensacional. Trabalhei, tomei para mim a empresa, é meu. E
tudo bem. Fome de Poder tem um personagem tão cínico afundado em tanta
hipocrisia que seus lucros, seu sucesso e sua história começam de forma
totalmente ilegal, mas tudo bem! Ele venceu. Não tem em todo filme uma
única crítica sobre isso. Todos os envolvidos com Ray aceitam isso de
bom grado. Não importa mostrar o lado humano dos envolvidos, não importa
se suas escolhas foram questionáveis, não importa que no fim, os irmãos
McDonald perderam tudo, o que realmente importa é mostrar o poder de um
nome, uma marca, um homem! O ”herói” americano. Por fim, todos batem
palmas para a canalhice, a ganância e a visão de um homem que conseguiu
sucesso com a ideia dos outros – não é o primeiro e nem será o último – e
isso é o suficiente para o roteiro.






Título Original: The Founder


Direção: John Lee Hancock


Elenco: Michael Keaton, Laura Dern, John Carroll Lynch, Nick Offerman, Linda Cardellini, Patrick
Wilson, B. J. Novak, Griff Furst



Sinopse: A história da ascensão do McDonald’s. Após receber uma demanda sem precedentes e notar uma movimentação de consumidores fora do normal, o vendedor de Illinois Ray Kroc (Michael Keaton) adquire uma participação nos negócios da lanchonete dos irmãos Richard e Maurice “Mac” McDonald no sul da Califórnia e, pouco a pouco eliminando os dois da rede, transforma a marca em um gigantesco império alimentício.


Trailer:



Gostou? Comente. Compartilhe! ;D

Deixe uma resposta