Muita gente reclama e revira o olho quando falamos
sobre o cinema brasileiro, à um certo padrão em todos em dar mais crédito a
super produções internacionais do que gastar nosso rico dinheirinho para ver
filmes brasileiros. É claro que nem todos são bons mas hà muitos filmes em
Hollywood igualmente questionáveis. O cinema é uma arte de expressão que
encanta e emociona em qualquer lugar. Hoje falaremos um pouco sobre o começo do
cinema brasileiro e seus filmes, ótimos filmes por sinal, que foram produzidos.
Então desvire o olho para poder ler melhor.
contadas nos filmes que surgem de vertendes geralmente baseados na imitação,
no cotidiano e até mesmo parodiando as peculiaridades do povo brasileiro, dando
originalidade as obras, pois nos vemos ali. Vemos o que somos, coisas que
fazemos que muitas vezes passa desapercebido e em outras vezes o que poderíamos
ser.
Em 1896, apenas sete meses depois da histórica exibição dos filmes dos irmãos Lumière em Paris, realiza-se no Rio de Janeiro a primeira sessão de cinema no Brasil. Em 1898, Afonso Segreto roda o primeiro filme brasileiro: algumas cenas da baía de Guanabara. Em 1908 são realizados no Brasil os primeiros filmes de ficção, uma série considerável com mais de trinta pequenos filmes. A maioria baseada em trechos de óperas, criando a moda do cinema falante ou cantante com intérpretes atrás da tela.
Outra vertente que prosseguiu com sucesso no cinema mudo brasileiro foi o gênero policial. Em 1908 foram produzidos O Crime da Mala e A Mala Sinistra, ambos com duas versões neste mesmo ano e ainda Os Estranguladores.
Filme: O Crime da Mala, de 1928 |
O Crime da Mala II, produzido pela empresa F. Serrador, reconstituía o assassinato de Elias Farhat por Miguel Traad, que esquartejou a vítima e tomou um navio com a intenção de jogar o cadáver ao mar, mas acabou preso. O filme apresenta cenas documentais do julgamento de Traad acrescidas de registros autênticos dos locais do crime. A união de imagens encenadas com cenas documentais demonstra um impulso criativo incomum, representando os primeiros vôos formais criativos da história do cinema no Brasil.
Somente na década de 40 a Cinédia conseguiu importar equipamentos mais avançados, possibilitando a mixagem, a mistura de som e voz com dois canais de gravação. Isto se deu com Pureza, de Chianca de Garcia.
Filme: Pureza, de 1940. Recebeu o prêmio de Melhor Filme Nacional de 1941. |
– CENTRAL DO BRASIL, 1998.
Direção: Walter Salles.
Para vocês terem uma ideia de sua importância, em 2015, ele entrou na lista feita pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine) dos 100 melhores filmes brasileiros de todos os tempos. O filme é um drama, triste, mas realista. Bem realista, mostrando a realidade de milhões de pessoas que migram em busca de uma vida melhor e mais digna. Dora (Fernanda Montenegro) é uma mulher que trabalha na estação Central do Brasil escrevendo cartas para pessoas analfabetas; uma de suas clientes, Ana aparece com o filho Josué (Vinícius de Oliveira) pedindo que escrevesse uma carta para o seu marido dizendo que Josué quer visitá-lo um dia. Saindo da estação, Ana morre atropelada por um ônibus e Josué, de apenas 9 anos e sem ter para onde ir, se vê forçado a morar na estação. Com pena do garoto, Dora decide ajudá-lo e levá-lo até seu pai que mora no sertão nordestino. No meio desta viagem pelo Brasil eles encontram obstáculos e descobertas enquanto o filme revela como é a vida de pessoas que migram pelo país na tentativa de conseguir melhor qualidade de vida ou poder reaver seus parentes deixados para trás.
– BICHO DE SETE CABEÇAS, 2000.
Direção: Laís Bodanzky.
Mais um drama, baseado no livro autobiográfico de Austregésilo Carraro Bueno, Canto dos Malditos. Um filme de extrema importância social, já que mostra de maneira dura, cruel e fria o interior das instituições psiquiátricas brasileiras, tocou em muitas feridas e mudou a forma como víamos ou pensávamos que sabíamos como eram essas instituições. Esse filme desperta uma sensação de errado do começo ao fim, nada nele parece certo, porque nada está certo. Uma viagem ao inferno manicomial. Esta é a odisséia vivida por Neto (Rodrigo Santoro) um adolescente de classe média, que leva uma vida normal até o dia em que o pai (Othon Bastos) o interna em um manicômio depois de encontrar um baseado no bolso de seu casaco. O cigarro de maconha é apenas a gota d’água que deflagra a tragédia da família. Neto é um adolescente em busca de emoções e liberdade, que tem suas pequenas rebeldias incompreendidas pelo pai. A falta de entendimento entre os dois leva ao emudecimento na relação dentro de casa e o medo de perder o controle do filho vira o amor do avesso. Internado no manicômio, Neto conhece uma realidade completamente absurda, desumana, em que as pessoas são devoradas por um sistema manicomial corrupto e cruel. A linguagem de documentário utilizada pela diretora empresta ao filme uma forte sensação de realidade, que aumenta ainda mais o impacto das emoções vividas por Neto. Também entrou na lista feita pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine) dos 100 melhores filmes brasileiros de todos os tempos.
– CARANDIRU, 2003.
Direção: Héctor Babenco.
– CIDADE DE DEUS, 2002.
Direção: Fernando Meirelles, Kátia Lund.
O drama nos apresenta o Brasil visto através do mundo da favela. Buscapé (Alexandre Rodrigues), jovem negro, fotógrafo do Jornal do Brasil, morador da favela Cidade de Deus, narra a evolução desta favela do Rio de Janeiro, através da trajetória de Dadinho, depois Zé Pequeno (Leandro Firmino) e seus comparsas. Das origens na década de 1960, com o surgimento da primeira gang de assaltantes, até primórdios dos anos de 1980, onde o grande negócio é boca de fumo e narcotráfico, acompanhamos o desenvolvimento da marginália da favela Cidade de Deus. O filme apresenta a vida nas favelas como de fato ela é, a violência, as fortes cenas de criminalidade, uma verdadeira guerra cívil onde crianças se sentem orgulhosas em cometer crimes, podemos observar isso no personagem de Zé Pequeno, que desde criança apresenta uma personalidade cruel. Uma dura realidade social brasileira.
– O AUTO DA COMPADECIDA, 2000.
Direção: Guel Arraes.
Como não amar João Grilo e Chicó, interpretados magistralmente por Mateus Narthegale e Selton Mello. O Auto da Compadecida é um reprodução de uma peça teatral de Ariano Suassuna. O filme mostra a vida dos personagens simples em uma cidade pacata do sertão, diferente de outros enredos que buscam a infelicidade e a dificuldade por estar nesses ambientes, o filme traz a esperteza daqueles que, muitas vezes, menosprezamos. Esse fato vem retratado na imagem de João Grilo, que é um indivíduo aparentemente ingênuo e burro, entretanto, se mostra um homem totalmente provido de inteligência quando é preciso para levar proveito em alguma situação. E seu companheiro de estrada, Chicó, que, apesar de ser um homem ingênuo, de pouca coragem e também aparentando ser desprovido de inteligência, quando se enrola nas armadas de João Grilo, se mostra uma pessoa com um alto grau de esperteza, inteligência e improviso, para se safar dos problemas enfrentados. Pobreza, adultério, corrupção e religiosidades são apresentados de forma segura e eficaz no enredo, engraçado em alguns pontos e sérios em outros. Vale muito a pena, de longe, é o meu filme preferido.
– TROPA DE ELITE, 2010.
Direção: José Padilha.
Sua história gira em torno de Clara (Braga), uma viúva de 65 anos que é a última moradora do edifício que dá título à obra, na orla da praia de Boa Viagem, no Recife. No decorrer do filme, acompanhamos o dia a dia da protagonista, sua relação com seus amigos e familiares, e a investida de uma construtora que pretende comprar o prédio a todo custo, visando erguer um mais moderno no local. Assim, o longa-metragem aborda temas como especulação imobiliária, passagem do tempo e memórias, e discute as ideias pré-concebidas sobre a vida e sexualidade de uma mulher na terceira idade.
DOCUMENTÁRIO: – LIXO EXTRAORDINÁRIO, 2011.
Direção: Lucy Walker, João Jardim.
O documentário concorreu ao Oscar em 2011 e mostra um projeto do artista plástico Vik Muniz no maior aterro sanitário do mundo, Gramacho, no Rio de Janeiro. O filme conta como foi a experiência do artista Vik Muniz ao fazer arte com lixo e transformar a vida de um grupo de catadores. Mostra a vida difícil de pessoas que vivem literalmente no lixo e que dependem dele para a sobrevivência. O artista, que nasceu na classe média baixa paulistana e hoje é um dos maiores expoentes das artes visuais no mundo. Chama a atenção simultaneamente para o problemas ambiental do lixo e social das condições de trabalho dos catadores de Gramacho.
DOCUMENTÁRIO: – ÔNIBUS 174, 2002.
Direção: José Padilha.
O sequestro aconteceu no Rio de Janeiro e foi filmado durante quatro horas, ao vivo, para todo o Brasil. As imagens inclusive foram mostradas no documentário, entretanto o filme não aborda apenas o ocorrido no dia, mas volta anos no passado do rapaz que atualmente é o bandido. Ainda uma criança, vivendo na miséria, conhecemos Sandro, uma criança que sobreviveu a Chacina da Candelária. Vimos então a vítima se tornar vilão e o vilão se tornar vítima. Faz muito bem o seu papel esse documentário, que é nos fazer refletir.
Poderia citar tantos outros filmes muito bons, mas infelizmente a matéria ficaria extensa ao extremo, então se vocês tiverem vontade de ver outros filmes eu sugeriria Olga, uma história real sobre uma militante alemã que se apaixona por um comunista brasileiro. Cazuza, que despensa comentários. Hoje Eu Quero Voltar Sozinho ou O Homem do Futuro, engraçado e dramático ao mesmo tempo. E tantos outros como Paraísos Artificiais, Minha Mãe É Uma Peça que é engraçadíssimo! O Pagador de Promessas um clássico, o Palhaço e tantos outros. Quais vocês indicariam?
Espero que vocês tenham gostado 😉