Crítica: O Quarto dos Esquecidos (2016, de D.J. Caruso)


Estreou recentemente em circuito brasileiro o suspense O Quarto dos Esquecidos, filme estrelado por Kate Beckinsale e dirigido por D.J. Caruso. Com uma sinopse pra lá de medonha, o trailer dá a entender que o público terá mais um thriller usando e abusando do clichê, resumido em criaturas de CGI exacerbado e sustos previsíveis. Seria o caso desse aqui?

No longa, o casal Dana e David passa por um trauma e resolve se mudar para um local mais tranquilo, ao lado do filho Lucas. Como forma de superar a tristeza, Dana se empenha na reforma do local. Porém, em pouco tempo descobrem que o local esconde uma história assustadora. Só pra constar: quem nunca assistiu aquela produção cujo conceito se resume em uma família que se muda pra superar uma experiência ruim do passado, mas sempre existe algo na nova casa, né? Pois bem, ele segue exatamente essa receita e pra quem estiver pensando que a tal garota do pôster fica aparecendo o tempo todo em ambientes escuros, berrando e saltando pra cima da tela, advirto que se deixa enganar. Todavia, isso não significa que não ocorram partes semelhantes, pois os sustos vêm e estarão prontos pra te “pregar uma peça”.

Sobre o roteiro: foi escrito pelo próprio D.J. Caruso (Controle Absoluto e Paranóia) e pelo ator Wentworth Miller, de Prison Break. É uma pena que a ideia tenha sido meio mal aproveitada, principalmente no final; o primeiro e segundo ato estavam bem. No entanto, não posso dizer o mesmo do terceiro. Sim, todas as informações são passadas a nós com clareza, mas faltou mais desenvolvimento e, sobretudo, envolvimento com parte dos atores. Sério, existem personagens que quando introduzidos como gancho relevante na trama, terminam inutilizados.

Exemplo disso é Lucas Till, que faz o papel de rapaz ”bonitão” da cidade, que ao contrário de passar a impressão que está escondendo algo, solta indiretas para Dana, insinuando um romance. Por outro lado, a bela atriz Kate Beckinsale (Anjos da Noite) não encarna uma personagem tão superficial. Claro que ela tenta carregar o filme, porém diria que não foi o bastante. Inclusive, o seu abalo sentimental se assemelha com um suspense que vi recentemente, mas, neste caso, tal razão chega a ser inoportuna. Não obstante, seu marido, David, com a performance de Mel Raido, interpreta um pai que prefere seguir em frente ao invés de pensar no passado e tem com certeza um olhar menos aflito que o da esposa. No entanto, é aí que o jogo começa a mudar, pois no decorrer dos eventos estranhos (por volta da metade até o final), é tarde fingir que está tudo bem e Dana reconhece isso, alegando que pensa não estar sabendo mais diferenciar o que é real do que não é. Entretanto, lembre-se: a concepção intenta conectar duas histórias distintas e bem no fim a coisa não rola.

Com relação à sua duração, que dura cerca de 1 hora e meia, adentramos neste clima aterrorizante envoltos pela macabras faixas da trilha sonora de Bryan Tyler, que não poupam esforços em transmitir pânico e apreensão aos telespectadores. Outrossim, enquanto o cenário é formado por um casarão antigo – ambiente super favorável para o surgimento de mistérios, não poderia deixar de citar a carga dramática que a obra também insere, especialmente na personagem de Dana, uma vez que a mesma é marcada por problemas pessoais angustiantes (não se preocupe que esse aspecto é mais bem explicado no término). Confesso que se tivesse a chance de uma entrevista com o diretor, eu perguntaria: “e então, senhor D.J. Caruso, qual a sua próxima artimanha para os próximos anos? Porque seu último projeto é assistível, mas suponho não seja o melhor de todos, certo?”. É baseado nesta idealização que pego por exemplo o cineasta Michael Bay, que admite ter se arrependido de ter dirigido Transformers – A Vingança dos Derrotados. Afinal, pasmem: é o pior da franquia.

Tendo em vista os aspectos mencionados, o indicaria para aqueles que apreciam ambos suspense e terror, os que gostam dos trabalhos de Kate Beckinsale e acima de tudo, aos que não se importam com falhas no roteiro e certa presença de sangue (ou em outras palavras, “gore”). Reforço aqui outra dica: quem tem a paciência de aguardar entre 3 a 4 meses até o home video sair vai saber do que estou falando, pois os filmes pipocas embora tenham seus prós e contras, nem sempre valem a pena serem analisados no cinema; compensa mais ver em casa. Por fim, concluo na maior sinceridade: querida Hollywood, nunca é tarde demais para inovar!

Título Original: The Disappointments Room

Direção: D.J. Caruso

Elenco: Kate Beckinsale, Gerald McRaney, Duncan Joiner, Lucas Till, Ella Jones, Michaela Conlin, Jennifer Leigh Mann, Marcia de Rousse, Melissa Eastwood, Mel Raido, Michael Landes, Robert McRary.

Sinopse: Uma mãe e seu filho se mudam para uma casa dos sonhos, em um ambiente rural. Logo, eles percebem que o sótão esconde uma história assustadora e misteriosa.


Trailer

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