é um drama independente europeu escrito e dirigido por Rodrigo Sorogoyen. No entanto, não se deixe levar pelo título: o filme acontece única e completamente
e na bela capital espanhola de Madrid e a trama é inteiramente centrada entre
dois personagens principais, os jovens adultos “ele” e “ela”.
(Javier Pereira) é um típico conquistador que utiliza do seu charme natural
para cativar as mulheres por quem se interessa. Já “ela” (Aura Garrido), é uma
tímida e geniosa garota que carrega consigo várias inseguranças e problemas sutilmente abordados durante a longa. Os
dois se conhecem em uma boate, onde “ele” faz de tudo para que “ela” aceite conhecê-lo melhor. De tudo mesmo, inclusive dar a ela, no primeiro momento em que
são apresentados, a chave de seu apartamento – “proposta indecente” a qual ela
rejeitou.
o personagem masculino não está disposto a aceitar a suposta rejeição e passa a
seguir a garota na saída da festa, mesmo após “ela” incansavelmente o pedir que
a deixe em paz. Ignorando completamente o fato de que “ela” não queria a sua presença,
“ele” inconvenientemente continua a perseguir a mulher por todo (todo!) o
trajeto. As cenas correspondentes à esse momento retratam um problema bastante
levantado, sobretudo por mulheres, na atualidade: por que é tão difícil aceitar
que um “não” realmente significa “não”.
que não haveria chances, “ele” parte para uma estratégia deveras maldosa, ainda
que bem conhecida: as falsas juras e promessas de amor. Por meio de longas
conversas, romantismo barato e até provas de amor – a pedido dela, o
rapaz topa sair pelas ruas nu e gritando que a ama como prova de seu verdadeiro
interesse – o personagem consegue convencê-la a passar a noite em seu
apartamento, uma vez que estava “incontrolavelmente apaixonado”.
manhã seguinte, todavia, destrói todas as expectativas criadas por “ela”. “Ele”
já não está tão doce, tão romântico, tão interessado e tão apaixonado por “ela”
como jurou estar antes de conseguir o que queria e, inclusive, demanda que “ela”
deixe o apartamento. A partir desse momento, fica claro qual era real interesse
do rapaz. Qualquer insistência da parte dela em ficar mais um pouco o faz
perder a paciência. Dessa maneira, podemos refletir ainda mais sobre uma
realidade comum e até sexista dos rápidos relacionamentos contemporâneos: por
que o homem tende a achar aceitável insistir e forçar a barra com uma mulher
para conseguir o que quer, mas não aceita quando a mulher faz o mesmo? Quando o
personagem foi insistente e bastante inconveniente em todos os momentos até
conseguir o que queria, estava tudo bem. Quando ela faz o mesmo ao se recusar a
deixar o apartamento, foi ofendida e até mesmo agredida fisicamente.
Nesse ritmo, a trama tem a missão de focar nas conversas, discussões e acontecimentos após a fatídica primeira noite do “casal”. Não espere mais do que isso. Contudo, apesar do
lento desenrolar entre o início e o desfecho – por vezes, parece que não há
história suficiente para preencher a idéia principal do roteiro – o filme é capaz de proporcionar à
quem o assiste várias outras reflexões, sobretudo acerca de relacionamentos
interpessoais e amorosos. No entanto, é indispensável afirmar que ‘Estocolmo’ ficaria
melhor e mais objetivo como um curta metragem: a ausência de aprofundamento com
relação aos únicos personagens e a quantidade de cenas vazias e que nada
acrescentam à trama não justifica o tempo de duração. Ainda assim, o tema
interessante e final deveras inusitado fazem por valer o filme.
original: Stockholm
Rodrigo Sorogoyen
Javier Pereira, Aura Garrido
Após uma festa, um jovem rapaz tenta fazer com que uma das garotas que conheceu
goste dele. Ela se nega, mas ele parece não estar disposto a desistir tão fácil
assim.