Crítica: O Sono da Morte (2016, Mark Flanagan)




Bom, primeiramente vamos a alguns detalhes sobre o filme. O diretor Mark Flanagan já fez bons trabalhos antes como Hush – A Morte Ouve e Oculus, que divide opiniões. De toda forma gosto do trabalho dele porque ele mostra uma visão alternativa do terror em si. Não é só sobre monstros ou fantasmas. Sempre tem mais da onde isso está vindo.





Contém Spoilers!


Outro ponto que devemos ter em mente antes de assistir esse filme é: quer assistir um filme para levar susto e ficar sem dormir a noite? Bom, então esse não é o filme. Levei alguns sustinhos no filme não vou negar, mas nada que comprometa meu sono. Esse filme em si é muito sensível e porque não dizer místico, quase mágico. Temos como ator principal o delicinha Jacob Tremblay, que chamou atenção no filme O Quarto de Jack e aqui não foi diferente, mais uma vez ele rouba a cena.



Se por acaso você assistiu The Babadook e gostou então provavelmente vai gostar de ‘Before I Wake’ porque a meu ver é a mesma pegada. Temos na verdade uma história complexa na mente de Cody (Jacob Tremblay) que vai muito além do que a gente imagina.

Ali em cima eu mencionei que o filme é sensível porque, estamos falando da mente de uma criança de oito anos apenas. Que por algum motivo tem um dom incrível que ao dormir, consegue fazer seus sonhos se tornarem reais, mas infelizmente, também os pesadelos.






Ele é uma criança doce e simpática que não teve muita sorte na vida. Perdeu a mãe quando tinha três anos de idade e desde então não pareceu ter muita sorte em suas famílias adotivas também. O filme começa justamente com uma dessas famílias o adotando, a terceira, que pouco tempo depois descobrimos ter perdido um filho num acidente doméstico. Conforme passa o filme e os novos pais descobrem o dom de Cody (Jacob Tremblay), parece haver um desentendimento na forma de como esse ”dom” está sendo manipulado por Jessie (Kate Bosworth), que faz de tudo para que Cody veja fotos e vídeos para que ele sonhe com seu falecido filho. Mas nem tudo são rosas. Quando vem o primeiro pesadelo, percebemos que não é aleatório e sempre é o mesmo sonho, um homem ou o que quer que aquilo seja, que Cody costuma chamar de “Gangrena” (craker em inglês, que faz bastante sentido no final). Que literalmente engole suas vítimas tornando-as parte dele.





A produção é competente, não deixa a desejar. O final é bem explicado, mas ainda sentimos que falta algo lá no fundo. Mas não é ruim. Os efeitos especiais até que passam, apesar de serem um pouco forçados em algumas cenas. Sem contar que chega a ser absurdo a simpatia e o carisma que Jacob passa para o espectador.

***ATENÇÃO: SE VOCÊ NÃO VIU O FILME PARE DE LER AQUI. O PRÓXIMO PARAGRAFO CONTÉM EXPLICAÇÕES SOBRE O FINAL DO FILME***




Se você está aqui é por sua conta e risco.

Não sou muito de dar spoiler e contar finais de filmes nas minhas críticas, mas esse merece uma atenção maior. Porque é aquele típico filme de ‘terror’ inteligente que as pessoas costumam assistir para levar susto e não para prestar atenção no que a história quer passar.

Os sonhos e os pesadelos saem da mente do Cody, ok. Mas o que é interessante aqui é o porquê dele sempre ter o mesmo pesadelo, com o mesmo monstro, com a mesma história. O Gangrena vem e leva as pessoas que ele gosta embora. Tudo não passa de uma memória reprimida dele. A última lembrança que ele tem da mãe, que estava com câncer terminal é de um ser humano triste e doente, praticamente sem pele e sem cabelos. Com olhos fundos e escuros. Gangrena,” craker” em inglês e câncer para uma criança podem ser bem parecidos. Ainda mais quando isso é um trauma para ela. Chega até ser triste quando descobrimos o real motivo dos pesadelos dele. Ele diz que o Gangrena comeu sua mãe e no fundo, foi bem isso, o câncer acabou com a imagem da mãe que ele tinha e a levou embora para sempre. No fundo, nada mais é do que uma criança com saudades da mãe, que criou uma história em sua mente para poder lidar com a perda e com as mudanças repentinas em sua vida. A forma como o diretor retrata isso, de uma maneira real e assustadora para ele é bem interessante. Extrapolando os limites da mente e levando esse trauma para todo mundo. Por isso eu disse que me lembrou ‘The Babadook’. É uma metáfora de como lidamos com a perda, Jessie (Kate Bosworth) lidando com a perda de seu filho e a aceitação de sua morte e Cody com a perda de sua mãe.

Um filme muito interessante e bom de se ver.




Direção: Mark Flanagan

Elenco: Annabeth Gish, Kate Bosworth, Thomas Jane, Scottie Thompson, Dash Mihok, Kyla Deaver, Jacob Tremblay


Sinopse: Logo após perder o filho pequeno, o casal Jessie (Kate Bosworth) e Mark (Thomas Jane) aceita adotar Cody, um garoto da mesma idade. O filho adotivo se adapta bem à nova família, mas ele tem um problema: os seus sonhos se tornam realidade, e os pesadelos, especialmente, podem ser mortais. Quando Jessie e Mark investigam o passado do garoto, descobrem histórias sinistras.

Trailer:



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