Crítica: The Invitation (2016, de Karyn Kusama)


O cinema independente anda surpreendendo. Há uma forte safra de filmes indie mais lentos, dramáticos e reflexivos, trazendo um terror mais metafórico. Até mesmo alguns estúdios grandes estão comprando a ideia e produções recentes como The Babadook, Corrente do Mal e A Bruxa ganharam visibilidade. E outro desta safra de bons e diferentes filmes é este aqui, The Invitation, que traduzido seria algo como O Convite. Apesar de pouco conhecido, o filme já é considerado pela crítica americana como um dos melhores thrillers do ano. 

Na trama vemos um homem problemático chamado Will, marcado por algo no passado, que junto com sua nova namorada vai a uma reunião de antigos amigos. A ideia da reunião e o convite vieram da sua ex-mulher e o atual dela. Devido a uma tragédia, todos são marcados por certa tristeza. Will começa a ficar paranoico com relação ao real motivo desta reunião. A partir deste ponto o roteiro trabalha brilhantemente com o drama pessoal, o suspense psicológico e um crescente clima de tensão. Em grande parte do filme, vemos as situações desconfortáveis em que todos se encontram. Mesmo que com um ritmo inicialmente lento, a incerteza do que está por vir te faz querer ver até o fim. A diretora Karyn Kusama entrega um filme firme, com sua condução própria. Depois de fazer Garota Infernal com Megan Fox, um típico caso de ame ou odeie, agora a cineasta mostra amadurecimento com um longa que anda na linha tênue do entretenimento e da arte.




Se por um lado temos o suspense como símbolo de cinema pipoca, por outro a forma própria na condução da obra traz um estilo apurado e mais cult. O próprio drama bem conduzido pelos realizadores e bem atuado por Logan Marshall-Green (a cara de Tom Hardy) trazem um peso a mais para a produção. A câmera de Karyn anda lentamente e de forma minimalista pelas janelas, corredores e portas da casa onde acontece esta reunião, nos transportando para a situação de forma claustrofóbica. São personagens tristes ambientados em um espaço pequeno e com conversas desconfortáveis. Algo estilo Alfred Hitchcock. Mas o interessante é que inicialmente ninguém está preso ou obrigado, mas todos ficam diante o compromisso social, já que receberam o convite. Agora que estão lá eles ficarão, talvez para enfrentarem o passado.


Quando surge o 3° ato, este nos guarda uma reviravolta em uma escala maior. Se por um lado na metade do filme já imaginamos o que ocorrerá, mesmo assim nos chocamos em saber que é tudo muito maior do que pensávamos. O final faz jus ao filme ser tachado como suspense e com toques de terror. Um filme com um estilo mais devagar, é verdade, que poderá dar preguiça na geração que gosta de sustos fáceis. Mas quem procura algo maduro, bem atuado e com uma certa crítica, especialmente à religiões e seitas extremistas; é um prato cheio. Mais uma pequena pérola do cinema independente, que infelizmente não sairá nos nossos cinemas, mas que merece destaque por abordar assuntos sérios de maneira autoral. 





Direção: Karyn Kusama

Duração: 98 minutos


Elenco: Logan Marshall-Green, Emayatzy Corinealdi, John Carroll
Lynch, Karl Yune, Lindsay Burdge, Michelle Krusiec, Michiel
Huisman, Tammy Blanchard, Toby Huss.


Sinopse: uma tragédia abala o casal formado por Will e Eden. Eles perdem o
filho pequeno e, desolada, Eden vai embora sem dar notícias. Dois anos mais
tarde, ela volta a procurar o marido, acompanhada de outro homem, e totalmente
diferente de como era antes. Durante um jantar, com Will, Eden e o novo
companheiro de sua esposa, Will começa a suspeitar que os visitantes têm planos
sinistros contra ele.


Trailer:








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