Crítica: Mogli – O Menino Lobo (2016, de Jon Favreau)




Quando a versão de ‘Alice no País das Maravilhas’ fez um enorme sucesso em 3D no ano de 2010, a Disney achou mais uma mina de ouro: trazer para os filmes live-actions suas animações clássicas. Tivemos os bons ‘Oz – Mágico e Poderoso’ e ‘Malévola’, além do excelente e extremamente fiel ‘Cinderela’ no ano passado. Mas chega a hora de conferir a nova adaptação, desta vez focada na clássica animação ‘Mogli – O Menino Lobo’, de 1967 e baseado no livro ‘The Jungle Book’ (traduzido seria ‘O Livro da Selva’), do escritor britânico criado e naturalizado na Índia Rudyard Kipling. De raízes inglesas, o escritor viveu e presenciou a ocupação britânica em territórios indianos. Mandado de volta a Inglaterra para estudar, foi maltratado por seus tutores, sentindo assim saudade da vida na “selva”. Este contraste e o fato de na sua infância, ter visto muitos costumes e características locais da Índia, o influenciaram a escrever o livro.  



A animação de 1967 é extremamente nostálgica e cheia de belas lições. Em 1994 recebeu uma releitura de aventura chamada ‘O Livro da Selva’ que trazia Mogli adulto em uma trama de romance e tesouro. Apesar de esquecido, o filme é divertido, tem momentos emocionantes e marcaria o estilo da carreira do diretor Stephen Sommers, que mais tarde faria a saga ‘A Múmia’. Bem, chegamos nesta versão de 2016, na qual desde que surgiram os trailer eu esperava ansioso por um bom filme. Porém fui surpreendido por algo muito melhor. Este ‘Mogli’ é a versão mais complexa até então, além de ser a melhor adaptação de uma animação infantil desta atual safra. E dentre os pontos positivos que são inúmeros, já começamos a falar do único ator de carne e osso em cena. O jovem Neel Sethi atua muito bem, quebrando paradigmas de que crianças não sabem atuar. Embora nada revolucionário, ele se sai bem tanto na ação e desenvoltura nas cenas em que parece que faz parkour na selva, como nos momentos de emoção, tristeza e medo. Espero ver este menino em mais filmes. 




Quanto as vozes originais, não poderei falar muito, já que os cinemas de minha cidade cometeram o crime de disponibilizar o filme somente dublado. Pelo menos a dublagem está decente. Mas vale ressaltar que nas vozes dos animais temos um dos melhores elencos do ano, com o grande Idris Elba como o tigre Shere Khan, Scarlett Johansson como a víbora Kaa, Bill Murray como o urso Baloo, Ben Kingsley como a pantera Bagheera, Christopher Walken como o macaco Rei Louie, Lupita Nyong’o como a loba Raksha e assim por diante. Poucas vezes se vê (na verdade se ouve) tantos atores talentosos juntos fazendo as vozes de personagens animados. Estas vozes se aliam a uma trilha sonora muito emocionante, com instrumentos típicos das músicas indianas em diversos momentos. A edição e a mixagem de som é outro deleite. Sonoramente sentimos a vida da selva, com galhos quebrando, barulhos de insetos e madeira estalando. Há ainda dois momentos musicais simples e mais sutis, mas que traz nostalgia. Com certeza você cantará a clássica estrofe: “necessário, somente o necessário”!




O roteiro é tão bem amarrado, tão redondo e perfeitinho que não deixa furos, não há! Pode haver um clichê heroico aqui ou ali, mas isto faz parte em um filme família. E isso é feito sem ofender o expectador, trazendo situações e diálogos inteligente. A moral sobre família, amizade, o seu verdadeiro lugar, o perigo do poder e ambição, tudo está ali, trazendo esta positividade para as crianças. Mas isto é apresentado de maneira madura, às vezes com situações difíceis e com perdas. Em dados momentos talvez o filme seja um pouco assustador ou violento para os mais pequeninos. Os vilões realmente dão medo e há ferimentos e arranhões que não vemos em outros filmes. Mas ainda assim é um belo entretenimento pra família. O diretor Jon Favreau amadureceu muito seu trabalho. Depois dos dois primeiros ‘Homem de Ferro’, o cineasta surpreende com um estilo maduro e grandiloquente, mas sem perder o foco na simplicidade da mensagem.


Talvez ‘Mogli’ não seja dos personagens mais amados ou conhecidos aqui no Brasil. Mas não se engane, não deixe de ver este filme no cinema e em 3D. O visual é impactante. O filme possui a melhor computação gráfica e o melhor uso do 3D desde ‘Avatar’ (2009) e ‘As Aventuras de Pi’ (2012). É algo realmente assombroso, os animais não parecem virtuais, mas realmente são reais, com texturas de pelos variadas e cheios de sentimentos. Conseguimos notar nas suas expressões de medo, a maldade, a malícia, a coragem. São tão vivos ou até mesmo mais vivos do que muito ator em filme fraco por aí. É de cair o queixo. Especialmente o terrível vilão, o tigre Shere Khan, que é inacreditavelmente o melhor vilão do cinema em 2016 até então. E acho que dificilmente perderá o posto. ‘Mogli – O Menino Lobo’ é um espetáculo áudio-visual para ser visto na tela grande. Um filme muito comovente e eletrizante. Uma produção grandiosa. Mas com uma mensagem tão bela e tão simples. Realmente apenas o necessário já basta para ser completo e único.


NOTA: 9,5






Direção: Jon Favreau


Elenco: Scarlett Johansson – Kaa, Idris Elba – Shere
Khan, Bill Murray – Baloo, Ben Kingsley –
Bagheera, Christopher Walken – King Louie, Giancarlo Esposito –
Akela, Lupita Nyong’o – Raksha, Emjay Anthony – Gray, Neel
Sethi como Mogli.


Sinopse: Mogli (Neel Sethi) é um menino criado por uma família de lobos.
Mas Mogli sente que não é mais bem-vindo na floresta quando o temido tigre
Shere Khan (voz de Idris Elba), que carrega cicatrizes causadas por caçadores,
promete eliminar o que ele considera uma ameaça. Forçado a abandonar o único
lar que conhece, Mogli embarca em uma cativante jornada de autoconhecimento,
guiado pela pantera e mentora Bagheera (voz de Ben Kingsley) e pelo alegre urso
Baloo (voz de Bill Murray). Pelo caminho, Mogli encontra criaturas da selva que
não são exatamente bondosas, incluindo Kaa (voz de Scarlett Johannsson), uma
cobra cuja voz sedutora e olhar penetrante hipnotizam o menino-lobo, e Rei
Loiue (voz de Christopher Walken), o nobre de fala mansa que tenta convencer
Mogli a contar o segredo da ilusória flor vermelha mortal: o fogo.





Trailer:













Ensaio do elenco com seus personagens:











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