Crítica: ‘Snoopy e Charlie Brown – Peanuts, o filme’


Filme
resgata essência de Snoopy e Charlie Brown de forma simples e direta e através
de emoções genuínas

A primeira coisa importante
a ser dita sobre ‘Snoopy e Charlie Brown – Peanuts, o filme’, é que nada neste
filme é inovador. A mensagem é muito conhecida e os caminhos para chegar nela
são bastante óbvios. Propositalmente. O objetivo aqui é prestar uma homenagem à
turma do Minduim, que fez parte da infância de várias gerações, e ao seu criador
Charles Schulz, morto há 16 anos. O resultado final não poderia ser mais feliz.
O tom nostálgico e a homenagem, mesmo que sem frescor, são absolutamente
sinceros, preservando o principal: a essência daquilo que tornou os Peanuts
clássicos. 
Tudo o que faz parte dos
cartoons está no filme: a insegurança e timidez do desastrado Charlie Brown, o
mau humor de Lucy, a voz incompreensível dos adultos. Características
preservadas nos traços marcantes dos desenhos. Na história, Charlie Brown tenta
superar seu medo e conquistar a nova aluna da escola, a garota do cabelo
vermelho. O problema é que tudo o que ele faz tem a tendência a dar errado.
Quando ele passa um final de semana inteiro fazendo um resumo do livro ‘Guerra
e Paz’, um avião de brinquedo do amigo Linus o faz em mil pedaços. E quando ele
dança no baile da escola, após uma sequência hilária de ensaios, o pobre
Minduim escorrega na frente de todos os amigos, com seu sapato voando e
estourando um cano de água. Mais que tentar deixar de ser desastrado, Charlie
Brown procura entender porque as coisas parecem dar errado sempre em sua vida. 
As escolhas feitas pelo
diretor são inteligentes. A principal delas diz respeito a retardar a aparição
do rosto da garota de cabelo vermelho, e nem mesmo nomeá-la, dando ao espectador
a perspectiva de Charlie Brown, que nunca a olha direito e não tem coragem de
conversar com a menina. Visualmente, o filme também é certeiro, especialmente
nas histórias escritas por Snoopy, embora narrativamente, sejam essas histórias
justamente as responsáveis pelas quebras de ritmo muitas vezes desnecessárias,
já que o mundo de Charlie Brown é infinitamente mais interessante. Além disso,
as mensagens, mesmo que óbvias, quase sempre evitam o didatismo. A exceção fica
com a mensagem final, bastante explicativa. No entanto, isso não prejudica o
resultado e não impedirá que você se comova. 
‘Snoopy e Charlie Brown’ é,
antes de qualquer outra coisa, uma obra que aceita sua simplicidade e suas limitações,
e que por isso mesmo joga limpo com seu espectador, deixando claro aonde deseja
chegar sem nunca manipula as emoções de quem assiste. Faz rir e chorar de forma
genuína, resgatando o sentimento infantil de quem pôde acompanhar as histórias
de Schulz quando criança e apresentando para uma nova geração a divertida turma
do Minduim através de bons valores, lembrando que o importante é se aceitar e
não procurar ser diferente, afinal, os outros também conseguem enxergar quem
você realmente é. E esteja onde estiver, Charles Schulz deve estar feliz de ver
seu alter ego Charlie Brown retornar em tão boa forma e ainda com tanta coisa a
dizer. 

Nota: 9
Direção: Steve Martino
Elenco: Noah Schnapp, Bill Melendez, Francesca Capaldi


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