Crítica: A Colina Escarlate (2015, de Guillermo Del Toro)



Sou fã de Guillermo Del Toro. Este grande diretor já trouxe filmes de super herói com uma pegada mais obscura e original. Estou falando do segundo filme do Blade e dos dois Hellboy. Entre as superproduções, ele trouxe o bom Mutação e o excelente Círculo de Fogo, onde se homenageia o cinema oriental de fantasia. Também tratou o vampirismo com originalidade em Cronos. Mas são nas suas produções góticas que o cineasta se destaca ainda mais. Com os lindos e terríveis A Espinha do Diabo e O Labirinto do Fauno, Del Toro mescla o belo e o horrível de uma maneira única e ímpar. Dono de uma originalidade e um visual inventivo, o cineasta trouxe na temporada do Halloween 2015 este A Colina Escarlate, um romance gótico de época.

Aqui temos uma atuação digna (menos fraca) de Mia Wasikowska (de Alice no País das Maravilhas), autora de contos de fantasmas que se vê sozinha e vai morar na velha mansão de um misterioso homem por quem ela se apaixona. Tom Hiddleston (o Loki de Vingadores e Thor) atua de maneira brilhante como este homem. O ator é um dos melhores e mais versáteis na atual safra de Hollywood. Já a bela ruiva Jessica Chastain (de Interestelar) é a perturbada “irmã” deste homem e ela também atua monstruosamente bem. Ainda temos Charlie Hunnam (de Círculo de Fogo), que se sai razoável, mas com bem menos destaque.


O roteiro caminha em duas vias: no romance e no terror. Enquanto vemos um amor sincero da jovem escritora, vemos outro amor doentio entre os “irmãos”. E a partir disto constrói-se um suspense tenso. É interessante notar que apesar das presenças sobrenaturais, aqui os fantasmas são metáforas para o passado. Lembranças tristes que ficam em uma velha casa. Isso fica evidente quando a própria protagonista coloca isto no livro que escreve. Ao nos aprofundarmos dos segredos do lugar, o psicológico das personagens é construído de maneira crível. Ficamos assim no meio deste “triângulo”, perdidos entre o amor e a obsessão.



No quesito visual, o filme é um dos mais deslumbrantes de 2015. A computação usada nas aparições está ok, mas é no figurino de época, penteados e na sombria fotografia que o filme se destaca. A criação real da velha mansão é algo assombroso. É realmente grande, criado em detalhes ricos. Realmente lembra uma grande casa Inglesa. Nesse majestoso cenário, o diretor usa na câmera lentes de cor fria, obscura, saturando assim a atmosfera gótica do longa. É de encher os olhos, é como se a casa fosse uma personagem, com características e personalidade própria. A lama vermelha que sempre escorre contrasta com as locações escuras, equilibrando assim o visual do filme. Os chamativos e volumosos vestidos também chamam a atenção, um dos mais belos trabalhos do cinema recente. Uma pena a academia do Oscar ter esquecido deste filme, poderia concorrer fácil em Melhor Figurino e Melhor Fotografia.


O final é bastante chocante, com reviravoltas e um confronto digno dos grandes clássicos do horror. A história do filme é simples, mas o clima sombrio, as atuações competentes e o visual charmoso e bem elaborado tornam este um grande conto de horror. Lembra bastante os excelentes filmes da lendária Hammer (anos 60 e 70 especialmente). Um tempo em que um filme de terror não se preocupava com sangue, mas com uma boa história. Assim é A Colina Escarlate, um pequeno filme com um grande visual. Belíssimo, terrível. Pode não ser tão perfeito, surreal e metafórico como O Labirinto do Fauno. Mas as principais características do brilhante Guillermo Del Toro ainda estão lá. Um filmaço para se apreciar com atenção. Principalmente por aqueles que são amantes de um horror clássico e de época. E ainda fica a lição de que fantasmas somos nós que criamos. Não há nada mais mortal e assustador do que os vivos.

Título Original: Crimson Peak


Direção: Guillermo Del Toro

Elenco: Tom Hiddleston, Charlie Hunnam, Jessica Chastain, Mia Wasikowska, Burn Gorman, Jim Beaver, Leslie Hope.

Sinopse: o filme acompanha o dia a dia de uma autora que, depois de ter seu coração roubado por um estranho sedutor, é arrastada para uma casa sombria no topo de uma montanha de barro vermelho-sangue – um lugar repleto de segredos que vão assombrá-la para sempre. Entre o desejo e as trevas, entre mistério e loucura, encontra-se a verdade por trás da Colina Escarlate.

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