Crítica: A Forca (2015, de Travis Cluff e Chris Lofing)

O estilo ‘found footage’, que são gravações feitas em primeira pessoa, ganhou notoriedade com o assustador A Bruxa de Blair de 1999, porém se tornou viral após o estrondoso sucesso de ‘Atividade Paranormal’ de 2007. Daí para frente, a grande maioria das produções, principalmente as que abordam entidades demoníacas e espíritos malignos, começaram a adotar tal prática, almejando investir pouco e ganhar muito. Entretanto, tudo que é utilizado demais acaba ficando desgastado, e assim como os ‘slasher’ essas produções começaram a ficar repetitivas e genéricas, não apresentando nada de inovador ou original. Neste contexto, foi lançado nos cinemas brasileiros A Forca, que fez mais sucesso com sua campanha de marketing do que com o filme em si.

Realmente deve-se elogiar a publicidade em volta do filme, que foi uma das melhores desde A Bruxa de Blair. Foi criado um jogo baseado em uma lenda falsa que se tornou um sucesso na internet. O jogo em si consiste em cruzar dois lápis (ou qualquer coisa similar) em uma folha de papel com respostas ‘sim’ ou ‘não’. De acordo com a brincadeira o demônio de ‘Charlie Charlie’ responderia as perguntas das pessoas movendo o lápis (Bem parecido como as tábuas de ouija ou o jogo do copo e do compasso). Várias pessoas gravaram e postaram na internet realizando esse jogo e os lápis se movendo. Segundo a lenda criada ‘Charlie Charlie’ seria um demônio ajudante do Diabo (de origem mexicana) que só poderia ser invocado através dessa brincadeira. A coisa ficou tão séria que até um padre pediu para o jovens não fazerem essa brincadeira, alertando as consequências desses atos, além disso, o jogo virou alvo de um documentário da emissora BBC. Somente depois é que descobriram que a brincadeira era uma jogada de marketing para promover o filme.

Apesar de ter feito sucesso na internet, não podemos dizer que o mesmo ocorreu com filme nos cinemas. Na trama 20 anos se passaram após um acidente que causou a morte de ‘Charlie’, durante uma peça de teatro estudantil, os alunos da mesma escola resolveram ressuscitar a produção em uma tentativa infeliz de honrar o aniversário da tragédia, mas vão descobrir que algumas coisas do passado dever ser deixados em paz.

Não existe no longa nenhuma referência ao jogo acima citado, a única coisa que liga o jogo e a produção é o nome ‘Charlie’. É frustrante quando uma boa ideia é desperdiçada com um roteiro preguiçoso, que prefere se manter no velho clichê do que ousar e ainda trazer personagens idiotas. Eu sinceramente não esperava nada dessa produção, até porque, faz tempo que nos cinemas brasileiros não é lançado um bom filme de terror e depois da experiência que tive com o horrível Ouija – O Jogo dos Espirítos, minhas expectativas com essas produções foram de poucas para nenhuma. Talvez seja por isso que eu não achei o filme tão ruim assim.

Como pontos positivos, destaco as ambientações, que fogem da convencional da manjada ‘casa mal-assombrada’, aqui o desenrolar da história acorre em um teatro dentro de uma escola, cheio de salas escuras com objetos espalhados, que dá a sensação de claustrofobia. Também destaco o clima de suspense, que está bem eficiente. Dentre as cenas destaco uma que ocorre em um closet (pulei de susto) e outra que é diretamente chupada de A Bruxa de Blair, onde o personagem segura a câmera em frente ao rosto e começa a chorar, o desfecho é bem legal e a fotografia toda em vermelho também ajudou na construção da cena. Outro acerto do filme é o vilão, que apesar de aparecer em pouquíssimas cenas ele consegue impactar e ser bem assustador, a máscara é muito legal e a arma utilizada por ele (uma forca) é original e rende algumas mortes até interessantes.

Já como pontos negativos, cito o roteiro, que é bem arrastado, a produção tem apenas 1 hora e 20 minutos, e as coisas só começam a ficar interessantes depois de 40 minutos de projeção, ou seja, tem muita enrolação. Outra coisa que não ajuda muito é o elenco que é bem desconhecido sendo que alguns deles ficam devendo no quesito atuação, os personagens não são bem desenvolvidos, sendo basicamente aqueles típicos jovens de filmes de terror.


O que é mais criticado nesses filmes de ‘found footage’ é fato de os personagens não largarem as câmeras, nem mesmo quando estão morrendo, aqui não é diferente porém, o que mais chama a atenção nesta produção é fato de os personagens estarem planejando e posteriormente executado um plano de destruir o cenário da peça de teatro e mesmo assim continuarem filmando (oiiii????) como assim? Se eu estivesse planejando fazer algo de errado, a última coisa que eu ia querer é uma câmera me filmando. Ficou muito forçado, era melhor se o filme fosse filmado do jeito convencional. O final é muito interessante, de certa forma irônico e nos apresenta uma reviravolta eficiente e inesperada e que acaba deixando uma ponta enorme para um sequência. Porém, apesar de um terceiro ato frenético, não acho que essa produção se destaca de outros filmes semelhantes.

Enfim, aqueles mais calejados no gênero do terror vão simplesmente odiar este filme, que trás aqueles velhos sustos fáceis e uma ou outra cena que se destaca, já para os inciantes, ele servirá com um mediano entretenimento, nada além disso.


Título Original:
The Gallows

Direção: Travis Cluff e Chris Lofing

Elenco: Reese Mishler, Pfeifer Brown, Ryan Shoos, Cassidy Gifford, Travis Cluff, Price T. Morgan, Theo Burkhardt, David Herrera.

TRAILER:


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