Crítica: Vizinhos (2014, de Nicholas Stoller)

Comédias americanas são constantemente criticadas pela sua maneira pastelona e enlatada. Mas Vizinhos foge um pouco da regra e junto com Anjos da Lei 2, vem a ser uma das comédias do ano! Uma grande surpresa de crítica (70% de aprovação) e bilheteria, Vizinhos traz a batalha de um jovem casal contra uma fraternidade universitária. E faz isso sem muita censura. E muito além, traça uma mensagem que fala sobre amadurecimento.


Seth Rogen faz o que sabe fazer, com caras e palavreados ridiculamente engraçados algumas vezes. Mas isso nós já vimos em outros filmes do cara, como em Pagando Bem, que Mal Tem? ou Besouro Verde. A novidade então fica por conta do restante do elenco. Rose Byrne, que vem de filmes sérios como Sobrenatural Capítulos 1 e 2 entrega uma atuação hilária, mesmo que de forma séria. Isto é no mínimo irônico. Dave Franco é um dos jovens universitários e também entrega uma atuação acima da média, com momentos de inteligência. E quem diria que Zac Efron se livraria de sua imagem dos High School Musical para ter uma atuação hilária e boa, mesmo que com momentos apelativos e para maiores de idade. O interessante do filme é justamente todas cenas grotescas e pesadas terem uma crítica, um sentido.

De certa forma, os jovens da fraternidade que só querem festa precisam crescer, se formar, trabalhar e amadurecer. E isto tudo é muito assustador. Em contraste, o casal ainda é jovem, pais de “primeira viagem” e começam a se dar de conta que seu tempo está passando, que agora tem responsabilidades. A guerra deles contra os jovens, no fundo, é por causa da inveja e da sensação de prisão – e não que eles estejam incomodados com a barulhada. Na verdade eles sentem falta. Assim o filme, dos dois ângulos, trata de amadurecimento. E nisso o roteiro torna-se sagaz.