Crítica: Noé (2014, de Darren Aronofsky) Um dos filmes mais polêmicos e divisores do ano!





Você se lembra do épico bíblico Os 10 Mandamentos de 1956 e com quase 4 horas de duração, que muito passava na TV e era alugado em VHS? Pois bem, tanto este clássico que contava a jornada de Moisés como o gênero bíblico em si ficou esquecido na sétima arte. Em anos em que filmes como Jurassic Park, Titanic, Matrix, X-Men, Homem-Aranha, Transformers e Avatar dominaram o mercado, os épicos em si perderam força e os filmes bíblicos simplesmente pararam de ser feitos. Mas parece que o gênero voltou com tudo. E voltou com bilheterias gordas. Este Noé é um dos filmes mais vistos de 2014 até então. E no ano que vem teremos Êxodo: Deuses e Reis, recontando a jornada de Moisés pelas mãos do ótimo diretor Ridley Scott (de Gladiador, Aliens, Blade Runner e Prometheus). Mas voltando a Noé, o filme realmente fez bonito nas telonas. Mas é realmente tão bom assim? Como eu indiquei no título da postagem, além de algumas polêmicas, o filme também é um divisor de águas (literalmente rsrs), contrastando em crítica e opinião de público.

O filme é repleto de erros e acertos. Pode-se taxá-lo como o mais estranho e difícil filme de se criticar neste ano até então. Entre os pontos fortes está a direção e as ideias loucas e autorais de Aronofsky, que cria uma ácida crítica sem tomar um lado – sem demonstrar se crê ou não no conto bíblico. Ele respeita ambos os lados, trazendo sua própria visão da história e provocando algumas reflexões. Outro acerto é um filme mais forte, mesmo para produções grandes onde se precisa alcançar um maior público, para assim se pagar em bilheteria. Mesmo que não seja tão violento, o filme apresenta algumas cenas mais fortes, como facadas e animais mortos. Além de “um possível” assassinato de bebês. As características técnicas estão ótimas, efeitos visuais incríveis e o clímax do filme (o tal dilúvio) é bem elaborado e sem exageros. O elenco está todo muito bem, mas quem realmente se destaca é o Noé, Russell Crowe. O ator demonstra uma força e uma performance que carrega o filme nas costas, sendo o melhor ponto do longa. Impressionante como Crowe amadureceu, com uma atuação ainda melhor de quando fez Gladiador!



Mas em contrapartida, o filme tem alguns erros. O estranho roteiro apresenta várias possibilidades, sem nunca escolher uma fixa. Há algumas situações um tanto grotescas, como algumas atitudes de Noé. Outro ponto estranho são os Guardiões, que no lugar de anjos são na verdade gigantes de pedra. Parece que eles saíram de filmes como O Senhor dos Anéis ou As Crônicas de Nárnia. Anthony Hopkins é Matusalém, homem que viveu mais de 900 anos. Mas aqui ele está mais para um ser místico e guia. Há nisso um excesso de fantasia, possivelmente para dar um orçamento maior e um ar de blockbuster ao filme. Há diversas incoerências no longa. No final, é um filme para poucos. Quem acredita na bíblia não gostará deste filme, que não se baseia em nada no antigo testamento, mas sim numa HQ de fantasia criada pelo próprio Aronofsky. Quem é ateu ou desacredita nas escritas não gostou nada deste cultuado diretor adaptar uma história bíblica. O Vaticano tentou proibir o longa, gerando certa polêmica. O filme obteve 75 % de aprovação da crítica, o que está bom. Mas alguns críticos específicos e parte do público (muitos internautas e alguns haters) odiaram a produção.

O filme mais controverso do ano, sem dúvida. Mandou bem nas bilheterias e figura na lista dos mais vistos do ano. Noé tem uma boa produção, uma atuação impecável do protagonista e vez por outra se mostra original. Mas derrapa em vários momentos, principalmente em vender a produção como grandiosa. Mas muito acima de qualquer outra coisa, poucos notaram o que eu notei: Noé é apenas um filme, uma visão particular do diretor sobre este assunto. Um filme que não toma partido, mas lança uma pergunta na qual você decide em que acreditar. Um filme irônico, ácido, que aposta em explorar a linha tênue entre fé, verdade, história, medo, mentira, ficção e loucura. No fim, a sua crença e sua formação é que definirão sua visão.






Direção: Darren Aronofsky

Elenco: Russell Crowe, Anthony Hopkins, Jennifer Connelly, Saoirse Ronan, Ray Winstone, Logan Lerman, Emma Watson.

Sinopse: No filme, Darren Aronofsky (‘Cisne Negro’) conta em escala épica a história bíblica de Noé e sua arca. O ganhador do Oscar Russell Crowe estrela como um homem escolhido por Deus para uma grande missão antes de uma enchente apocalíptica destruir o mundo.




                                   Trailer:















  

  






























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