Mais uma produção baseada em uma saga de livros juvenis. Costumo chamar eles de “os filhos de Crepúsculo”. Interessante que a maioria dos filhos tem sido “melhores” (ou menos ruins?) que seus pais. Em um ano onde ‘Meu Namorado é um Zumbi’, ‘Dezesseis Luas’, ‘A Hospedeira’ e este ‘Os Instrumentos Mortais: Cidade dos Ossos’ realmente não emplacaram como planejaram, fica a dúvida de quais destes ganharão sequências e virarão franquia. Aparentemente o único que teve “sorte” foi justamente este daqui, que apesar da recepção fria de crítica e público, a continuação já está engatilhada. E justamente achei este o mais promissor, devido à algumas boas cenas de ação e vários elementos sombrios, o que infelizmente não salvam o filme de ser bem mediano.
Harald Zwart, que dirigiu o bom remake de ‘Karatê Kid’, parece ter dado uma regredida, com uma direção e condução pouco inspiradas. Mesmo que com 2 horas e 10 minutos, algumas cenas são arrastadas e não chegam a um lugar específico. Há também o problema de alguns cortes e avanço de cenas bem grotescos. O pessoal da edição parece ter afunilado o material, e ironicamente isto deixou o filme mais difícil de se acompanhar. O elenco é fraco, mas isso é algo que já é comum em filmes adolescentes. E devido ao material fictício da fita, nem cobro tanto o quesito atuação. Quem parece estar mais à vontade, embora um tanto caricato, é o cantor Jonathan Rhys Meyers (aqui ele é o sinistro vilão). Lena Headey (de ‘300’ e a série ‘Game Of Thrones’) é uma participação de luxo, mas não muito bem aproveitada. Entre os jovens atores, o coadjuvante Robert Sheehan mostra talento e ser um possível futuro bom ator, se escolher melhor seus papéis. A trilha sonora é inexpressiva e os efeitos especiais funcionam em algumas cenas, noutras não.
Mas o maior problema é mesmo o roteiro, que tem uma barriga bem grande e não se concentra em que rumo tomar. O filme atira para todos os lados, tentando acertar ação, suspense, aventura, fantasia, ficção, drama, romance, etc. Vários elementos e situações lembram ‘Crepúsculo’, ‘Harry Potter’, ‘Star Wars’, ‘Van Helsing’ e assim por diante! Um dos poucos acertos é o clima e a fotografia sombria da obra, algumas locações bem obscuras e com alguns detalhes com móveis e ambientes velhos. Há vários tipos de seres e monstros, tendo um final bem embaralhado com várias criaturas brigando. Há alguns aspectos mais pesados, que não são muito bem explorados, como a possibilidade de incesto e algumas situações mais macabras. As coreografias de ação são boas e conseguem manter o ritmo em algumas cenas. Enfim, talvez por isso o filme possa ser caracterizado como assistível. Pena que a premissa no mínimo interessante não tenha sido bem explorada, entregando um resultado final bem clichê. ‘Os Instrumentos Mortais: Cidade dos Ossos’ poderia ser muito mais do que foi, principalmente com um roteiro melhor trabalhado e talvez mais sugado da obra literária (que tem seus seguidores). Mesmo assim digo sem medo que pelo menos o filme consegue empolgar em algumas cenas, algo que simplesmente não ocorre com seu pai – aquele filme da menina sem sal e nada feminina, o lobo bobo e o vampiro cintilante – a saga responsável pelo nascimento de várias obras juvenis e sem sentido.
NOTA: 5
Direção: Harald Zwart
Elenco: Lily Collins, Jamie Campbell Bower, Robert Sheehan, Kevin Zegers, Jemima West, Jared Harris, Lena Headey, Jonathan Rhys Meyers, Aidan Turner, Godfrey Gao, CCH Pounder, Kevin Durand, Robert Maillet, Stephen R. Hart.
Sinopse: quando sua mãe é atacada e levada de casa em New York por alguma criatura, uma aparentemente adolescente comum, Clary Fray descobre coisas sobre seu passado e linhagem durante sua busca para salvá-la. E isso muda toda sua vida.
Trailer:
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