INVOCAÇÃO DO MAL (THE CONJURING, EUA, 2013)

(Crítica publicada por “Anjo Da Guarda”, com seu nome
original, no caderno de Cinema da Rede Bom Dia de jornalismo, edição de
Itatiba, São Paulo)




“Quase bate o “O Exorcista”. Faltou pouco! E o melhor de tudo: baseado
em fatos verídicos e fiel ao episódio. Assustador!”



Considerado o melhor filme de
terror em 2013 e que, desde sua estreia nos EUA, não parou de quebrar recordes.
Pra se ter uma ideia o longa conseguiu arrecadar 100 vezes mais do que custou e
isso basta pra chamar a nossa atenção. Porém, as pessoas não foram à toa aos
cinemas, elas foram porque realmente o filme não pode passar despercebido. Se
aliar os números, nesse caso muito verdadeiros, com o fato de que a história de
medo e pavor, é baseada num episódio real e que inclusive alguns trailers
trazem depoimentos dos verdadeiros protagonistas de fato, então precisamos
estar preparados para assistir ao filme. É todo esse clima de suspense e
expectativa que se pode esperar de “Invocação do Mal (The Conjuring, EUA,
2013)”, estreia especial da sexta feira 13 (de setembro). Outro detalhe
muitíssimo importante é dizer que o grande mentor do projeto é o diretor James
Wan, considerado um renovador do gênero. Em 2004 James lançou um verdadeiro
divisor de águas no gênero do terrorsuspense que foi “Jogos Mortais”, um
verdadeiro fenômeno que rendeu uma franquia de 7 filmes ao todo. Depois James
dirigiu dois filmes menores que lhe deram experiência (“Gritos Mortais” e
“Sentença de Morte), até chegar em 2010 quando lançou “Sobrenatural”,
verdadeiro “arrasa quarteirões”, que merecidamente foi eleito o melhor terror
do ano. Outro filme realmente imperdível onde ficavam explícitas as marcas
registradas do cinema de James. E agora ele encanta novamente com um filme
absurdamente inteligente e verídico, logicamente que para quem acredita no que
chamamos de “demoníaco”.



“Invocação do Mal” é a espécie de reconstrução do episódio vivido em
1971 pela família Perron que, após mudar-se para uma casa de campo em
Harrisville, Rhode Island, foram mergulhando num verdadeiro inferno. Dia após
dia dezenas de eventos sobrenaturais tomavam conta de cada um dos habitantes da
casa, 7 pessoas ao todo, o casal e cinco filhos. Quando a coisa foi colocando
em jogo a vida das pessoas propriamente dita, eles decidiram procurar ajuda e
assim chegaram ao grande mote do filme. Na mesma época um casal ganhava evidência,
Ed e Lorraine Warren eram pesquisadores paranormais de grande seriedade,
investigaram mais de 4 mil casos e chegaram aos Perron. Assim eles se
dispuseram a diagnosticar o caso que a família experimentava e foram eles os
responsáveis por todo o processo de descoberta e resolução do que ali se
passava. Tamanha era a seriedade do casal, chegavam a dormir nos lugares e
cuidar da família como se fossem a deles.



Essa é a grande “tacada” dos filmes de James, construir tramas surreais
com seriedade e pôr um fim a banalização do gênero. Em “Invocação do Mal” ele
deu um passo maior, conseguiu enxergar a adaptação de um caso verídico, com a
mesma seriedade com a qual o casal Warren trabalhava. E conseguiu seguir o
processo espiritual segundo os rituais cristãos católicos, algo que somente
conhecedores conseguiram perceber, de forma que o que está em questão durante o
filme, como numa das falas no início de Lorraine Warren, não é a possessão de
lugares ou objetos, mas sim de pessoas. A única coisa realmente curiosa é que o
exorcismo, durante o longa, é executado por um leigo, o que segundo as
orientações da Igreja é inadmissível. Somente bispos católicos são exorcistas
de fato e os sacerdotes que por eles são sagrados exorcistas, mas como a
própria Igreja reconhece não se sabe como Deus pensa. Isso quer dizer que muitas
vezes o processo para que uma possessão seja reconhecida pela própria Igreja é
necessariamente longo demais e pode não dar tempo de um exorcista chegar ao
caso antes que o pior aconteça. Nesses casos, como é a situação do filme,
parece que o próprio Deus reconhece ser agradável a ajuda de um leigo e destina
ao mesmo o dom do exorcismo, lógico que sempre em prol da vida da vítima. Essa
questão ainda é muito polêmica e nesse sentido também “Invocação do Mal” é
brilhante. Interessante que James Wan trabalha no filme com seu atual ator
“fetiche” Patrick Wilson, muito bem no papel de Ed Warren e que foi o grande
protagonista de “Sobrenatural” . Também escolheu uma excelente atriz, Vera
Farmiga, para interpretar Lorraine Warren, o que ela fez muito bem. É outro
fato curioso, pois Vera entrou numa espécie de fase cinematográfica “espiritual”
, em 2011 foi extremamente elogiada ao dirigir o excelente “Em Busca da Fé”,
onde traçou um panorama decente de pessoas que vivem sua fé naturalmente. E ela
continuou na “vibe”, lógico que o papo aqui é bem mais intenso e bem mais
espiritual que “Em Busca da Fé”. Pra finalizar vale lembrar que foi o mesmo
casal Warren que trabalhou no caso Amityville que deu origem ao filme “Horror
em Amityville”. Portanto “Invocação do Mal” é de verdade um filme verídico e
imperdível.



NOTA: 9


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