Crítica: Os Croods (2013, de Kirk De Micco e Chris Sanders)








‘Os Croods’ é a nova animação da DreamWorks, responsável por sucessos como ‘Shrek’, ‘Madagascar’, ‘Kung Fu Panda’ e ‘Como Treinar o Seu Dragão’. Trata-se da maior rival da Disney no quesito qualidade e rentabilidade no gênero da animação. Acontece que nos últimos 2 anos, o gênero sofreu uma pequena queda na qualidade, possivelmente ocasionada pelo excesso de continuações. Não que as últimas animações tenham sido ruins, mas as que realmente foram originais e se destacaram são ‘Rango’ (2011) e ‘ParaNorman’ (2012). Curiosamente, ambas foram pouco divulgadas ou comentadas. Depois de algum tempo, ‘Os Croods’ chega quebrando um jejum, para nosso deleite. Eis que anuncio uma das mais interessantes, originais e maduras animações dos últimos dois anos. 


Na engraçada trama (sim, finalmente um desenho que deixa a ação e o 3D de lado e volta a focar na comédia e nas morais familiares), uma família “das cavernas” precisam lidar com um novo mundo em ebulição. A jovem filha é a responsável por eles cruzarem seu caminho com um garoto mai avançado, que já descobriu o fogo, sabe usar o cérebro e mostra surpreendentes novos horizontes à eles. O problema é que Crug – o pai – é retrógrado, protegendo sua família de tudo que é novo. Se é desconhecido ou diferente, é perigoso! Lógico que sua filha Eep se apaixona por Guy (exatamente, o nome do rapaz é “cara”), comprometendo os sentimentos protetores de seu pai. A jovem é destemida e está ansiosa por tudo novo que poderá encontrar. Mas eles precisarão sobreviver ao fenômeno que está mudando a crosta terrestre, e para isso terão que se fortalecer como família.

Independente da teoria da evolução ou não (teoria no qual sinceramente não compartilho meus ideais), ‘Os Croods’ não lança esta discussão. O foco aqui é o temor pelo desconhecido, a fé e a coragem para enfrentar seus medos. E um dos maiores medos pode ser o de usar sua mente! Com um bom humor genuíno, este imenso sucesso de crítica e bilheteria vale cada segundo. A direção segura da dupla  Kirk De Micco e Chris Sanders entrega um filme infantil divertidíssimo, mas que irá agradar facilmente os mais velhos, devido sua madura lição. O romance juvenil entre Guy e Eeep é engraçado e acontece às avessas. Crug é o herói da trama, no qual ganha força e sentimento no terceiro ato da fita. Não se engane, há muita aventura, ação e efeitos 3D. Estes são bons elementos neste tipo de filme. Mas aqui o foco é na lição humana, deixando os demais elementos como um delicioso tempero.

A parte técnica é encantadora. Os efeitos em CGI da animação, os efeitos sonoros, o designe e o layout da produção, assim como o colorido e detalhes de animais, plantas e paisagens são de encher os olhos. Há vários animais pré-históricos hilários e fofinhos; alguns inclusive fictícios. Gostei desta parte onde o roteiro e a direção apostam numa liberdade criativa, entregando tudo como realmente é: uma fantasia, porém de linda mensagem. Em um ano pouco expressivo para os filmes voltados à criançada (e aos eternos criações também), ‘Os Croods’ é uma doce e agradável surpresa. Um excelente filme para se assistir em família, se distrair e até mesmo se emocionar. O final todo é envolvente e cativante. Como ponto original e positivo, aqui não temos um vilão. Temos uma situação nova, e o risco de encarar esta situação. Trata-se da escolha de fazer mudanças, conhecer o desconhecido e se deixar “tocar pela luz”.

Em tempos de alta tecnologia, a verdade é que às vezes vivemos na nossa própria “caverna”. Nos negamos a evoluir mentalmente, a questionar, a quebrar às regras. Nos negamos a não atravessar  a fronteira e a sair da rotina. E não se engane, todos nós temos nossos limites, que muitas vezes impusemos sem necessidade. Como Eep diz a certa altura: isto não é viver, é sobreviver! Você está realmente vivendo ou apenas sobrevivendo? E quando algo grande acontecer, estará pronto e determinado a tomar as decisões que quebram suas próprias regras? De maneira perspicaz e bem sutil, ‘Os Croods’ lança alguns questionamentos, se revelando assim um ótimo entretenimento, da melhor qualidade. Assista à esta animação de mente aberta, relaxe e ria um pouco. Mas acima de tudo, evolua!

NOTA: 9,5






Direção: Kirk De Micco e Chris Sanders

Elenco: dublagem de Nicolas Cage, Ryan Reynolds, Emma Stone, Catherine Keener, Clark Duke, Cloris Leachman.

Sinopse: o filme acompanha a família Crood, que tem sua caverna destruída. O clã se vê obrigado a partir em busca de uma nova casa. Liderados por Crug, só não imaginavam que sair das cavernas ia render a maior aventura de suas vidas. Cage emprestará sua voz a Crug, que cautelosamente guia sua família em busca de um lugar seguro, depois que um terremoto destrói sua casa. Ao tentar encontrar um caminho em ambiente perigoso e hostil, ele encontra o personagem de Reynolds, um nômade que encanta o clã de Crug com seus modos modernos – especialmente sua filha mais velha.



Trailer:






















Deixe seu comentário:

Deixe uma resposta