Crítica: Amor (2012, de Michael Haneke)

Um casal, ambos na casa dos oitenta, músicos cultos e aposentados, têm seu amor testado quando ela, Anna, tem um ataque e passa a se tornar fisicamente dependente dele, Georges.

Amour (o título original desse filme francês) é o filme mais bonito e emocionalmente aquecedor lançado em 2012. E isso eu não digo sozinho. A maioria dos espectadores e críticos dizem o mesmo.

Ultimamente eu tenho visto um montão de filmes onde sou obrigado a fazer muito uso do controle remoto adiantando cena aqui e ali, momentos que para mim são desnecessários e que só empobrecem a produção. Isso não aconteceu enquanto eu assistia Amour. E olha que a principal (talvez única) queixa daqueles que não aprovaram o filme inteiramente é quanto aos seus momentos longamente estáticos demais. 


O diretor opta por mostrar uma ordinária platéia por alguns bons minutos, personagens sozinhos esperando em cômodos por tempo demais. Mas que ninguém se engane… São esses momentos de inquietante monotonia que fazem duas cenas chaves explodir em choque para o espectador, porque são tão poderosas crescendo no meio da calmaria toda, que foram duas cenas que me fizeram levar as mãos à cabeça e exclamar “M*rda, não!”

Outro motivo, além do fortíssimo par de cenas surpresas que não me permitiu fazer uso do controle remoto para adiantar, foi a atuação da divina atriz de 86 anos Emmanuelle Riva. Eu só não queria (não podia) perder nenhum minuto em que ela estava na tela. Ela tem toda uma linguagem corporal ao interpretar essa mulher que vai aos poucos perdendo os movimentos de todo o corpo, que muita atriz jovem por aí ainda nem sonha em ter.

Amour recebeu cinco indicações ao Oscar: Melhor Filme Estrangeiro (prêmio que levou merecidamente), Melhor Filme (o que seria exagero ganhar, já tendo o prêmio da categoria “estrangeira”), Melhor Roteiro (com seus diálogos existenciais inspiradores), Melhor Diretor (um trabalho competente do já consagrado Michael Haneke) e Melhor Atriz (Emmanuelle se tornando a atriz mais velha já indicada). 
Há algo de tão singelo, cativante e ao mesmo tempo estarrecedor nessa pequena história, que se torna gigante e épica emocionalmente sobre a relação desse comum casal da terceira idade. Eu sempre digo que o pouco, o simples, pode ser muito mais arrebatador do que o pomposamente grandioso. E aqui está o melhor dos exemplos. 

Não é um festival de efeitos especiais, não é um enredo complexo, não tem quatro horas de duração e nem custou meio bilhão de dólares (custou baixos $9 milhões e arrecadou suficientes $19 milhões mundialmente).  


Título Original: Amour

Direção: Michael Haneke

Duração: 127 minutos

Elenco: Emmanuelle Riva, Jean-Louis Trintignant, Carole Franck, Dinara Drukarova, Laurent Capelluto, Rita Blanco, Walid Afkir, Esabelle Huppert, Alexandre Tharaud, Damien Jouillerot, Jean-Michel Monroc, Ramón Agirre, Suzanne Schmidt, William Shimell e mais.

Sinopse: “Amour” trata da relação de um casal de idosos que tem de lidar com a proximidade da morte.

Trailer:

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