Falar desta trilogia é uma honra. Acredito que as novas gerações, que nasceram em 1996 para cá, não conheçam ou tenham conferido esta saga. Nesta mesmo época aí, até meados de 2000, lembro-me de vez em quando ver algum destes filmes na TV de noite. Na época era criança, então não recordo qual deles ou em que canal. Apenas lembro que me assustava e me divertia muito. Mas de 2011 para cá, com a facilidade da internet, pude rever as grandes sagas do terror. E A Morte do Demônio não foi diferente: assisti a trilogia de uma vez só. É uma das poucas vezes que você sentirá uma nostalgia grande ao rir em filmes de terror. Nesta última sexta-feira estreou nos cinemas brasileiros o remake de A Morte do Demônio, muito aguardado por mim e por muitos. Como preparativo para este esperado remake, lanço aqui as informações, curiosidades e minha opinião sobre esta clássica saga. Preparados para a viagem? Vamos lá:
1°- A confusão com os títulos:
Na época houve uma imensa confusão com os títulos dos filmes. O primeiro filme Evil Dead foi lançado em 1981, mas aqui no Brasil chegou somente em 1983 e foi lançado diretamente em VHS pela distribuidora Look Filmes, recebendo um misto do nome original com a tradução: Evil Dead: A Morte do Demônio. E foi um sucesso de vendas e aluguéis em VHS. O segundo filme lançado em 1987, Evil Dead 2, recebeu aqui o nome de Uma Noite Alucinante (WTF?). O terceiro filme se chamava no original Army of Darkness (seria algo como O Exército das Trevas). Mas aqui no Brasil teve o deslize de se chamar Uma Noite Alucinante 2. Tempos depois, toda a saga passou a se chamar Uma Noite Alucinante, colocando os três filmes em ordem; porém se distanciando do nome original que é A Morte do Demônio. Agora, o remake se chama A Morte do Demônio, tradução do título original The Evil Dead. Finalmente acertaram!
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| Momento nostálgico: a capa em VHS do primeiro filme, distribuído pela extinta LooK vídeo. |
2°- Sequências não sequências:
Como assim? Acontece que apesar de ser uma trilogia com o mesmo herói principal, todos os filmes não apresentam uma linha de continuidade. O primeiro é o primeiro, ok! O segundo é praticamente uma repetição do primeiro, porém com melhores recursos e efeitos especiais. Muitos consideraram na época, um remake. Talvez isto explique o porque deste segundo filme não receber o mesmo nome do primeiro. Então, o terceiro filme vem de onde parou o segundo, porém com muito mais recursos e num clima de aventura medieval. Todos os 3 filmes são bem diferentes entre si, ao mesmo tempo em que se copiam em algumas partes. Complexo, mas acabou dando certo, sendo assim uma das mais importantes sagas de terror de todos os tempos.
3°- Polêmicas:
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| O diretor Sam Raimi. |
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| O ator Bruce Campbell, interpreta Ash, o herói da trilogia. |
1) Os inocentes devem sofrer.
2) Os culpados devem ser castigados.
3) Deve provar o sangue para se converter em um homem.
4) Os mortos se levantarão.
*O filme foi gravado por Sam quando tinha apenas 20 anos. Com uma equipe de 37 pessoas, gravou durante 3 meses nas montanhas de Tennessee.
*O roteiro original previa que todos os personagens estivessem fumando maconha ao ouvirem pela 1ª vez a fita. Os atores resolveram fumar de verdade ao rodar a cena, mas a idéia não deu certo. O comportamento deles obrigou que a cena fosse posteriormente regravada.
Crítica: A Morte do Demônio (remake 2013) – Um espetáculo de sangue e demonismo.
Direção: Federico Alvarez
Elenco: Jane Levy, Shiloh Fernandez, Jessica Lucas, Elizabeth Blackmore, Lou Taylor Pucci.
Sinopse: Mia (Jane Levy), uma jovem marcada pelas perdas que sofreu e pelo vício em drogas, pede ao irmão, David (Shiloh Fernandez), à namorada dele, Natalie (Elizabeth Blackmore), e aos seus amigos de infância, Olivia (Jessica Lucas) e Eric (Lou Taylor Pucci), que a acompanhem até a cabana rústica da família para ajudá-la a superar os seus demônios. Chegando lá, numa cerimônia solene na presença dos amigos, ela se desfaz das últimas drogas que ainda lhe restam e jura se manter longe das drogas de uma vez por todas. Ao entrarem na casa, eles ficam chocados ao descobrirem que a cabana abandonada havia sido invadida. O porão foi transformado num altar grotesco rodeado por uma dúzia de animais mumificados. Eric fica fascinado por um livro antigo que ele descobre no local. Atraído pelo seu conteúdo misterioso, ele o lê em voz alta, sem jamais suspeitar das consequências terríveis que este gesto está prestes a desencadear. Quando a abstinência de Mia se agrava, ela perde o controle e tenta fugir, mas acaba retornando, apavorada com uma visão aterradora. Na cabana, seu comportamento se torna tão violento que seus amigos se veem forçados a acorrentá-la. Presos dentro da cabana por conta de uma perigosa tempestade que assola a região, eles começam a se voltar uns contra os outros. À medida que brutalidade dos seus ataques se intensifica, David terá que encarar uma escolha inimaginável.
A trilogia A Morte do Demônio, também conhecida como Uma Noite Alucinante, aqui no Brasil; é uma das mais amadas e conceituadas sagas de terror da história. O ótimo diretor Sam Raimi e o seu amigo de faculdade e produtor, que também é o herói da franquia, Bruce Campbell; criaram uma obra prima que foi copiada e reverenciada pelo mundo todo. Com quase nada de recursos, fizeram de Evil Dead um clássico absoluto e um dos melhores shows de horror trash de todos os tempos. Com a equipe do original e o próprio Raimi na produção, o novato e corajoso Federico Alvarez na direção e a promessa de um filme à moda antiga, A Morte do Demônio era o terror mais esperado dos últimos anos, e talvez para alguns, o filme mais esperado do ano. Teve uma excelente campanha de marketing, com fotos grotescas e um cartaz prometendo “o filme mais apavorante que você veria em sua vida”.
Começo falando dos pontos negativos. Bem, devo alertar que houve bastante sensacionalismo em volta daquele trailer para maiores de 18 anos (trailer Red Band) e o tal cartaz apelativo. Tudo foi cunho comercial, para realmente causar curiosidade. Notamos que a equipe e o estúdio (Sony) se levaram muito a sério em torno do filme. Sério até demais. Realmente, o filme não é o mais assustador que você verá na vida. Há sustos bons, mas são poucos e nada que você já não tenha visto. Muitos tem reclamado da falta de humor negro, uma característica da trilogia antiga. Realmente é estranho não ter aquele humor, as cenas trash, a risada maléfica e outros elementos. O filme é sóbrio e se leva a sério o tempo todo. Isto irá afastar os fãs mais ávidos e fanáticos do original. Mas para mim não foi um problema tão grande. Hoje em dia as novas gerações não conhecem muito bem e não curtem o humor negro trash. Uma pena. Então foi necessário adotar este ar de sério.
Diferente do antigo, aqui o demônio aparece, em forma feminina. Achei interessante, e o demônio se movimenta como os fantasmas orientais. O visual dos cenários, da floresta, da cabana, tudo é velho, sujo e assustador. O próprio livro é sinistro, cheio de símbolos macabros e demonismo. Há cenas onde lama, água, folhas, tudo escorre, passando a impressão de caos. Uma cena onde uma fraca lâmpada é acesa, e uma goteira escorre água por ela. Tudo é imperfeito e danificado. Uma direção de arte minimista e bem feita. Aliás, notei que tentaram ser o mais simples e minimista o possível, para passar realidade; e logo depois, entregar todo o potencial. O demônio, que a princípio possui a protagonista Mia, na reconstrução da famosa cena em que a floresta estupra ela; começa a matar e repossuir um por um deles. Sim, com uma estória extremamente simples, o grande trunfo é o show de horror.
O sangue, o gore, a carnificina, tudo é digno de mestre. O uso de maquiagens e sangue falso deixa tudo com um gosto a mais. Nada de CGI e efeitos computadorizados. Apesar de ser mais demorado, a ótima maquiagem é surreal. Carnes em decomposição e pútridas são de enojar. A violência é extrema, para os dias de hoje, claro. Não é atoa que o filme é para maiores de idade. É muito, mas muito violento. Chega perto do extremismo dos polêmicos e proibidos Centopeia Humana. O diretor não nos poupa de mostrar quase em detalhes cabeças esmagadas, cortes na pele, línguas mutiladas, braços decepados, etc. O sangue jorra longe, tapando tudo de vermelho. É nojento, é brutal e é macabro. Os elementos malignos e sobrenaturais aqui vem acompanhados de uma violência carnal forte. O final é insano, o que muitos vem chamando de épico. Eletrizante e um raro exemplar de “banho de sangue”.
Sim, se o filme está passando no cinema de sua cidade, você tem mais de 18 anos; pague o preço do ingresso e assista na grande sala de cinema. O filme vale a pena e conseguirá agradar a muitos. Se você é sensível e comprar pipoca e guloseimas, coma no início do filme. Depois disto não conseguirá. Vou ser justo e franco: não é melhor que a trilogia. Não bate o original de 1981. então respeito a opinião dos fãs da saga original. Mas me irrito com este público moderno que está reclamando do filme pelas suas cenas nojentas, mas estas mesmas pessoas consideram Atividade Paranormal terror de verdade. Eu até gostei dos dois primeiros, mas Atividade Paranormal deixa a desejar e se tornou chato com tantas sequências. Mesmo que com poucos sustos, A Morte do Demônio é um dos melhores remakes já feitos, entregando um espetáculo de violência e gore. Claro que se filmes deste tipo já fossem feitos nos anos 2000, este seria fraco, devido ao roteiro raso. Mas na falta de filmes de terror modernos bons, A Morte do Demônio é excelente por justamente apostar na simplicidade e violência. Então, pare de comparar com os clássicos e compare somente com os filmes de terror moderno. Aí sim você verá que tem uma pérola nas mãos.






































































