Direção: Ang Lee
Elenco: Gérard Depardieu, Irrfan Khan, Tabu, Suraj Sharma, Adil Hussain, Ayush Tandon e Rafe Spall.
Sinopse: Em As Aventuras de Pi um menino perde a família em um naufrágio e passa 227 dias à deriva em um bote salva-vidas na companhia de ninguém mais além de um tigre-de-bengala. O garoto sobrevive e hoje é casado e pai de família. Difícil de acreditar, não é? Mas Piscine Patel, o Pi, personagem principal da ficção As aventuras de Pi, passou por isso.
Curiosidade:
* Baseado no best-seller de Yann Martel
Oscar: concorreu em 11 categorias: Melhor Filme, Diretor para Ang Lee, Roteiro Adaptado, Trilha Sonora, Canção Original por Peace Lullaby, Fotografia, Edição, Direção de Arte, Edição de Som, Mixagem de Som e Efeitos Especiais. Ganhou 4: Melhor Diretor para Ang Lee, Trilha Sonora, Fotografia e Efeitos Especiais.
Ang Lee é um diretor extraordinário. Cada um de seus filmes recebem um toque íntimo, forte, gracioso ou polêmico. Ele tem uma visão clara do que quer mostrar e acaba realizando trabalhos impressionantes. Tirando sua escorregada no filme Hulk (até gosto, mas foi massacrado por fãs e críticos), Ang Lee possui uma madura e ousada carreira. Começou fazendo certo sucesso com Razão e Sensibilidade, mas viria a ser idolatrado com seu O Tigre e o Dragão. Depois veio Hulk, e após isso fez o polêmico O Segredo de Brokeback Montain, vencedor de alguns Oscar em 2005, incluindo de Melhor Diretor. Se tornou assim o primeiro diretor asiático a ganhar um Oscar nesta categoria. Depois de um tempo fazendo produções de menor porte, ele retorna com As Aventuras de Pi, que além de gerar um grande lucro, venceu 4 Oscar, ganhou pela segunda vez o Oscar de Melhor Diretor e se firmou de uma vez por todas como um dos mais sólidos diretores da atualidade.
No elenco, ninguém compromete. Todos se saem satisfatórios. O francês Gérard Depardieu (que já foi queridinho de Hollywood nos anos 80 e 90), faz um pequeno papel aqui, fundamental para todo o resto. O elenco coadjuvante todo se sai bem. Irrfan Khan (indiano relativamente conhecido), que interpreta Pi quando adulto, é a carga emocional no futuro, tendo um belo destaque final. Tabu interpreta a mãe de Pi, e apenas comento quão belas são as atrizes indianas. Rafe Spall é o escritor que procura Pi para conhecer sua história. Também tem um cena em que entrega certa carga dramática, incrível. Mas como a maior parte do filme é sobre o garoto em mar aberto com um tigre, o único que aparece bastante é Suraj Sharma, que praticamente carrega o filme nas costas. Mesmo sendo seu primeiro trabalho, ele entrega tudo que pode, tanto no esforço físico como no olhar melancólico.
Trilha sonora arrepiante, arrebatadora, estarrecedora! A trilha sonora reforça todos os outros aspectos do filme, facilitando você se emocionar, ficar atento sem piscar o olho e até mesmo chorar. A fotografia é matadora (embora eu considere computadorizada demais). Mas não nego que merece mérito, pois é um deslumbre visual. Os efeitos especiais são os mais fantásticos desde Avatar (em 2009). Incrível como atingimos a perfeição neste sentido. Sinceramente não sei o que será daqui para frente. Embora eu não tenha conferido o 3D, foi unanimidade os elogios, dizendo ser de deixar a “boca aberta”. As Aventuras de Pi é um deslumbre visual, cheio de significados e metáforas em forma de imagens, às vezes sem uma única palavra; apenas com a belíssima trilha sonora, ajudando a arrepiar ainda mais.
Deixei para falar do roteiro e sua mensagem no final, de propósito. No início conhecemos a simpática história de Pi, e porque ele se chama assim (é hilário). Conhecemos diversas personagens que não farão parte da trama central, mas servem apenas para ajudar a Pi a se tornar quem é, o que será fundamental na sobrevivência. Este inicio também é fundamental para criarmos carisma com Pi, antes de toda a tragédia. Ele procura a verdade, seguindo diversas religiões ao mesmo tempo. Neste quesito fica a primeira ambiguidade. Ele encontra Jesus, Alá ou Deus em todas religiões? Ou será que não há o que encontrar, exceto se acreditarmos? Esta dúvida será fundamental para os momentos finais. Assim, a família de Pi parte rumo ao Canadá, com o zoológico no qual seu pai é dono, à bordo de um navio. Como você bem sabe, há um terrível tempestade, onde nosso herói acaba em um bote salva-vidas, junto com alguns animais. Devido ao pequeno ambiente, fome e insolação, logo restará apenas Pi e o temido tigre Richard Parker (há uma irônica história do porque desse nome). Começa a luta pela sobrevivência: Pi deve se manter vivo, enfrentar tempestades em auto-mar, além de alimentar Richard Parker para que este não o devore.
Nesta saga de sobrevivência, grandiosos efeitos especiais são utilizados. Desde a baleia jubarte até um cardume de peixes voadores, tudo é visualmente perfeito. Destaque para o som das rajadas dos saltos dos peixes. Céu e mar se mesclam nas cenas, onde às vezes não sabemos o quê é o quê; ou onde acaba um e começa o outro. Tudo começa a ganhar simbolismos, metáforas e imaginações. Há um lindo momento onde Pi enxerga os animais do zoológico, seus parentes, sua amada, tudo em forma de um brilho azul, no fundo do oceano; ao mesmo tempo que as estrelas infinitas refletem na água. E a trilha sonora acompanha de maneira emocionante. Sua mente, seu coração e seus olhos se enchem de graça e melancolismo. Há uma perfeição em cada cena deste filme. Uma cena específica também arrepia: Richard Parker, o tigre; fica á beira do bota, olhando o infinito do mar à noite. O que ele pensa? O que esta cena significa? É algo assustadoramente lindo, uma poesia visual; um momento lírico nunca antes visto na história do cinema.





























































