Crítica: Infiltrado (2021, de Guy Ritchie)

A frase popular “A vingança é um prato que se come frio” faz todo sentido quando assistimos ao filme. Entramos de cabeça em um submundo onde muitos nem sabem da existência. A princípio nosso personagem principal “H” (Jason Statham) é uma peça em algo que está para acontecer. Infelizmente seu movimento nesse jogo, que aparentemente era inofensivo, fez com que alguém que ele amava fosse morto, a partir daí que o filme começa. Confira o que achamos a seguir e cuidado com os spoilers!!!

Particularmente, gosto de poucos filmes de ação, muitas vezes são filmes rasos e sem muito roteiro, o que não acontece aqui. A direção de Guy Ritchie deve ser o diferencial, conhecido de outros filmes como Snatch, há sempre muito mais acontecendo do que realmente parece.

H entra de cabeça em uma perseguição silenciosa e sangrenta para saber quem estava por trás da morte de seu filho, ao mesmo tempo, fica ambíguo até onde seu poder vai, já que nada é realmente esclarecido quando o assunto é seu trabalho. Não sabemos ao certo seu envolvimento com a polícia nem com os bandidos, que visivelmente trabalham para ele. Podemos deduzir que ele talvez seja uma peça coringa no meio disso tudo. O caso é, o filme trabalha essa ambiguidade de bem e mal, dinheiro e poder muito bem. Por diversas vezes, quando um bando é pego por seus homens e fica claro que eles não estiveram envolvidos no roubo que ele queria, não há perdão, já que todos são de alguma forma culpados, mas ao mesmo tempo, as vítimas que estavam ali são muitas vezes recompensadas por ele.

Ao passo que a empresa de segurança de carros fortes, onde ele se infiltra, para tentar descobrir algo sobre o fatídico assalto, demonstra muito mais corrupção do que deveria. Duas coisas básicas que todo filme traz é que quando misturamos dinheiro e poder, nossa percepção sobre certo e errado fica estremecida e fazemos aquilo que acreditamos que merecemos.

No fim do dia, somos apresentados a uma história complexa e cheia de nuances e reviravoltas, onde os mocinhos é que são os bandidos e os bandidos, bem, não são tão mocinhos assim. A dualidade apresentada aqui é o forte da história, somos levados a um mistério que aos poucos vai se desconstruindo com imagens do passado e presente. A forma que Guy por diversas vezes grava as cenas é interessante, por dar uma perspectiva única daquilo que está acontecendo no momento, muitas vezes sem nem mostrar de fato, mas nos deixa a par da situação e deduzimos o que possa ter acontecido. O tom da fotografia é fria e melancólica e nos remete a uma certa notoriedade do que está por vir. Tudo é cinza e obscuro, seja dia, noite, dentro das instalações de segurança dos carros-fortes ou mesmo nas roupas usadas pelos personagens.

Também somos levados a entender o quanto a ganância pode nos fazer se voltar contra aqueles que, um dia, consideramos amigos, família e principalmente, nos fazer virar as costas para a moralidade e literalmente, abraçar a corrupção, só porque podemos ou porque sabemos que somos bons demais para isso ou para aquilo e merecemos ser reconhecidos, mesmo que seja necessário lavar as mãos em sangue. O filme é simplesmente excelente!

Título Original: Wrath of Men

Direção: Guy Ritchie

Duração: 119 minutos

Sinopse: Patrick Hill (Jason Statham), conhecido apenas como “H”, é um homem misterioso que trabalha para uma empresa de carros-fortes e movimenta grandes quantias de dinheiro pela cidade de Los Angeles. Quando, ao impedir um assalto, ele surpreende a todos com suas habilidades de combate, suas verdadeiras intenções começam a ser questionadas e um plano maior é revelado.

Elenco: Jason Statham, Holt McCallany, Rocci Williams, Josh Hartnett, Jeffrey Donovan, Scott Eastwood, Andy García, Deobia Oparei, Laz Alonso, Raúl Castillo, Chris Reilly, Eddie Marsan, Alex Ferns, Niamh Algar, Post Malone, Lyne Renee, Anthony Molinari, Tadhg Murphy, Babs Olusanmokun, Darrell D’Silva

TRAILER:

Conta para gente o que achou da crítica!

Deixe uma resposta