Crítica: Cyberpunk 2077 (2020, de CD Projekt RED)

O ano era 2012 e a então pequena produtora polonesa, CD Projekt RED, anunciava seu novo título para os videogames, o Cyberpunk 2077.  Nessa época, com uma repercussão bem mais “modesta”, isso mudaria com o lançamento de The Witcher 3: Wild Hunt, jogo responsável por alçar tanto a franquia, quanto a própria CD Projekt, à outros patamares. Mas será que depois de quase uma década de promessas e expectativas, a espera pelo ambicioso game valeu a pena?

Concept Art de Night City

Lançado para PlayStation 5, Xbox Series X, Xbox One, PlayStation 4, Stadia e PC; o jogo eletrônico adapta e dá sequência ao RPG de mesa Cyberpunk 2020, nos levando à Night City, uma das últimas megalópoles restantes neste futuro sombrio. Lá todos estão buscando por poder, e as grandes corporações andam lado a lado com o crime organizado. É sobre tal perspectiva que controlamos V, o protagonista dessa história cheia de possibilidades e ação, ambientada em um mundo aberto massivo, visto em primeira pessoa com a desculpa de aumentar a imersão narrativa.

De fato ela funciona, não demoramos para nos sentir totalmente envolvidos pela distópica cidade, mesmo com um enredo bem aquém do imaginado. Nem a presença de Keanu Reeves como o rockeiro anarquista Johnny Silverhand consegue dar uma profundidade maior para a trama. Ainda assim toda a criação e customização dos itens, de V, sua interação com os NPC’s (personagens não jogáveis), além das infinitas escolhas possíveis, literalmente dão vida ao game. Diversas opções de skills, exploração, diálogos, relacionamentos, abordagem em missões e caminhos a seguir; são só alguns dos exemplos.  

Criação de personagem
Customização

De todo modo, vale pontuar que por mais válida que seja essa justificativa, passar horas arrumando seu personagem para sequer velo direito durante o gameplay, soa um tanto contraditório, porém isso está longe de ser considerado um defeito, já que essa preferência de primeira ou terceira pessoa é uma questão de gosto pessoal. Na verdade, no que se refere à jogabilidade as falhas estão mesmo no hype estabelecido pela produtora.

A experiência em algum momento fica ruim ou chata? De maneira alguma, mas nem em seus melhores momentos é tão grandiosa ou estarrecedora quanto vendida nos trailers e materiais promocionais. O jogo não melhora em nada o que já foi visto em títulos como GTA, Mass Effect, Skyrim ou o já citado The Witcher; diferindo ainda para baixo quando analisamos a física, potencial gráfico e inteligência artificial presentes na cidade fictícia. Detalhe que dos games mencionados, o mais recente é The Witcher 3, lançado pela própria CD Projekt em 2015, 5 anos antes de Cyberpunk.

Ressaltando apenas, quando falo da física ou dos gráficos, eles não são ruins, somente nada de novo, inclusive com inúmeras facilitações como NPC’s genéricos repetidos aos montes e carros atravessando uns aos outros como se fossem a coisa mais natural existente. No entanto são tantas coisas à se fazer no game como disputar rachas, entrar em tiroteios, hackear objetos, upar V, ou ajudar seus amigos de Night City, que até mesmo esses pontos negativos podem passar despercebidos para alguns.

Antes de partir para os reais defeitos do jogo, permita-me voltar para um ponto da história e que fará link com essa questão das possibilidades em 2077. O enredo é dividido entre tarefas principais, secundárias, e não seria exagero dizer em terciárias e quaternárias também, mas que só se sustentam pela sensação de causa e consequência entre elas, que novamente, dão vida à esse mundo; porque a trama principal é bastante curta comparada à de outros projetos de mesmo tamanho.

Dirigindo pela cidade
Entrando em um tiroteio
Interagindo com outros personagens

Como dito, esses pontos por mais pertinentes que sejam, poderiam ser irrelevantes no fim de tudo, já que o fator diversão é o que mais conta para um bom game, porém é aqui que nasce o desastre de Cyberpunk, ele veio rechaçado de bugs que comprometem diretamente seu gameplay. Esses bugs vão desde coisas simples como questões visuais até missões impossíveis de serem completadas, devido à travamentos ou falhas no cerne do jogo. Por exemplo, você derrota um inimigo que dropa uma arma rara, ao tentar pega-la você nota que simplesmente não dá, já que ela está flutuando e o personagem não reconhece esse item; ou ainda no meio do confronto você percebe que irá perder e tenta fugir, você pula com V por uma janela achando que está seguro, para só depois ver que está preso em uma sala vazia e não consegue mais sair de lá, sendo obrigado à voltar o save.

Bugs infelizmente são comuns na indústria dos games, mas aqui estão fora de controle, diversas dinâmicas base de Cyberpunk como as ações da polícia, ou o sistema de ligação e troca de mensagens com os demais NPC’s de Night City, são frustrantes e problemáticas. Não bastando, ele fora anunciado antes mesmo da existência do Playstation 4 e Xbox One, ainda assim em seu lançamento, as versões para esses consoles saíram praticamente insustentáveis, com além dos bugs, o jogo fechando sozinho a qualquer momento.

A empresa explicou-se dizendo que ele havia sido feito pensando na nova geração de aparelhos, o que não convence pela divulgação mentirosa por parte deles e os suscetíveis adiamentos do game. Até hoje, 8 meses depois de lançado e de incontáveis patches de correções, ele ainda não é 100% estável.     

Bugs
Como deveria aparecer

Como alguém que gostou da experiência num geral, eu afirmo, se não fosse o ego da CD Projekt em prometer algo maior do que estava ao seu alcance e, consequentemente sem os bugs, Cyberpunk seria um game nota 7 para cima, já que ele é realmente imersivo, e a estética de futuro distópico casa perfeitamente com esse “simulador de vida real” megalomaníaco. Mas com o resultado apresentado e conteúdos adicionais comprometidos, levando em conta também o preço de um jogo aqui no país, com certeza não recomendaria Cyberpunk 2077 para ninguém, ao menos não nessas condições. Destaque para a ótima localização do game para português do Brasil.

V e sua moto

Título Original: Cyberpunk 2077 

Diretor: Adam Badowski 

Roteiristas: Marcin Blacha, Jakub Szamałek, Stanisław Święcicki

Desenvolvedor: CD Projekt RED 

Publicadora: CD Projekt RED 

Plataformas: PlayStation 5, Xbox Series X, Xbox One, PlayStation 4, Stadia e PC 

Duração: Média de 20 à 100 horas 

Lançamento: 10 de Dezembro de 2020 

Elenco: Keanu Reeves, Cherami Leigh, Gavin Drea, Kamil Kula, Lidia Sadowa, Jason Hightower, Michael-Leon Wooley, Bryan Dechart, Amelia Rose Blair, Samuel Barnett, Grimes, Mark Holden e mais.

Sinopse: O Cyberpunk 2077 é uma história de aventura e ação de mundo aberto ambientada em Night City, uma megalópole obcecada por poder, glamour e modificações corporais. Você joga como V, um bandido mercenário em busca de um implante único que é a chave para a imortalidade. Você pode personalizar o cyberware, as habilidades e o estilo de jogo do seu personagem e explorar uma vasta cidade, onde as escolhas moldam a história e o mundo ao seu redor.

Trailer:

E para você, Cyberpunk 2077 é o jogo do ano ou uma decepção? Comente, curta e compartilhe!!!

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