Crítica: Superman e Lois (2021, de Greg Berlanti e Todd Helbing)

Conhecido como o super-herói mais importante da história, o Superman, criação dos judeus Jerry Siegel e Joe Shuster, possui uma longa e conflituosa saga de representação em outras mídias no audiovisual. Desde as clássicas como na televisão com George Reeves ou no cinema pelo saudoso Christopher Reeves, ou até as mais atuais como a da série querida Smallville, até a mais recente na era Zack Snyder estreada pelo Henry Cavill, onde por mais que seu caminho ande entre o aclamado e o controverso, ganhou o coração de milhares de fãs ao redor dos seus mais de 80 anos de existência.

Porém, a maior constante de erros entre as representações do herói da DC no audiovisual sempre demonstrava que faltava algo que possa trazer a glória e até mesmo o valor simbólico do personagem, afinal não é fácil escrever uma história muito profunda e humana de um ser considerado perfeito por muitos admiradores, o que faz levar a soluções preguiçosas de transformar o último filho de Krypton em ameaça. Porém, em meio a um período de incerteza e dúvidas sobre o destino do personagem no cinema, é no lugar mais improvável que surge uma das melhores versões do Superman, ou se depender de certo ponto de vista, a melhor na atualidade.

Originado da emissora CW, considerada infame pelos fãs da DC Comics, por causa de produções do Arrowverse, e com a distribuição no Brasil pelo HBO MAX, o seriado não busca seguir maneirismos e fórmulas dos seriados anteriores de sucesso duvidoso como The Flash e Arrow, e opta em dar uma carga dramática e até mesmo grandiosa tanto em produções quanto em roteiro, para demonstrar não apenas o poder do Superman, como também a representação do lado mais desafiador do personagem: o lado humano.

Estrelado pelo Tyler Hoechlin, o seriado segue o Superman não apenas como o maior defensor da Terra, mas também como o Clark Kent, um homem casado com Lois Lane (Elizabeth Tulloch) e pai de dois filhos, Jonathan (Jordan Elsass) e Jordan (Alex Garfin), percebendo que a sua rotina agitada salvando o mundo e tendo uma vida dupla de repórter no Planeta Diário não é o suficiente para fazer sua família unida e feliz. Então Clark decide se mudar para sua cidade da sua infância Smallville com a intenção de trazer uma vida melhor para os seus filhos, até que uma grande conspiração na cidade revela inimigos que podem ter conexão com o passado alienígena de Clark Kent.

Não é de hoje que Hoechlin interpreta o Homem de Aço, elogiado desde sua apresentação na série Supergirl, o ator entrega o que faltava muito do personagem de hoje em dia. Traz o carisma simpático e esperançoso do personagem, porém não ocultando a imponência e força do poder do herói, sabendo equilibrar o humor com o drama, Hoechlin respeita a todo o momento as atitudes que o Superman deve representar, até mesmo alternando para o Clark pai de família, onde é possível ver o amor familiar entre a esposa e filhos.

Falando em esposa, Elizabeth Tulloch rouba boa parte do seriado entregando uma Lois Lane que muitos fãs da mitologia do Homem de Aço tanto esperavam, sem ser apenas a “namorada do Superman”, Elizabeth compõem o caráter investigativo e presença de luta, pelo seu direito como jornalista, tendo atitudes fortes, mas sem desprender do sentimento materno, relembrando até mesmo a Margot Kinder nos filmes clássicos do Christopher Reeves.

Somado a ótimas atuações, é possível notar o alto investimento que a emissora trouxe para o seriado. Com uma fotografia mais escura e paleta de cor mais natural e escura, dando uma impressão que relembra a estética intimista do Zack Snyder na sua versão do herói em O Homem de Aço, a série ganha pontos pela qualidade artística e até cinematográfica, especialmente em trilha sonora, com uma amplitude de alcance emocional no espectador que pode até emocionar aqueles que buscam o entretenimento de quadrinhos, e também consegue emocionar quem não curte esse universo. O que por um lado cativa no emocional, muitas vezes deve em outros quesitos na direção de arte, como, por exemplo, o local de importância na mitologia do Superman, a Fortaleza da Solidão. É um visual muito ínfimo comparado ao que se conhece nas representações do personagem, provavelmente pelo orçamento limitado.

Retomando a representação humana do Superman, o seriado busca mostrar o cotidiano dos personagens em Smallville, cujo mistério vai se encaminhando ao longo da semana e garante revelações que fisgam muitos fãs do herói que conhecem a fundo a mitologia do kryptoniano, o que muitas vezes pode confundir os espectadores médios que não conhecem certos personagens. Além do fato de que a trama ao longo da temporada não segue o padrão narrativo de muitas séries da CW, como a inexistência de fillers de “casos da semana”, pelo contrário a trama anda ao longo dos episódios e sempre deixando um gancho para continuar, que deixa até uma vontade de maratonar, se possível no streaming. Por um lado a trama deixa um pouco a desejar no núcleo adolescente dos filhos do Superman, que começa bem ao introduzir temas atuais como ansiedade social e depressão, mas que rapidamente são deixados de lado para focar em dramas do gênero mais genérico do que os habituais, o que inevitavelmente se torna esquecível depois da temporada se encerrar.

Carregado de emoção e de espírito otimista que o personagem tanto necessitava em tempos sombrios em que vivemos, Superman e Lois é uma surpresa para os fanáticos da DC, pois depois de uma sucessão de fórmulas e de modelos batidos em seus seriados, a CW entrega uma obra que possui cuidado de produção e roteiro, conseguindo abordar de forma natural o lado humano do Homem de Aço, sem soar artificial e óbvio. Carregado de atuações carismáticas e de muita emoção, esta nova série entrega o que Superman sempre deveria ser, não um ser onipotente que salva o nosso mundo, e sim um alienígena que abraçou à Terra em prol da esperança e da bondade no ser humano.

Titulo Original: Superman and Lois

Direção: Greg Berlanti e Todd Helbing

Episódios: 15 episódios

Duração: 40 – 45 minutos

Elenco: Tyler Hoechlin, Elizabeth Tulloch, Jordan Elsass, Alex Garfin, Erik Valdez, Inde Navarrette, Wolé Parks, Adam Rayner, Dylan Walsh, Emmanuelle Chriqui.

Sinopse: Superman percebe que não basta salvar o mundo todo dia se não consegue ficar perto de sua família, o que faz ele se mudarem para sua cidade de infância em Smallville, o que não impede de uma grande conspiração ocorrendo nos arredores da cidade.

Trailer:

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