Crítica: O Buscador (2021, de Bernardo Barreto)

O longa-metragem brasileiro que chega aos cinemas essa semana, aborda a narrativa de um país corrompido e fragmentado, assim como a família de Afonso (Mário Hermeto). Um homem envolvido em um dos maiores escândalos políticos do país. Isabela (Mariana Molina), é um dos filhos de Afonso, deixou sua vida de luxo e conforto para viver em uma comunidade sustentável e que prega o amor livre. Comunidade essa liderada por Giovanni (Pierre Santos), parceiro de Isabela e um homem que com seu jeito simples, mas muito intelectual, tem muito a ensinar para a família de Afonso.

Após quatro anos, Isabela retorna a casa dos pais para um almoço de dia dos pais, ao chegar já se depara com uma manifestação acontecendo na porta da casa. A partir dali, já dá pra perceber que voltar talvez não tenha sido uma boa ideia. Mas, ela segue na visita, apresenta seu namorado para os pais e o irmão Thiago (Bruno Ferrari). De quebra, o almoço conta ainda com a presença de seu ex-noivo Max (Erom Cordeiro) e com sua atual namorada Sabrina (Monique Alfradique).

Com todos reunidos desencadeiam-se diversos conflitos entre os membros da família e muitos segredos são revelados. Basicamente o filme inteiro gira em torno desses conflitos familiares, mas que expressam problemas sociais muito comuns. Pode-se dizer que a família é abordada como um laboratório da sociedade brasileira.

O enredo instigante e num contexto que poderia facilmente ser uma história real tem o roteiro assinado e dirigido por Bernardo Barreto. O longa-metragem já levou pelo menos três prêmios em festivais internacionais, sendo eles: Prêmio Especial do Júri do Tallinn Black Nights Film Festival 2019 (Festival de Cinema POFF 2019), Melhor Diretor Artístico no Festival de Cinema Independente de Montreal e Melhor Ator e Atriz coadjuvante no Festival CinePE.

O Buscador é quase todo em plano-sequência, o que chama muito a atenção em uma produção como essa, gravada toda em uma única locação. Porque fora a casa, a única locação diferente é a da comunidade em que Isabella vive. Mas, dessa forma o diretor transforma a experiência do expectador mais imersiva, como se fizesse parte daquilo tudo. Isso acontece principalmente durante a cena mais conflitante do filme, o almoço em que o filme roda a partir do ponto de vista de Giovanni que é a peça chave dos conflitos e talvez a pessoa mais sensata dentro daquela casa.

É o tipo de filme que pode dividir opiniões, agradando aqueles que tem a sensibilidade de perceber no drama familiar e nos diálogos, problemas recorrentes na sociedade, enquanto aqueles que não são muito adeptos a filmes mais lentos, em que o forte são os diálogos e a troca direta entre os personagens pode não curtir tanto. Mas, dado o momento de lançamento e a sua temática, o dia dos pais pode ficar interessante assistindo esse filme com seu pai, seus familiares ou amigos.

Título Original: O Buscador

Direção: Bernardo Barreto

Duração: 86 minutos

Elenco: Mariana Molina, Pierre Santos, Debora Duboc, Mário Hermeto, Bruno Ferrari, Erom Cordeiro, Luiz Felipe Melo, Aline Fanju, Monique Alfradique.

Sinopse: Em O Buscador, Isabela (Mariana Molina) é filha de um poderoso político e cresceu cercada de todo tipo de luxo. Porém, ao se apaixonar pelo líder de uma comunidade sustentável e que prega amor livre, ela deixa sua vida de confortos para trás. Quando, quatro anos mais tarde, ao tentar se reaproximar da família, ela descobre que seu pai está envolvido em um dos maiores escândalos de corrupção do Brasil, Isabela precisa enfrentar os fantasmas de seu passado.

Trailer:

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