Alice e Peter: Onde Nascem os Sonhos (2021, de Brenda Chapman)

Clássicos infantis sempre me chamaram a atenção, na infância, na adolescência e até mesmo agora, na fase adulta, e, por incrível que pareça, Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll, e Peter Pan, de J. M. Barrie, são minhas histórias preferidas. Dito isso, não é surpresa alguma que, no instante em que li o título Alice e Peter: Onde Nascem os Sonhos, fiquei interessada em assistir ao filme. Minhas expectativas, contudo, já não eram muito altas, porque eu sabia que muita coisa podia dar errado, principalmente ao misturar duas histórias, mas a verdade é que nós nunca estamos preparados o suficiente para uma verdadeira decepção.
De forma alguma eu sou o tipo de pessoa que é contra mexer nas histórias originais, veja bem. Para mim, Peter Pan (1953 e 2003) e Alice no País das Maravilhas (2010) são filmes que, apesar de seus pesares, todo fã desses contos deveria ver – e essa é uma opinião que eu considero impopular, pelo menos em se tratando da adaptação do Tim Burton –, então eu não teria problema algum em ver umas coisas novas relacionadas a esses universos. Aqui, o problema não é este. O que ocorre não é invenção demais ou invenção de menos, é uma desorganização sem precedentes que acabou tornando o longa confuso e desinteressante.


O filme segue Alice, Peter e David, irmãos muito imaginativos que estão sempre brincando de hora do chá, esconde-esconde e piratas, e embora ainda sejam crianças, recusam-se a crescer. Isso até David ser aceito em um internato e seus pais fazerem planos de mandá-lo morar com a tia. Porém, antes que ele pudesse ter a chance de arrumar as malas, uma tragédia acomete sua  família, e Alice e Peter embarcam numa aventura a fim de ajudar seus pais.

Sinceramente, o filme se perde tanto no que ele quer que é difícil dizer qual é a finalidade da história, até porque mesmo as personagens de ambos os contos se misturam. Alice é, obviamente, Alice, mas também é a princesa Tigrinha. Peter é Peter Pan, mas David, por um momento, também é – ou parece ser. Temos também a Rainha Vermelha e a Rainha Branca, o Chapeleiro Maluco e o Capitão Gancho, mas nenhum deles parecem se encaixar na narrativa.

As personagens não parecem ter propósito, as coisas parecem acontecer só porque sim, cenas começam e não terminam, isso além das atuações que deixam a desejar, dos diálogos mal construídos e da montagem embaralhada que mais atrapalha do que ajuda. Do roteiro de Marissa Kate Goohill à direção de Brenda Chapman (Valente), o filme saiu tanto dos trilhos que é difícil imaginar como conseguiram (1) tantos atores de renome que nós sabemos que são bons e (2) financiamento para tirar esse projeto do papel. Para não dizer que nada se salva, a trilha sonora é boa e combina com a ideia do filme, embora não se encaixe tão bem assim no que ele é.
De fato, é uma pena isso ter acontecido, porque não é sempre que se consegue um elenco racialmente diversificado para contar histórias clássicas infantis, ainda mais com direção e roteiro formados por mulheres. Mas mesmo se tivessem trocado todo o elenco, a direção e o roteiro, acredito que o resultado ainda seria ruim, porque o problema não se deu em uma coisa ou outra, mas no geral, como se fosse algo intrínseco à própria elaboração da ideia.


Sendo assim, para a tristeza de muitos, Alice e Peter: Onde Nascem os Sonhos é um filme 
cansativo, sem uma linha narrativa definida e que não se sustenta. Ainda assim, aguardo pelos trabalhos futuros de todos os envolvidos, porque, com base nos históricos tanto de Chapman quanto dos atores, por exemplo, sabemos que eles ainda têm muito a oferecer.

Título Original: Come Away

Direção: Brenda Chapman

Duração: 94 minutos

Elenco: Keira Chansa, Jordan A. Nash, Reece Yates, Angelina Jolie, David Oyelowo, David Gyasi, Clarke Peters, Gugu Mbatha-Raw, entre outros.

Sinopse: Antes do País das Maravilhas e da viagem à Terra do Nunca, os irmãos Peter (Jordan A. Nash) e Alice (Keira Chansa) deixaram a imaginação correr solta durante um verão repleto de brincadeiras com espadas, chás da tarde e navios piratas. Quando uma tragédia toma conta da família e muda completamente a vida de seus pais, Jack (David Oyelowo) e Rose (Angelina Jolie), Peter e Alice embarcam numa aventura fantástica e entendem que crescer pode não ser o maior dos seus problemas.

Trailer:

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