A respeito da estética, o filme é visualmente perfeito. A animação foi muito bem feita e as cores escolhidas foram essenciais para dar o toque final que as personagens e os cenários precisavam. Nessa questão, não há o que reclamar! Mesmos nas cenas que não eram tão legais quanto o resto da trama, a animação em si não me permitia tirar os olhos da tela.
Em inglês, a voz das personagens foi feita por atores e atrizes de pele amarela – uma escolha certa que leva em consideração a cultura retratada –, e o elenco não podia ser melhor (só se dessem um papel para a Awkwafina, e olhe lá). A escolha de Phillipa Soo para interpretar Chang’e foi certeira, já que a atriz de Hamilton tem uma voz maravilhosa que combinou muito com a personagem e com as músicas. A voz da dubladora de Fei Fei, Cathy Ang, também combinou muito com a proposta. Embora a atriz ainda tenha pouca experiência no ramo cinematográfico, seu trabalho é impressionante – o mesmo elogio vale para Robert G Chiu, o dublador de Chin. Infelizmente, ainda não reassisti ao filme em português, portanto não posso falar sobre a dublagem brasileira, mas pelo que vi nos trailers, parece estar tão boa quanto a original.
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ara quem está se perguntando, os aspectos da cultura chinesa mostradas na história não foram meramente inventadas para o filme, elas existem. Na mitologia chinesa, Chang’e é a deusa da Lua, e o Festival da Lua surgiu por causa dela. Vale dizer que a história da deusa possui mais de uma versão, e o filme escolheu uma delas para contar, provavelmente a mais popular. Os bolos lunares, ou bolos da lua, apresentados também existem e parecem ser deliciosos. Além disso, os cenários também exploram bastante a questão cultural da China, e a experiência de conhecer pelo menos essa pequena parte foi adorável.De certa forma, podemos dizer que o A Caminho da Lua é o irmão mais novo de Abominável. As duas animações trazem como protagonista uma garota amarela que perdeu um ente querido e sai numa aventura de superação e autodescoberta. E as duas falham na mesma coisa: achar um quê que as tornem tão boas quanto animações da Disney – porque, sim, elas têm esse potencial, todavia ele não é atingido nem em uma, nem em outra. São filmes ótimos e emocionantes, mas a sensação é esta: de que falta algo. Apesar disso, em uma disputa, acredito que A Caminho da Lua vença com facilidade; para além do bônus “dirigido por um cara que já trabalhou em muitos filmes da Disney”, ele por si só tem muito a oferecer.
Sendo assim, acredito que a mais nova aposta da Netflix é uma boa pedida para os que se interessam por animações, cultura chinesa e histórias divertidas e emocionantes. Não é perfeito e, sim, poderia ter sido melhor, porém de forma alguma ele chega perto de ser ruim. A história de Chang’e combinou perfeitamente com a de Fei Fei e é isso o que a torna tão especial. Conversar sobre depressão e luto em um filme infantil não é uma tarefa fácil, mas a delicadeza com a qual eles foram tratados aqui fez com que A Caminho da Lua ganhasse vários pontos para mim. É um filme que certamente vale a pena ver pelo menos uma vez – e ficar ouvindo as músicas em repeat depois. Divertido e emocionante, o filme tem potencial o suficiente para ser indicado a diversos prêmios no ano que vem, incluindo até mesmo o Oscar de Melhor Animação. Será que vem aí?
Título Original: Over The Moon
Direção: Glen Keane
Duração: 100 minutos
Elenco: Cathy Ang, Artt Butler, John Cho, Ken Jeong, Kimiko Glenn, Margaret Cho, Phillipa Soo, Robert G. Chiu, Ruthie Ann Miles, Sandra Oh, entre outros.
Sinopse: Em A Caminho da Lua, depois de ter finalizado a construção de uma engenhosa nave espacial, uma garota embarca para a lua para provar ao seu pai a existência de uma deusa mística que habitaria no astro. Chegando ao seu destino. a jovem descobre criaturas fantásticas que a ajudarão a completar sua missão e retornar para a terra sã e salva.