Crítica: Atordoado, Eu Permaneço Atento (2020, de Henrique Amud e Lucas H. Rossi dos Santos)

Atordoado, Eu Permaneço Atento usa do nome da música de Chico Buarque para, assim como muitas de suas canções, ser uma balada que retrata os horrores de quem realmente viveu na época da ditadura e porque não podemos esquecê-los. A memória, eu diria, é a alma do documentário, ele não se preocupa em contar as nuances do golpe e nem toda sua história, mas foca na vivência do próprio narrador, o jornalista Dermi Azevedo, que pode até não ser a mais trágica ou sofrida, mas se faz no mínimo necessária em tempos em que alguns ainda insistem em ressignificar ou amenizar o que de fato foi viver em 1964.

O filme já começa sem rodeios e tecnicamente falando, o documentário é bastante simples, ele mescla às falas do jornalista com algumas imagens de cobertura da ditadura e outras da vida pessoal de Dermi. Não chegando a ter um grande apresso estético, o seu grande trunfo é ser questionador, mesmo para quem já tem bem consciente em sua cabeça o quão nocivo o golpe foi e continua sendo, presente nos relatos e testemunhos dos que conseguiram sobreviver a ele; ainda é bastante incômodo ouvir muito do que aconteceu e do que está por vir.

Isso porque o curta procura deixar como reflexão essa retomada de velhos discursos e glorificação aos torturadores da época, que ainda receberam perdão ou honrarias; e que graças a essa crescente, os tempos podem ficar feios de novo, mas que é possível resistir a eles. Atordoado, Eu Permaneço Atento é uma carta para que não deixemos morrer o passado, traz as lembranças de quem presenciou a ascensão da ditadura militar no Brasil, com um discurso expositivo e provocador, e encerra com uma frase que além de marcante, ainda o resume bem: “Não tenho rancor, tenho memória”.


Titulo Original: Atordoado, Eu Permaneço Atento.

Direção: Henrique Amud e Lucas H. Rossi dos Santos.

Duração: 15 minutos.

Elenco: Dermi Azevedo.

Sinopse: O jornalista Dermi Azevedo nunca parou de lutar pelos direitos humanos e agora, três décadas após o fim da ditadura, assiste ao retorno das práticas daquela época.

Trailer:

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