Especial: Filmes para Assistir no Inverno


Pensando no maravilhoso ritual de preparar uma pipoca, ir para baixo das cobertas e assistir um filme, o Minha Visão do Cinema preparou um especial com várias indicações para você assistir nesses dias mais frios. Confira na matéria a seguir nossas recomendações de filmes clássicos, romances, documentários e, é claro, terror!

  

Igor Motta recomenda:
 O Enigma de Outro Mundo 
(1982, de John Carpenter)

O frio se tornou um recurso narrativo excelente para aquelas produções de países que contam com temperaturas baixíssimas. A ideia representada de juntar-se com a pessoa amada e tomar chocolate quente, andar pelas ruas com o cachecol chicoteando no ar ou de descer montanhas com skis e snowboards é uma bela propaganda turística e uma representação de inverno que, mesmo não pertencendo à nossa realidade tropical, torna-se a nossa.

Mas em que ponto tudo isso caminha para minha indicação? Simples, em um lindo e pleno momento de inverno, podemos repensar o frio como medo. O uso das temperaturas radicais da Antártida no filme de John Carpenter é praticamente o segundo monstro do enredo. Enquanto a equipe de pesquisadores precisa lidar com a força alienígena, o espaço de fuga e ação, já diminuto, torna-se cada vez mais restrito toda vez que algo é quebrado. O frio é o guarda do eterno inverno que vigia os eventos e não deixa ninguém, nem mesmo o alien, escapar. Pior do que passar a noite com a criatura infecciosa, só enfrentar a noite de -40 graus do continente esquecido. Tudo fica ainda mais tenso quando a neve cobre os rostos de todos os personagens, e mais ainda quando o suspense é também construído pela incrível trilha sonora composta por Ennio Morricone (que descansa em paz).

Em meio aos personagens morrendo e passando frio, encontramos no filme a combinação com nosso inverno tropical para passar o tempo na quarentena, embaixo de um cobertor, abraçados com a pessoa amada e tomando uns sustos. Desejando quase um “ainda bem que não estamos nesse frio”.

Pedro Blattner recomenda: 
Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças 
(2004, de Michel Gondry)
Com
uma mistura de drama e romance, o longa de Michel Gondry impressiona
pela química de seus dois protagonistas vividos por Jim Carrey (Joel) e
Kate Winslet (Clementine). Se você tivesse a chance de eliminar todas as
lembranças que tem de alguém que não faz mais parte de sua vida, o que
faria? Essa é a questão desse belíssimo filme escrito por Charlie
Kaufman (roteirista de Quero Ser John Malkovich), após ter sido
apagado da memória de sua companheira, Joel decide fazer o mesmo, o
problema é que durante o processo ele desiste e tenta a todo custo parar
o procedimento para que não tenha Clementine apagada de sua memória.

”Abençoados os que esquecem, assim eles superam até os seus erros.”

Natália Vieira recomenda: 
O Quebra-Cabeça 
(2018, de Marc Turtletaub)


O Quebra-Cabeça
é aquele filme que te surpreende logo de cara. A princípio, achamos que
é uma história boba, mas que nos engana direitinho. Conforme o filme
passa, percebemos que o “quebra-cabeça” é algo muito mais profundo e
complicado. Muitas peças faltam para completar o quadro da vida da nossa
personagem principal. Um drama muito bem feito para os amantes do
gênero.

O título diz muito mais sobre a vida da personagem do
que propriamente do jogo em si, sendo o filme sobre uma mulher que não se
encaixa na própria vida e precisa se encontrar sozinha; S
er ela mesma,
sem ninguém dizendo o que fazer e como fazer. É um filme para refletir
sobre a vida, sobre as escolhas que fazemos e principalmente sobre
sonhos que nunca realizamos e negligenciamos durante toda uma vida.


Não deixe de conferir a crítica completa do filme aqui.

 

Amanda Sperandio e Leonardo Costa recomendam:
O Iluminado 
(1980, de Stanley Kubrick). 


Muito se tem falado sobre como essa pandemia e o isolamento social têm afetado o humor e até mesmo a mente das pessoas, afinal, somos animais extremamente sociais. Querendo ou não, o frio tende a criar um clima mais melancólico, mexer ainda mais com os ânimos e nos deixar com ainda menos vontade de fazer qualquer coisa que seja. A combinação dos dois? O Iluminado, inspirado na obra do mestre do terror, Stephen King, e adaptado às telonas pelo gênio excêntrico, Stanley Kubrick!

A história se passa no Overlook Hotel, após Jack Torrance aceitar trabalhar como caseiro do local durante o inverno, enquanto escreve seu livro. Com ele, mudam-se para as montanhas do Colorado a mulher de Jack, Wendy, e o filho pequeno do casal, Danny. No entanto, se ficar em casa com nossos entes amados (ou não muito?) já está se mostrando um desafio de sanidade mental, imagine se ver preso em um hotel imenso com segredos sombrios. Danny, então, passa a ter visões cada vez mais perturbadoras; enquanto Jack não consegue mais lidar com seus fantasmas internos e passa a aterrorizar a família com seu comportamento agressivo e perigoso.

Se o filme ser contextualizado no inverno já o enquadra dentro do tema, o fato de ser um terror de excelente qualidade reforça ainda mais sua participação nessa categoria. Afinal, que modo melhor de esquentar o sangue do que uma boa dose de aula de terror em sua melhor forma? E depois ainda vale a pena continuar a adentrar nesse universo e ler o livro, afinal o Kubrick alterou bastante coisa para ficar mais “aterrorizante”, – e quem somos nós para criticar? – mas a versão de King desenvolve melhor a história e os personagens e mostra novamente porque ele é considerado o mestre no assunto.


Leonardo Costa adiciona: Na
minha vida cinéfila, eu sempre associei noites de inverno à dois tipos
de filmes: 1°- comfort movies, filmes gostosinhos e reconfortantes de
assistir, como desenhos animados, por exemplo, e; 2°- filmes de terror,
para dar ainda mais calafrios. E na minha dica nesse especial, escolhi
essa segunda opção. E o clássico O Iluminado é uma adição interessante,
pois além de ser um dos melhores filmes de terror clássicos, de um dos
maiores cineastas de todos os tempos (Stanley Kubrick), tem todo um
clima complexo sob uma atmosfera gélida e congelante. O terror, a
monstruosa atuação de Jack Nicholson, a direção simétrica de Kubrick e a
neve que envolve o inóspito hotel ajudam a dar esse climão, perfeito
para se assistir no inverno.
Antônio Gustavo recomenda: 
A Estrada 
(2009, de John Hillcoat)

Em A Estrada, adaptação do livro de mesmo nome, acompanhamos o drama de um pai tentando sobreviver com seu filho pequeno num mundo pós-apocalíptico. Por mais que a trama seja sim clichê e, já adianto, possua uma conclusão um tanto quanto apressada, o filme ainda brilha por nos conectar à jornada de seus protagonistas. Em um tom contemplativo, ele nos guia junto de pai e filho a caminho de um local de esperança, a história nos faz desejar por esse mesmo sentimento ao mostrar parte do passado do pai, que possuiu uma vida antes dos eventos cataclísmicos acontecerem ou, o menino que já cresceu nesse ambiente e nunca vivenciou um dia normal como criança. O longa também realça esses momentos contrastando-os com outros de maior tensão, sendo exploradas desde a desilusão das pessoas com a vida, até cenas mostrando toda a crueldade que assombra essa realidade, como canibalismo e coisas do gênero.

Mas além de sua história, o filme possui ainda todo um charme estético, com cenários e situações que de certa forma diferenciam-se do comum visto em obras pós-apocalípticas, nunca é revelado com certeza o que aconteceu com a sociedade e essa dubiedade está presente em todo o longa; como na contemplação da relação de pai e filho, destacada acima, ou na maneira como cada um destes enxerga os outros a sua volta. Para finalizar, temos ainda uma interpretação galante de Viggo Mortensen, do já amargurado e calejado pai do menino. Com bons personagens, tensão e atmosfera, A Estrada é uma história de fim do mundo que, não foca no que se perdeu, mas sim na busca por algo melhor, uma ótima pedida para se ver em casa num sábado à tarde, seja só ou com a família.
 

Karine Mendes recomenda: 
A Liberdade é Azul 
(1993, de Krzysztof Kieślowski)  

Um acidente, marido e filha mortos. É a partir disso que conhecemos Julie (Juliette Binoche), que, enquanto sofre com o luto, se vê em uma tentativa de se afastar das pessoas e da vida que levava, mas essa busca por se livrar do passado acaba não sendo tão simples assim. A Liberdade é Azul é o primeiro filme da Trilogia das Cores do diretor polonês Krzysztof Kieślowski (os outros filmes são: A Igualdade é Branca e A Fraternidade é Vermelha). Em cada um desses filmes, a cor que dá origem ao título é muito presente, tanto no visual quanto em seu simbolismo. O azul é frequentemente relacionado ao frio e nessa obra é possível notar que isso vai desde o próprio clima até a descrição da protagonista. Ela tenta lidar com a situação se protegendo dos seus próprios sentimentos, o que acaba refletindo em seu comportamento, nota-se isso em suas falas, que possuem uma certa indiferença e rispidez. Julie parece estar sufocada com sensações e perseguida pela memória dos que se foram, isso é ressaltado pela cor azul e também pela trilha sonora, ambos aparecem em momentos pontuais da narrativa.

Muitas pessoas preferem assistir a filmes mais “confortáveis” em dias de inverno, enrolados em seus cobertores. E mesmo que A Liberdade é Azul não se expresse gentilmente para o espectador, ainda assim se encaixa nesse contexto. É um filme que lida com problemas pesados, mas de forma muito humana. Aproveite um dia nublado, quando estiver sozinho e com tempo e maratone a trilogia, você não vai se arrepender!

Karoline Melo recomenda: 
Under an Arctic Sky 
(2017, de Chris Burkard)


Sempre que as pessoas me perguntam sobre um filme pra ver no inverno, um curta interessante ou um documentário para passar o tempo, minha primeira recomendação é Under an Arctic Sky. Lançado em 2017, com direção de Chris Burkard, acompanhamos seis surfistas que saem pela costa da Islândia em busca das melhores ondas embaixo da aurora boreal. No momento em que decidem se juntar, a ideia parece empolgante e desafiadora, e ao longo do caminho eles vão percebendo que achar a onda perfeita pode ser mais difícil do que eles imaginavam.

Durante 40 minutos, vemos as dificuldades de locomoção no meio da neve e sentimos o frio penetrar nossos corpos sempre que alguém entra naquelas águas congelantes. É frustrante ver os perrengues pelos quais eles passaram sem saber se, no final, tudo vai dar certo e eles vão alcançar seus objetivos. Mas toda vez que conseguem filmar os surfistas no meio das ondas e a aurora boreal bem em cima deles, nossos corações se aquecem e tudo parece valer a pena. A trilha sonora é intensa e nos prende no documentário tanto quanto as imagens em si, e mesmo quando acaba você deseja que tenha mais. Então pegue sua coberta, seu chocolate quente e se prepare para uma experiência incrível nesse inverno.


Guilherme Amado recomenda:
Os Outros
(2001, de Alejandro Amenábar)


Os exteriores cobertos de névoa e a escuridão da mansão em que Grace (Nicole Kidman) e seus filhos moram criam a ambientação perfeita para ser assistida em uma noite fria. Felizmente, Os Outros oferece muito mais que isso, incluindo uma história cheia de tensão e tragédia. No filme, Nicole Kidman interpreta uma mãe responsável por dois filhos que sofrem de uma rara sensibilidade à luz. Isolados em uma mansão após o fim da Segunda Guerra Mundial, o único contato com o mundo exterior vem através dos empregados da casa. Após uma série de acontecimentos estranhos, Grace começa a acreditar que sua casa está sendo invadida.

Bastante influenciado por filmes mais antigos, Os Outros apresenta uma história clássica, mas ciente das convenções do gênero no qual se situa. O horror do filme é intensificado em grande parte pela situação trágica dos personagens, e aqui Nicole Kidman retrata perfeitamente o quanto a pressão crescente e a ameaça a seus filhos têm um efeito psicológico forte sob sua personagem. Adicione a isso a execução cuidadosa das sequências mais tensas do filme e a trilha sonora muitíssimo bem utilizada e temos em Os Outros o exemplo perfeito de uma história assustadora e ao mesmo tempo divertida. Só recomendo não ler muito sobre o filme ou a história, pois a trama contém uma ou duas revelações importantes e, sendo um filme de quase vinte anos atrás, o rigor com spoilers provavelmente já passou.

 

E aí, qual das nossas recomendações você vai assistir? Deixe seu comentário sobre a experiência aqui na matéria! Ah, e se você pensou em algum outro filme, pode recomendar aqui em baixo também. Bom filme!


Deixe uma resposta