Cannes: o Cinema está Vivo – por Daniel Bydlowski


Em um ano “cortado ao meio” devido a pandemia e todas as crises oriundas da mesma, tudo parece incerto. Tal realidade afeta o cenário cinematográfico, com vários projetos, festivais e lançamentos cancelados ou adiados. Mas o Festival de Cannes, um dos mais prestigiados do mundo, ocorrerá com uma mostra online e bons títulos serão visibilizados nele. O cineasta Daniel Bydlowski,  membro do Directors Guild of America e artista de realidade virtual, elaborou o texto abaixo, disponibilizado para ser compartilhado e pautado em diversos sites. Segue o texto: 

Cannes: o Cinema está Vivo

Com as portas fechadas, o que será do cinema? O mesmo que será de qualquer setor. Passaremos o período de recessão e continuaremos a dar entretenimento de alto nível aos espectadores. E para mostrar que há força na indústria cinematográfica, o Festival de Cannes anuncia os filmes que receberão o selo oficial do evento, que não acontecerá  por conta da pandemia.

E como sempre, Cannes traz uma grande diversidade de temas, mostrando que existem produções boas em todos os cantos do mundo e de todos os temas. Vamos falar de alguns?

– The French Dispatch: produção de Wes Anderson, com Benicio del Toro, o filme traz histórias da edição final de uma revista americana publicada em uma cidade da França no final do século XX. A expectativa é grande, uma vez que Wes sempre escolhe um bom elenco e a trilha sonora é de um dos grandes nomes no ramo, Alexandre Desplat. A intenção do diretor com esta obra, foi fazer uma carta de amor ao jornalismo. Os críticos estarão atentos.

– Casa de Antiguidades: o filme brasileiro é o primeiro longa de João Paulo Miranda, e fala sobre um operário negro que vive em uma cidade fictícia no Brasil colonizada pelos povos da Áustria. A polarização política, representatividade e problemas sociais estão presentes e o personagem começa a se conectar com a sua ancestralidade. Um assunto a ser sempre abordado no mundo, Miranda escolheu falar sobre o tema e deve provavelmente entregar o que se espera dele. O roteiro da produção foi desenvolvido em uma residência do Festival de Cannes. É o único filme dirigido por um latino-americano na seleção.

– Ammonite: com um elenco de peso com Kate Winslet e Saoirse Ronan, Francis Lee conta a história da paleontóloga Mary Anning e fala sobre diversidade na Era Vitoriana. O longa, teve alguns contratempos com os descendentes da homenageada, que não gostaram de ter a vida íntima de Anning exposta, no entanto acharam  importante que a história fosse abordada como ela é. O filme promete emoções e pelo que já deu para ver, a  fotografia é estonteante.

– Summer of ’85: os anos 80 sempre deram o que falar e principalmente em produções policiais. Um filme sobre crianças desaparecidas, algo bastante comum à época, , um vizinho suspeito (quem nunca?) e uma investigação feita por adolescentes. Um prato cheio para a mesmice, porém, esperamos mais François Ozon e para estar em um festival deste calibre, pode ser que conquiste os amantes desta década.

E você, também está ansioso pelo retorno dos cinemas? 

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