Crítica: Beastars – O Lobo Bom | 1ª Temporada (2019, de Shinichi Matsumi)


Beastars é uma série de mangás da escritora e ilustradora Paru Itagaki, e chegou a vencer o Manga Taishō Award de 2018. No ano seguinte, foi transformada em anime pela TV Fuji, do Japão. No Brasil, a primeira temporada se encontra disponível na Netflix desde março de 2020.

Eu particularmente nunca fui o tipo de pessoa que assiste a animações japonesas o tempo todo – ou pelo menos não era –, muito menos quando se trata de séries. Meu namorado, todavia, é apaixonado por animes, e quando ele viu que Beastars havia chegado no Brasil, me implorou para nós vermos o mais rápido possível. O hype da série estava altíssimo, afinal, o anime tinha acabado de ganhar os prêmios de Melhor Opening, Melhor CGI, Melhor Direção e Melhor Anime de Outono no Anime Awards Brasil. Tinha de ser a coisa mais incrível que o mundo já viu.

De fato, acredito que ao menos alguns desses prêmios sejam mesmo merecidos. Como disse, não sou a maior fã de animes, portanto não vi quais foram lançados no ano passado e não poderia comparar este a outros. Mas aqui podemos jogar alguns fatos. Primeiro, a abertura de Beastars é realmente incrível. Em um stop motion adorável, conseguiram fazer uma opening que chama a atenção e fala bastante sobre a história. Devo dizer que essa é uma das melhores partes da série, senão a melhor. E segundo, a animação em si é sensacional. A beleza visual do anime é notável do começo ao fim. Por mais estranho que pareça, arriscar o uso do 3D em um nicho majoritariamente 2D foi uma escolha certeira. Eu não conseguiria pensar nesse anime de uma forma diferente. Apesar disso, tenho minhas dúvidas a respeito da direção e de ser considerado o melhor anime do outono.

Em uma sociedade antropomórfica onde carnívoros, herbívoros e onívoros se esforçam para conviver em paz, um assassinato ocorre na Academia Cherryton. Tem, uma alpaca, é encontrada morta, e para a maioria dos alunos é óbvio que o agressor foi um carnívoro. A partir disso, podemos observar um início de segregação. Carnívoros e herbívoros começam a discutir e se separar automaticamente, pois todo carnívoro representa, agora, uma ameaça. Afinal, o assassino de Tem pode estar entre eles. E se o lado mau de todos os carnívoros estivesse se sobressaindo? É uma luta da civilização contra a selvageria, do racional contra os instintos, de quem você é contra o que você quer ser. Nisso, ninguém sabe quem vai ganhar ou o que pode acontecer.

Em meio a toda essa história, temos Legoshi, nosso protagonista, o lobo mais de boa que qualquer um já conheceu e, também, melhor amigo de Tem. Por mais que Legoshi seja um carnívoro, muitos de seus amigos são herbívoros, portanto ele não é visto como uma ameaça, mas parece se sentir pressionado por ambos os lados. Nessa guerra, ele está no meio e não há para onde correr. Alguém sempre estará contra ele.

As coisas começam a se confundir quando os instintos de Legoshi vêm à tona e, em uma noite, ele quase abocanha uma coelha. Pouco tempo depois, durante o dia, Legoshi se encontra com Haru, a coelha que ele quase devorou, e de imediato se encontra atraído por ela. Poderia ele, um lobo, se apaixonar por uma coelha? Um carnívoro por uma herbívora? O predador pela presa? Em assuntos que envolvem o coração, nada se entende pela razão, e isso deixa Legoshi cada vez mais confuso em relação aos seus sentimentos e aos seus instintos.

Por mais que a história, a princípio, me parecesse sólida, ela pecou em seu percurso. Os primeiros episódios não são tão animadores a ponto de te prender, mas quando você finalmente está engajado e não vê a hora de assistir ao final da trama, tudo é preso a um único ponto e nada parece concluído. A pergunta de “quem matou Tem?”, no final do último episódio, continua sendo só uma pergunta.

Claramente, podem, devem e (talvez) vão explicar isso melhor na próxima temporada, mas não era exatamente isso o que eu esperava no começo da narrativa. Ao que me parece, prenderam-se tanto às subtramas que se esqueceram dos pontos principais. É quase como se estivessem se esquecido do ponto de tudo e deixado a história caminhar com as suas próprias pernas, e quando se lembraram, colocaram uma cena ou outra que parecia continuar a trama do assassino, mas não sabemos ao certo o que vem por aí.

Por contar com apenas 12 episódios, Beastars é um anime rápido de assistir caso você queira entender tudo o que as pessoas vêm falando sobre o mais novo queridinho da galera. Embora seja bom, não é a minha maior recomendação, pelo menos não por enquanto; a primeira temporada não conseguiu me convencer. Quem não gosta de ficar com ponta solta esperando a próxima temporada, pode esperar um tempo antes de assistir. Afinal, nem sempre o que ganha o Oscar de Melhor Filme é o melhor filme do ano, e Beastars, na lista do Oscar, não é um Parasita, mas não chega a ser um Green Book: O Guia; ele é um A Forma da Água – nada genial; agradou uns e desagradou outros, porém é muito bem-feito e isso ninguém pode negar.
Título Original: Beastars

Direção: Shinichi Matsumi

Episódios: 12

Duração: 23 minutos

Elenco: Chikahiro Kobayashi, Sayaka Senbongi, Akio Ootsuka, Atsumi Tanezaki, Fukushi Ochiai, Genki Muro, Hibiku Yamamura, Ikuto Kanemasa, Junya Enoki, Kenyuu Horiuchi, Mitsuaki Hoshino, Naoto Kobayashi, Nobuhiko Okamoto, Sakura Andou, Sayumi Watabe, Takaaki Torashima, Takeo Ōtsuka, Uchida Yuuma, Yoshiyuki Shimozuma, Yuuichi Iguchi, Yuuki Ono, Yuuko Hara, entre outros.

Sinopse: A trama se passa em um mundo no qual animais com características antropomórficas convivem. Legoshi é um lobo que faz parte do clube de teatro da Academia Cherryton e que, apesar da aparência, é muito sensível.

Trailer:

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