Uma Carta de Amor à The Midnight Gospel

Netflix libera 'The Midnight Gospel', animação dos criadores de ...

24 de abril de 2020

Carx, Midnight Gospel.

Venho por meio desta, demonstrar o meu mais profundo respeito e paixão pelo seu conteúdo. 

Quero começar contando que eu não gosto muito do seu antecessor, rs. Na verdade, se eu soubesse que você é fruto de Hora de Aventura, talvez nem tivesse a assistido. Eu me deparei com a sua imagem na Netflix, e decidi dar uma chance exatamente pelos seus traços, apesar de claramente ser proveniente da tão desgastada escola de artes da Califórnia, notei na sua chamada que se tratava de algo um pouco diferente e até cheguei a crer que seus criadores se tratavam de promissores desenhistas que nunca haviam tido oportunidade na indústria antes. Talvez um dos seus pais, o mais novo, tenha dado o toque que o Sr. Pendleton Ward, sempre careceu em suas animações e agora, finalmente, encontrou seu par perfeito. Por que, você, a criação deles, não é nada menos que perfeita. 

Antes de começar a te bajular, quero que você entenda que não tem um porquê claro de eu não gostar de nenhum dos seus irmãos mais velhos da CalArts, só nunca me empolguei assistindo Flapjack, O Incrível Mundo de Gumball e afins. Até mesmo Steven Universo, que respeito muito, não me chama a atenção para assistir. Sinceramente, foram essas animações que me fizeram nunca mais conectar a minha TV a cabo no Cartoon Network, outrora, meu canal favorito de televisão. Talvez eu os ache um pouco besta. Essa é a única conclusão que eu consigo tirar. Antes de você aparecer na minha vida, o meu romance unilateral das animações atendia pelo nome de Coragem, o Cão Covarde. E eu estava muito chateado que as animações atuais, por mais psicodélicas que fossem, por mais “adultas” que fossem, não atingia a profundidade metafísica que paira sobre a animação do cão da Muriel e do Eustácio. Para não ser injusto, pelo menos não até onde eu consegui acompanhar. 

E então, aconteceu. Eu esbarrei em você, semana passada, enquanto caminhava em direção a Ozark e decidi parar para puxar um papo. E você me deixou encantado. Eu confesso que há uns bons anos eu já estava cansado desse papo de filosofia existencialista. Desde que eu decidi embarcar numa universidade e me deparar com esses temas da pior maneira possível. Ao cursar filosofia, eu notei que eu amava tudo a sua volta, tudo o que emanava dela, mas não ela em si. O meu amor é, e sempre será, do audiovisual e são pouquíssimas coisas como você, Mid (posso te chamar assim? Já me sinto íntimo), que alimentam esse meu amor que vai queimando ano após ano, até encontrar um novo combustível que consiga usar o som e a imagem para que eu tolere mais algum tempo de filmes mornos em busca de mais uma dose de algo que considero divino. E, Mid, você é a primeira animação em muito tempo que aguça meus sentimentos dessa maneira.

Continuando a questão do audiovisual, que trabalho magnífico você é. Não tem como te admirar apenas uma vez, você deve ser vista, revista e futuramente revisitada. Seu ritmo e diálogos inteligentes são incríveis e sua animação e sua história tão arrebatadora. Que catarse você me causou no último episódio, eu não quis chorar, pra não perder um segundo de diálogo com lágrima nos meus olhos. Eu queria curtir cada frame, cada som, cada palavra daquele magnífico episódio que te elevou a um nível que nem meia dúzia de filmes, e nenhuma animação, tinha conseguido me fazer alcançar. 


Eu nem quero dar todos os detalhes sobre você, porque acho interessante que todos que leiam a esta carta pública, te descubra de maneiras diferentes.

Respeitosamente, Midnight Gospel, eu te amo. 

Não se assuste com uma tão precipitada declaração.   

PS: Muito obrigado Duncan Trussel.



Rodrigo Zanateli Ribeiro.

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