Como muitos de nós conhecemos, a Pixar, estúdio independente da Disney, é famosa por suas animações fantásticas, voltadas principalmente para adultos; apesar de agradar fortemente ao público infantil. Ela é também ganhadora ainda de inúmeros Oscars, principalmente devido a seus roteiros complexos, carregados de temas universais, com personagens profundos e extremamente humanos, mesmo em sua inexistência real; além de uma habilidade técnica para a construção de suas animações exuberante.
Além disso tudo, uma das principais características da Pixar, é sempre apresentar ao público, narrativas que se mostram muito à frente do pensamento atual, gerando profundas reflexões nos adultos, que levam estes filmes em suas memórias por toda a vida; e muita diversão as crianças, principalmente devido ao aspecto da animação e traz grande liberdade criativa para todos.
Um grande exemplo disso é, por exemplo, um dos últimos filmes lançados pelo estúdio Coco – A Vida é uma Festa, de 2017. Porém, o sucesso deste longa metragem foi seguido neste ano de 2020, com a estreia de seu novo filme Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica, que infelizmente, não atinge as expectativas que já nos vem à mente quando ouvimos o nome Pixar.
Dois Irmãos, é um filme que foi dirigido e co-roteirizado por Dan Scanlon, diretor de filmes como Universidade Monstros e Carros, o primeiro, a incrível continuação do universo de Monstros S.A, que é um dos muitos filmes de renome do estúdio; e o segundo, um longa de animação que acabou virando uma grande franquia, em que hoje já encontramos até sua sequência de número 3.
Além disso, uma grande curiosidade quando se diz respeito a Dan Scanlon e sua relação com o novo longa Dois Irmãos, é que este filme não foi uma encomenda feita para o estúdio, mas uma história de caráter muito pessoal para o diretor, pois este é baseado na vida do próprio Scanlon. Quando ele e seu irmão eram crianças, com 1 e 3 anos respectivamente, seu pai faleceu, o que desenvolveu uma relação ainda maior entre os irmãos, que é o que o diretor buscou transportar para o filme.
Em entrevistas feitas com o diretor, este mesmo afirma que a construção da história de Dois Irmãos foi principalmente trazer para o público estas relações boas e ruins entre dois irmãos e mais ainda, uma abordagem completamente diferente do que estamos acostumados a ver nos filmes da Pixar, no que diz respeito à família e a todos os elementos da família dos dois elfos protagonistas que vemos no filme.


Em modo geral, os personagens coadjuvantes em sua maioria conseguem ser ainda mais divertidos e impactantes do que os próprios protagonistas, que nos dão uma sensação de má construção destes; em um roteiro ainda mais simplório e com diversos fatos que não condizem com sua própria realidade, como por exemplo, Ian aprender tantas coisas que nos são mostradas como difíceis em um único dia, além da passagem de tempo que apesar de ser este o principal vilão, acaba se tornando fora do normal para um filme que se passa no período de 24 horas.
Um aspecto ainda que torna no filme infelizmente mais infantil e que não cria uma identificação de todos com a trama, é a presença excessiva e desnecessária de narrações. Algumas delas são incluídas claramente com o intuito de aumentarem a dramaticidade, mas é um efeito que não funciona e dá uma sensação estranha ao espectador.
Quanto a característica técnica da Pixar de criar animações lindíssimas, é inegável que a técnica existe e que os efeitos e a construção dos personagens são bem feitos , mas quando comparada a outros filmes, e até mesmo as imagens promocionais deste filme com outros anteriores, o estúdio já produziu imagens muito mais bonitas e tocantes, de forma que Dois Irmãos se torna um filme apenas bonitinho.
Além disso, para dar vida à voz dois dois protagonistas, Ian e Barley, foram escolhidos dois grandes atores, conhecidos mundialmente na indústria do cinema, Ian, foi dublado pelo ator Tom Holland, conhecido por seu papel em Homem-Aranha nos recentes filmes da Marvel, e Barley foi dublado por Chris Pratt, conhecido por interpretar o protagonista Peter Quill no filme Guardiões da Galaxia, também da Marvel. De acordo com Dan Scanlon, esta escolha foi feita posteriormente a construção visual e de personalidade dos dois personagens da animação, mas que foram escolhidos principalmente por suas características parecidas e que os ajudaram a se identificar com Ian e Barley, além de o fato dos dois já se conhecerem anteriormente e terem uma relação muito parecida com a dos personagens, como se Chis realmente fosse um irmão mais velho para Tom.

Porém, Dois Irmãos não pode ser considerado o melhor filme de animação dos últimos tempos e muito menos o melhor filme da Pixar, ainda mais sendo lançado após o grande sucesso de Coco, e em um momento em que já estamos ansiosos para o próximo lançamento do estúdio, o longa Soul, em que já vem prometendo uma trama extremamente complexa sobre as almas humanas, com um aspecto muito parecido ao que encontramos no longa Divertida Mente, de 2015, filme que na época de seu lançamento também teve muito sucesso.
Dan Scanlon
Tom Holland, Chris Pratt, Julia Louis-Dreyfus
No enredo de Dois Irmãos – Uma Jornada Fantástica, em um local onde as coisas fantásticas parecem ficar cada vez mais distantes de tudo, dois irmãos elfos adolescentes embarcam em uma extraordinária jornada para tentar redescobrir a magia do mundo ao seu redor.