Especial: Meu Amigo Secreto MVDC #8

Dando seguimento ao amigo secreto mais maneiro das galáxias, eu, Igor, tirei João França, e o filme sorteado é Uma Lição de Amor.

Pelo fato de o filme ser
praticamente um clássico das emissoras da rede aberta e ser do início da década
passada, tomarei a liberdade de comentar alguns pontos chaves do enredo para
embasar meu argumento e também expressar o que senti, então caso ainda não
tenha assistido, corre lá antes de continuar a leitura.
   

Uma Lição de Amor, lançado
em 2001, narra a história de Sam, um homem que sofre de problemas  mentais de grau elevado, que segue sua vida
normal e independente, trabalhando e vivendo como pode. Ao defrontar-se com o
fato de que será pai, e a negação da mãe da criança em ter qualquer tipo de
envolvimento com a criação do bebê, Sam 
precisa criar sua filha sozinho, assumindo responsabilidades e maturidades
que nem ele mesmo possui.


O longa conta com um
elenco de peso, atores que no início da década passada já eram consagrados,
como Sean Penn, que entrega uma atuação até um pouco exagerada e forçada,
repetindo trejeitos e exageros comportamentais que fazem parte do imaginário
popular de como  uma pessoa com essas
características se comporta. Dakota Fanning , ao meu ver, é a estrela do filme, realmente um
talento mirim que rouba a cena. Michele Pfeiffer é uma excelente atriz que,
aqui, faz o papel de uma personagem um pouco genérica, deixando um ar de quero
mais para as próprias capacidades da atriz e do que Rita pode oferecer.


O filme é bem dirigido,
temos uma regência certa de elementos para cumprir o objetivo de um filme
tearjerker, aquele tipo de filme feito para fazer o espectador chorar, mais
ou menos como certos filmes em que o cachorro espera o retorno do  dono morto em uma estação de trem por todos os dias de
sua vida. Ou seja, toda a composição do filme é pensada de forma a emocionar,
gerar alegria e tristeza nos mínimos detalhes, derretendo o coração de gelo até
dos mais insensíveis.  Partindo deste
ponto como o objetivo principal do filme, a sensação é de dever cumprido, porém com certos exageros. Outro ponto a
ser comentado está no jogo de câmeras que, com cortes constantes e mudanças de
planos, tentam demonstrar a confusão e irritação de Sam em alguns momentos,
deixando claro como o ambiente em que o personagem está inserido o pressiona.

A trilha sonora composta por música dos Beatles ajuda, e muito, na criação de empatia com o enredo, seguindo os acontecimentos de pai e filha de forma a criar até uma familiaridade para com aquele que assiste. Oras, a maioria de nós conheceu Beatles por conta de alguma pessoa mais velha, da família ou bem próxima, que em algum momento apresentou a banda como algo atemporal. A relação de pai e filha é pautada nessa empatia e, de certa forma, funciona.



Porém, o ponto chave da história está em seu conflito, tanto para os pontos positivos tanto para os pontos negativos. O dilema do filme é como uma pessoa com limitações físicas e cognitivas, afirmada em todos os momentos do filme de ser igual a de uma criança de sete anos, poderia criar uma criança em um ambiente feliz e produtivo, sendo a inevitável realidade de que, em algum momento, as capacidades da criança superariam a do pai, gerando um desequilíbrio no equilíbrio ideal de forças entre responsável e seus tutelados. É um excelente dilema, que coloca em cheque a forma como tratamos as pessoas portadoras de algum tipo de deficiência, menosprezando a capacidade destes de viverem tranquilamente suas vidas e assumirem responsabilidades. Porém, ao colocar isso sob a responsabilidade de formar e educar outro ser também incapaz de tomar determinadas ações, possuindo um discernimento ainda em formação, problematizamos todo o contexto de forma diferente, entendendo os dois lados ao mesmo tempo. Mas não é isso que acontece no filme.



Se é entendível que Sam seja incapaz de ser uma figura paterna, no sentido de ser o responsável legal dela, também é entendível a complicação de separar uma criança de seus pais. A história, no entanto, prefere tomar um rumo bem mais maniqueísta, deixando um lado como o vilão e outro como o dócil e bonzinho, do que tratar a questão da forma dúbia e mais interessante. É até incômodo como Sam torna-se um bastião da pureza e inocência humana, modificando e purificando os comportamentos ao redor dele, praticamente um messias, convertendo a advogada Rita em uma mãe amorosa e comovendo todos aqueles que querem tirar sua filha de seu lar.

Que fique claro, o problema não está no filme tentar emocionar, mas sim na forma como ele tenta fazer com que a empatia seja toda voltada para o Sam, deixando o desenrolar da história meio forçado e ignorando o conflito que ele próprio tentara levantar.



Por fim, Uma Lição de Amor
é um filme bacana, tem pontos bons e atuações marcantes, emociona em alguns momentos,
mas exagera em outros, deixando uma experiência não lá perfeita ou totalmente
prazerosa, mas é uma boa indicação de “tearjerker” para aqueles que
querem chorar até desidratar.

Título Original: I Am Sam

Direção: Jessie Nelson

Duração: 132 minutos

Elenco: Michele Pfeiffer, Seam Penn, Dakota Fanning e Bobby Cooper 

Sinopse: Sam Dawson (Sean Penn) é um homem com deficiência mental que cria sua filha Lucy (Dakota Fanning) com uma grande ajuda de seus amigos. Porém, assim que faz 7 anos Lucy começa a ultrapassar intelectualmente seu pai, e esta situação chama a atenção de uma assistente social que acha melhor Lucy ser criada por outra família. A partir de então Sam enfrenta um caso virtualmente impossível de ser vencido por ele, contando para isso com a ajuda da advogada Rita Harrison (Michelle Pfeiffer), que aceita o caso como um desafio de seus colegas de profissão.


Trailer:

Gostaram da indicação do João? Que filme vocês indicariam para seu amigo secreto? Não perca a continuidade do especial de natal dessa equipe maravilhosa!

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