Crítica: Filmes Que Marcam Época – 1° Temporada (2019, de Brian Volk-Weiss)

Há filmes que possuem a mágica de se tornarem obras atemporais, deixando seu grande legado no mundo do cinema, que parecem até que foram feitos sem muitas complicações ou erros. Quem assiste não imagina os problemas que surgiram durante as filmagens e é isso que essa série da Netflix nos mostra.

Filmes Que Marcam Época, criada e dirigida por Brian Volk-Weiss (que também trabalha com a série Brinquedos Que Marcam Época), discute quatro filmes em sua primeira temporada: Dirty Dancing – Ritmo Quente (1987, de Emile Ardolino), Esqueceram de Mim (1990, de Chris Columbus), Os Caça-Fantasmas (1984, de Ivan Reitman) e Duro de Matar (1988, de John McTiernan). A cada episódio, um filme é abordado, trazendo as próprias pessoas que fizeram a obra acontecer: diretores, produtores, roteiristas, etc. Eles falam sobre como surgiu a ideia, o processo de criação, as (muitas!) dificuldades enfrentadas e a emoção de acompanhar o sucesso que fez tudo valer a pena. Não há relação entre os episódios, então você pode assistir fora de ordem ou pular o que não quiser ver.


Em Dirty Dancing — que na minha opinião é o capítulo mais interessante da temporada, por ser o que mais traz curiosidades pouco conhecidas — ficamos por dentro das mais de 40 vezes que o filme foi rejeitado tanto por estúdios grandes, como pequenos. O medo de ter um filme criado por mulheres e com um tema considerado “muito feminino” na década de 80, dificultou a produção, mas não impediu que Eleanor Bergstein (roteirista) e Linda Gottlieb (produtora) desistissem do processo. Graças a insistência delas, temos a inesquecível história de Baby e Johnny (Jennifer Grey e Patrick Swayze) ao som da marcante música (I’ve had) The Time Of My Life.

O clássico natalino Esqueceram de Mim, também não foi fácil de sair do papel. Mas mesmo em meio a problemas de locação, atores, dinheiro e até neve, o longa, roteirizado e produzido por John Hughes, conseguiu chegar ao topo e se tornar uma tradição do Natal. Ficamos por dentro do que rolou nos bastidores, além de sabermos mais sobre o incrível Joe Pesci, que criou sua própria linguagem para o filme, em substituição dos palavrões que estava acostumado a falar em outras produções.


Já no episódio sobre Os Caça-Fantasmas, nos é mostrado que o filme quase teve seu título original diferente. Ghostbusters, poderia ter sido Ghostbreakers, por questões de direitos autorais, e até chegou a ser gravado em duas versões, mas felizmente o nome que hoje é conhecido mundialmente, obteve sua vitória. Durante a produção, a equipe enfrentou improvisos e um prazo acirrado, mas no final tudo entrou magicamente nas rédeas.

Outro grande clássico, que mudou a forma de se ver filmes de ação, foi Duro de Matar. Aprendemos que o roteiro, baseado no livro Nada Dura Para Sempre, de Sidney Sheldon, sofreu várias mudanças antes de chegar ao produto final, muito foi escrito durante as gravações do longa. Bruce Willis, que até então era um ator de TV, não havia trabalhado com um papel desses e no início não convenceu o público, virando motivo de piada. Alan Rickman também foi recebido com um olhar suspeito, pois só havia trabalhado em espetáculos teatrais e ninguém o conhecia nas telonas. O filme não só explodiu no sentido figurado (nas bilheterias), como também literalmente. Em um mundo préefeitos visuais, tudo teve que realmente acontecer, e o barulho das explosões não agradava em nada os que moravam perto do agora famoso prédio Nakatomi Plaza (ou Fox Plaza).


A parte mais legal de assistir essa série documental, é observar como em cada um dos filmes citados houve cenas que não estavam no roteiro, algumas erros, outras improvisos ou simplesmente tentativas, mas que acabaram ficando tão originais que chegaram ao corte final. E ver como essas obras, que possuem cerca de 30 anos, continuam tão influentes, tendo passado por alguns problemas, mas se mantendo firmes graças a paixão dos criadores pela arte.

A narração do documentário fica por conta de Donald Ian Black. A voz dele juntamente à edição e montagem, causam um efeito cômico, até infantil, e isso, a princípio, me incomodou, mas logo me acostumei e aceitei a ideia. Filmes Que Marcam Época merece ser visto pelos fãs de cinema, é uma aula de produção e pós-produção que resgata um sentimento de satisfação pela existência dessas obras.

Título Original: The Movies That Made Us

Direção: Brian Volk-Weiss

Episódios: 4

Duração: 45 minutos
Sinopse: Série documental que traz o processo de produção de filmes blockbusters, com cenas de bastidores, curiosidades e dificuldades enfrentadas durante as filmagens.

Trailer:

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