Crítica: Boyhood – Da Infância à Juventude (2014, de Richard Linklater)

Boyhood – Da Infância à Juventude foi o mais ousado filme lançado em muito tempo. Por que? O filme demorou 12 anos para ser concluído! Isto devido ao fato do diretor resolver construir o roteiro em cima do crescimento e das mudanças reais dos atores e da sociedade. De 2002 à 2013 o diretor filmou a obra, mostrando as mudanças físicas e o amadurecimento do personagem, enquanto acompanhamos também as mudanças da cultura pop e do mundo em geral. Genial, não?!


Apenas o fato do próprio roteiro abordar todas estas mudanças de maneira real já merece mérito. O filme não diz em que ano estão determinadas cenas, mas conseguimos identificar a data pelos fatos e pelas tendências de cada época. Por exemplo, em determinada cena se discute qual é o melhor: mestre Yoda ou general Grievous. Trata-se de personagens de Star Wars – Episódio 3: A Vingança dos Sith. Sabemos então que Boyhood já está em 2005, ano de lançamento do filme Star Wars – Episódio 3

Estes elementos da cultura pop se repetem ao longo do filme, fazendo-nos não apenas identificar a época em que está, como também nos lembrando e recordando daquela época em questão. De certa forma, o filme todo faz-nos pensar em como o tempo passa rápido. O próprio uso da tecnologia mostra isso, como o avanço dos games que os garotos jogam ao longo do filme. Outra cena marcante é um diálogo entre o protagonista e sua amiga, onde eles conversam sobre a “febre” do livro Crepúsculo, chegando inclusive a criticar (e com razão), dizendo o quanto a história do livro é brega. Sabemos então que já estamos por volta de 2008.


Patricia Arquette: já muito admirada pelos cinéfilos, principalmente nos anos 90; tem uma das melhores atuações de 2014 – tanto que recebeu Oscar de Melhor Atriz no ano seguinte. Acompanhamos as mudanças dela, um pouco do envelhecimento e madureza. Junto com a carga de vida de sua personagem, vem os lamentos da vida. Mas Ethan Hawke também atua muito bem, embora seja aquele cara que já estamos acostumados nos seus filmes. A jovem Lorelei Linklater (filha do diretor) atua bem, embora não haja nada demais. O jovem protagonista Ellar Coltrane surpreende com sua atuação. Mesmo ele mudando muito de rosto e de jeito, sua atuação com o olhar é a marca do jovem no filme todo, da primeira cena dele criança olhando o céu até a última cena dele jovem adulto olhando uma bela paisagem.


Boyhood – Da Infância à Juventude é uma pérola cinematográfica, um filme com diálogos realistas e situações normais da vida, retratado com uma delicadeza única. E tal qual como a vida, o filme tem momentos amargos, situações abertas e algumas conclusões não tão boas. Por outro lado, as coisas boas estão lá, algumas vitórias e novas etapas abertas. 

É uma obra que fala sobre a vida e o quanto ela é desafiadora e bonita. Retrata as recentes mudanças deste novo século e como é ser criança e jovem hoje em dia, afinal, os tempos são outros. Apesar das quase três horas de filme, Boyhood é único em cada cena. 

Um filme maravilhoso, feito não apenas para se assistir, mas para se refletir e após isso, para se sentir. Um trabalho inovador, valioso e obrigatório. Um filme não apenas para os cinéfilos do mundo todo, mas para todas as pessoas. Todas as pessoas que apesar das mudanças e dificuldades, apreciam e valorizam de verdade este presente chamado vida.


Título Original: Boyhood

Direção: Richard Linklater

Duração: 165 minutos

Elenco: Ethan Hawke, Patricia Arquette, Ellar Coltrane e Lorelei Linklater.

Sinopse: ao longo de doze anos, entre 2002 e 2013, o diretor acompanhou e filmou a vida de um garoto. Ao longo de 160 minutos de projeção, conhecemos Mason (Ellar Coltrane), desde os 5 anos de idade, até ele entrar na universidade. Linklater usou os mesmos atores ao longo dos doze anos, explorando as mudanças físicas nos personagens.

Trailer:


E você, o que achou desse filme único na história do cinema? Me conta aqui nos comentários! 🙂

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