Crítica: Cadê Você Bernadette? (2019, de Richard Linklater)

Cadê Você Bernadette? é o mais novo longa de Richard Linklater, diretor de filmes aclamados pela indústria do cinema, como Boyhood: Da Infância à Juventude, Escola de Rock e da trilogia Before. O longa que foi filmado em 2017 e que já teve 5 alterações em sua data de estreia, finalmente chega ao Brasil no próximo dia 6 de Novembro de 2019. 


De acordo com representantes da Annapurna Pictures, empresa produtora do longa, o filme foi adiado tantas vezes, devido a uma análise que fizeram e que mostrou que filmes com protagonistas femininas têm um melhor desempenho nessa época do ano.

Cadê Você
Bernadette?
 é também a adaptação do livro de mesmo nome, lançado em
2012, da escritora americana Maria Semple e que já pode ser considerado um
Best
Seller no país.
O filme conta ainda com a presença da incrível atriz, Cate Blanchet, conhecida pelos longas: Oito Mulheres e um Segredo, Carol, e ganhadora do Oscar por sua atuação em Blue Jasmine. A atriz não deixou a desejar com sua performance incrível que faz no longa de Richard Linklater, definitivamente, ela que conduz e nos prende à trama.



Infelizmente, após finalizar as gravações de Cadê Você Bernadette?, a atriz afirmou que este será seu último longa, pois pretende se aposentar.
“Talvez seja hora de parar. Eu tenho que entrar em cena usando roupas íntimas e só consigo pensar: ‘Por quê? Por que eu não posso apenas alimentar galinhas enquanto leio Proust?”.



O longa Cadê Você Bernadette? conta a história de Bernadette, uma arquiteta que sofre de um intenso medo de estar em lugares com muitas pessoas e que aprecia a solidão. Até que dias antes de uma viagem marcada para a Antártica, Bernadette some sem dar notícias a família, que saem a procura dela.


Cadê Você Bernadette? traz para o público ainda, os atores Billy Crudup, como Elgie e Emma Nelson como Bee, que são a família de Bernadette e as únicas pessoas com quem ela consegue socializar e conversar tranquilamente ao longo do filme.



A relação que é estabelecida entre ela e eles nos é apresentada desde o início do filme, o quanto essa família tem uma relação de amizade entre seus integrantes, o quanto cada integrante é importante pra ela e como influenciam no meio em que vivem, e ainda mais importante e marcante no filme, a relação de amizade e amor entre mãe e filha.


É tocante o quanto a filha se porta e defende a mãe quando necessário, o quanto ela se desespera e luta para trazer ela de volta, muito contrastante com a atitude de Elgie em alguns momentos. A relação entre as duas é tão intensa, companheira e verdadeira, elas se conhecem em seus íntimos tão bem, que é impressionante ver Bernadette apenas desaparecer sem dizer nada nem mesmo a filha, fator que tem uma explicação no decorrer do filme, lhes garanto.




Quanto a atuação, pode-se considerar que as melhores atrizes da trama, são com certeza Cate Blanchet e Emma Nelson, as duas surpreendem e convencem com suas atuações espetaculares e cheias de emoção, transmitindo para a tela suas sensações, rimos, choramos e nos desesperamos com elas.


Um aspecto fascinante de se observar do início ao fim do longa, é como cada membro dessa família evolui na trama, nenhum deles termina da mesma forma que começou, lições são aprendidas, obstáculos resolvidos e uma compreensão e união ainda maior é alcançada entre cada um deles. Uma família que no início achamos que é maravilhosa, se mostra ser completamente diferente e ser capaz de se tornar ainda melhor.




A direção de arte do filme também é fascinante, se notarmos principalmente o figurino de Bernadette do início ao fim do filme, vemos como ela evolui e é fenomenal a forma como apenas vendo como ela se veste, entendemos e sentimos a personagem pelo que ela é e pelo que ela quer ser.


Bernadette está constantemente com óculos escuros, mesmo em ambientes que não precisaria dele, além de casacos grandes, lenços em volta do pescoço, a até mesmo o colete de pesca que ela adquire ao longo da trama, tudo isso mostra o quanto a personagem quer se esconder dos outros e não se sente a vontade em meio as pessoas, mostra o quanto ela quer se sentir segura e protegida em meio a todas aquelas roupas, em contraste com o que ela era antes, construindo lugares abertos e exuberantes, cheios de vida, transformando lugares inusitados em uma obra de arte. Mas agora chegou a vez dela transformar sua vida!




O longa nos mostra atores incríveis, uma fotografia de tirar o fôlego com os ambientes maravilhosos da Antártica, além de uma direção de som, e uma música tema que não poderia ser melhor escolhida, que aparece em meio a trama com os personagens rindo, chorando e até se divertindo, e que faz total sentido a narrativa que nos é apresentada, aos que forem assistir ao filme impossível não reparar em Time After Time da cantora Cyndi Lauper.

Em meio a tudo isso, não podemos esquecer que se trata de um filme de Richard Linklater, e como todo bom filme desse diretor, Cadê Você Benadette? é repleto de diálogos do início ao fim, esse uso exacerbado em alguns momentos nos colocam ainda mais dentro do aspecto dramático e emocional do longa, mas em outros, também se torna desnecessário, como personagens dizendo que farão algo que fazem logo em seguida, e até deixa o longa um pouco cansativo e com um aspecto novelesco, mas se tratando de Richar Linklater, diria que é mais um filme incrível do diretor.


Um aspecto interessante do longa e que novamente nos remete a televisão, são a presença de cenas e monólogos dos personagens que foram filmadas, claramente de uma forma documental, com seus planos individuais e fechados, cortando de relato a relato. É a história de Bernadette contada por ela mesma e por seu marido e as distintas visões dos acontecimentos, é uma cena fascinante e ao mesmo tempo muito ambígua e simples.




Infelizmente, por ser a adaptação de um Best-Seller, Cadê Você Bernadette?, como toda boa adaptação, se perde um pouco em sua história, tentando resumir diversos aspectos, o longa quer nos trazer muito, sem explicar completamente, de forma que alguns aspectos da narrativa acabam se perdendo ou ficando sem uma explicação completa, o expectador sai do cinema se perguntando se perdeu alguma cena, ou se o filme se tornou uma obra quase transmídia que precisaria ler-se o livro para entender completamente.


De qualquer forma, foi um trabalho impressionante de direção e roteiro para transportar essa obra literária para a tela dos cinemas e tenho certeza que esse filme ainda vai dar muito o que falar por aí.


Além disso, após nos surpreender em 2014 com Boyhood: Da Infância à Juventude, que levou 12 anos para ser filmado, e nos fazer rir e chorar com Cadê Você Bernadette?,  Richard Linklater, já nos prometeu mais um projeto que vai dar o que falar, um musical chamado Merrily We Roll Along, que deve demorar mais 20 anos para ser gravado e para chegar aos cinemas, a curiosidade que se segure. E enquanto isso, não perca Cadê Você Bernadette? que está hoje nos cinemas.







Título Original: Where´d You Go, Bernadette?

Direção: Richard Linklater

Duração: 130 minutos

Elenco: Cate Blanchett, Laurence Fishburne, Billy Crudup e Kristen Wiig.




Sinopse: Antes de viajar com sua família para a Antártica, uma arquiteta que sofre de agorafobia – o medo de estar em lugares abertos ou em meio à multidões – some sem deixar pistas para trás. Sua filha, então, através de emails, sessões com sua psicóloga, cartas e outros documentos, tenta descobrir para onde sua mãe foi e quais foram as razões de seu desaparecimento.
Trailer:
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