Crítica: IT – Capítulo 2 (2019, de Andy Muschietti)




 O bom palhaço à casa torna…

Esse ano temos a continuação de IT – A Coisa; um filme inspirado numa das mais famosas (e maiores) obras do grande escritor Stephen King, e que por sua vez já teve uma versão anterior com o nome de IT – Uma Obra Prima do Medo, de 1990 com o inigualável Tim Curry.

Assim como os primeiros filmes dos anos 90, os novos filmes de IT na visão de Andy Muschietti com certeza deixaram uma marca na cultura pop, mas seriam eles verdadeiros clássicos do gênero terror?

Vamos falar um pouco sobre a continuação do sucesso de bilheteria de 2017 e dar o veredito final.



No filme, vinte e sete anos após os acontecimentos que chocaram Derry e botaram à prova a amizade do Clube dos Perdedores; os amigos precisam se reencontrar para travar uma nova batalha contra o mal que voltou na forma da Coisa.

Além do retorno das crianças que fizeram o elenco do primeiro filme através de flashbacks, temos como alguns dos adultos: Bill Hader, um ator e comediante que ficou conhecido pelo famosíssimo programa americano Saturday Night Live; Jessica Chastain, premiada atriz que esteve em Histórias Cruzadas, Mama, A Colina Escarlate, dentre outros filmes bem populares; Isaiah Mustafa, que se você não o reconheceu, basta imaginá-lo sem camisa segurando um desodorante. Melhor agora? E por fim, mas jamais menos importante, James McAvoy, que acho que despensa apresentações e todo mundo já viu pelo menos um filme dele, mas aqui gostaria de citar o aclamadíssimo Fragmentado.

Agora vamos descascar o filme: desde o primeiro eu percebi uma construção de roteiro que praticamente é uma elevação dos filmes Sessão da Tarde – um grupo de amigos contra algum mal. E por elevação quero dizer que o tom é bem mais dark e dramático, e o mal é um palhaço assassino que se transforma em coisas grotescas.

Mas o fato é que o filme não nos dá um tom de tensão contínuo típico de bons terrores. É uma montanha russa do tipo: ah tá tudo bem, vamos ser amigos; não tá bem não, a gente vai morrer; ah tá bem sim, vamos rir e fazer piadas; danou-se, o palhaço vai ferrar geral; sabe?

Então, para mim, apesar de ser um filme bem interessante, divertido e que realmente marcou uma cultura e uma geração, ele não se sai tão bem quanto ao quesito terror, mas é visível o esforço para tal.

Um dos defeitos desse filme em específico, é que a trama vai e volta muitas vezes. Não me refiro aos flashbacks, mas parece que as linhas de narrativa não fluíam abertamente. Elas começavam a fluir e voltavam, contínua e desnecessariamente.

Mas já que eu falei dos flashbacks, queria dizer que para mim alguns foram bem confusos, por que eu não sei dizer onde eles se encaixavam na cronologia do primeiro filme.



E teve também o retorno do Bowers, aquele bully adolescente, dessa vez adulto. Existe a volta dele tanto no livro quanto nos filmes antigos, porém nesse filme eu achei a volta dele totalmente desnecessária. Ele não fez nada de substancial na trama que faria falta se fosse retirado, fora que ele tem pouco tempo de tela, então… Whatever!

Além disso também acho que teve uma amostra excessiva do palhaço. Tudo bem, o Pennywise é a cara de IT e vamos fingir que não tem nada a ver com branding e merchandising das companhias cinematográficas… Porém, em algumas partes do filme, a aparição dele em forma de palhaço foi totalmente desnecessária, me levando até a me questionar o por que fizeram essa escolha sendo que poderia ter elevado bem mais o nível, como, inclusive, os filmes antigos fizeram.



Seguindo para a batalha final, o clímax do filme, e afinal de contas, todo o propósito desse circo (entenderam o trocadilho?); eu achei que fosse caminhar pro clichezão de tribos indígenas e blá-blá-blá-batido-pra-caramba. Mas eu levei um tapa na cara por que não foi nada disso, aliás, o final foi como o filme inteiro: uma metáfora social. Tudo no enredo do filme girava em torno de opressão e fazer com que os outros se sintam mal e isolados; e pensando bem, a Coisa só ataca isolados, sejam fisicamente ou socialmente, e isso até que foi bem bolado, devo admitir, mas não sei se entregou tão bem como poderia. Como eu disse, ficou muito filme adolescente. Mas toda a mensagem do filme é que para derrotar seus medos, você só precisa acreditar que consegue, como uma criança acredita que um cobertor vai protegê-la do monstro. Tudo se resume a acreditar em você, não é lindo?


Mas os pontos bons do filme são que a continuidade está excelente. A construção dos personagens ficou ótima, para mostrar a evolução deles como adultos, e os atores conseguiram demonstrar bem todo esse processo, como se realmente fossem as crianças que cresceram mas ainda têm resquícios dos seus eu’s jovens. E outra coisa maravilhosa que eu amei, foi como os medos se traduziram para medos “adultos”.

Porque o Pennywise se personifica em medos de crianças, só que os Perdedores estão adultos agora, e ver como isso se traduz nessa linguagem, como os medos ficam mais complexos, é uma observação muito atenciosa e real. Achei que foi muito bem colocada no filme, e claro que foi ideia do mestre King (dá pra notar que sou fã do homem?).

Também amei os cenários do filme. Muito bem construídos e pensados, os cenários dão mais tom de terror que o filme precisa em algumas cenas do que o roteiro, e eles são impecáveis. Uma experiência visual que completa o filme de forma majestosa.


Os planos-sequência em algumas cenas também são um deleite visual; algumas vezes te deixando tenso, como nas cenas da infame casa de espelhos ou no apartamento da velha, ou simplesmente um visual deslumbrante, como nas cenas da natação na pedreira.


E por fim, queria dizer que estou shippando um casal no filme; que não é Ben e Bev, até porque esse já está bem batido, né… Mas, deixo aí pra vocês pensarem ou descobrirem quem são.💓

E o veredito final? A nova sequência IT – Capítulo 2, deu um final justo ao primeiro filme; porém, assim como o primeiro, apesar de marcar a cultura cinéfila, fará isso como um filme de aventura com toques de terror, e somente isso.




Título Original: IT – Chapter 2


Direção: Andy Muschietti


Duração: 169 minutos


Elenco: Jessica Chastain, James McAvoy, Bill Harder, Isaiah Mustafa, Jay Ryan, James Ransone, Andy Bean, Bill Skarsgård, Jaeden Martell, Wyatt Oleff, Jack Dylan Grazer, Finn Wolfhard, Sophia Lillis, Chosen Jacobs, Jeremy Ray Taylor, Teach Grant e Nicholas Hamilton.


Sinopse: Vinte e sete anos depois dos eventos que chocaram os adolescentes que faziam parte do Clube dos Perdedores, os amigos realizam uma reunião. No entanto, o reencontro se torna uma verdadeira e sangrenta batalha quando Pennywise, o palhaço, retorna.




Trailer:

E você, amado leitor, gosta deste clássico? Gostou do texto? Deixe seu comentário!

Deixe uma resposta