Encaixotando Helena ( 1993, de Jennifer Lynch)

* Contém pequenos spoilers*

Com certeza, alguns se lembraram desse filme, por conta  da antiga  sessão Cine Privé, exibido pela televisão aberta, no início de 1990, pela rede Bandeirantes. Eram alvos dessa cinematografia filmes que possuíam em seu conteúdo o erotismo e a sensualidade, quase se tornando um filme para maiores.  Pois bem, esse é o caso de Encaixotando Helena, que se divide entre o bizarro e o devasso.

Resumidamente na história, um cirurgião tem uma obsessão compulsiva por uma bela mulher, uma acompanhante de luxo extremamente linda. Porém, nem uma negação para esse “amor” faz com que ele desista dela. Por obra do destino, e por uma perseguição mais implacável, ela acaba sofrendo um terrível acidente. Nick ( Julian Sands) é a única testemunha e decide cuidar dela em sua própria mansão. Como o acidente foi grave, ele decide amputar sua pernas. É a partir desse momento, que o personagem tem a sua mulher amada em suas próprias mãos.

O que já era bizarro, acaba ficando mais… O comportamento de Helena acaba sendo abominável e Nick resolve amputar os braços da pobre moça, aprisionando a uma cadeira de rodas. O filme nada menos é que a história de um amor possessivo, doentio e bizarro. Essas são todas as bases, para um obra bastante polêmica e alvo de severas críticas negativas em torno dela na época.


Na prática é um filme que acaba prendendo somente pelo amor incondicional dele. É assustador ver a forma que ele enxerga ela, como sua posse e para piorar não dá um sinal categórico que isso é errado. Há passagens que denotam que o passado dele lhe aflige de tal maneira que ele se torna uma pessoa muito fragilizada e consequentemente problemática.

Uma importante observação sobre o filme, que pode passar desapercebido é a questão de Nick desenvolver o Complexo de Édipo. Mas o que é isso? É uma teoria de Freud, na qual expõe que o homem quando nasce cria uma espécie de sentimento pelo figura materna. Trata-se de um processo normal do desenvolvimento infantil, na qual existe a disputa da criança e o pai, pelo amor do sujeito do sexo oposto.  Em flashbacks, vemos a figura da mãe de Nick, assombrando ele. Ao que tudo indica, ele nutriu o amor de sua mãe e acabou transferindo isso para a figura de Helena. Isso explica muito a questão dele amar Helena mesmo sendo ignorado e rejeitado. 

Apesar de um roteiro bem encaminhado, existe uma desconexa narrativa que não premia o público com muitas informações, e se vê desandar com as tais cenas de cunho erótico que muitas vezes desmotiva o telespectador. A própria diretora não considera o filme como terror e sim, um romance “diferente”. O que faz dele, muitas vezes incompreendido. Mas, ponderamos, mesmo com a intenção, ele se torna um filme visualmente mediano. Ainda mais que a atuação de Helena não transmite todo o sofrimento da situação. 

Encaixotando Helena é um filme que trilha para a opulência e pobreza por um apelo excessivo ao eroticismo do que a aprofundação da obsessão do personagem. Talvez isso explique um pouco, o desfecho da história, que pode decepcionar a muitos. Apesar disso, o filme bizarro progride ao seu natural e deteriora muito bem questões como o amor possessivo e a posse. 

Título Original: Boxing Helena

Direção: Jennifer Lynch 

Duração: 107 minutos

Elenco: Julian Sands, Sherilyn Fenn, Adele K. Schaeffer, Amy Levin, Att Garfunkel, Betsy Clark, Bill Paxton, Bryan Smith, Carl Mazzacone. 


Sinopse: Nick Cavanaugh ( Julian Sands) é um famoso cirurgião, fica obcecado pela beleza de Helena ( Sherilyn Fenn), uma prostituta. Ela o rejeita, mas mesmo assim ele tenta convencê-la que um necessita do outro. No entanto ela tem outros planos, mas acaba vítima de um terrível acidente que a deixa nas mãos do médico, que tem então uma macabra ideia para não perdê-la.

Trailer:


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ttt


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