Crítica: Euphoria – 1ª Temporada (2019, de Sam Levinson)


Acredito ser bastante comum a experiência de parar para assistir o primeiro episódio de uma série e, várias horas depois, se perguntar como você acabou assistindo os primeiros cinco, um após o outro. Euphoria surgiu para mim, inicialmente, através de notícias sobre seu conteúdo extremamente gráfico e perturbador, ainda mais em um contexto adolescente. Depois, o diretor Xavier Dolan escreveu um post no Instagram elogiando a série. De forma geral, a primeira temporada deixa a sensação de muita coisa para pensar e, principalmente, sentir.
Baseada em uma série Israelense, Euphoria conta a história de Rue (Zendaya) e de um grupo de jovens que convivem com ela. Após meses de reabilitação, Rue retorna para a casa de sua mãe e logo conhece Jules (Hunter Schafer). A relação das duas é um dos focos centrais da série, para além dos outros jovens e seus respectivos amores, amizades e conflitos. 



Reflexões sobre uma série como Euphoria esbarram em uma série de fatores, o maior deles sendo o fato de que o impacto de cada episódio depende da habilidade do espectador de sentir empatia pela forma como o diretor retrata a trama. Sam Levinson prioriza sempre o aspecto visual, usando cores e movimentos de câmera exagerados de forma tão predominante que nem sempre é claro exatamente o que devemos estar entendendo em tudo aquilo. Quando juntamos isso com uma estrutura narrativa bastante fragmentada e acelerada, é claro que a série não irá agradar a todos.
Talvez o maior problema com essa tática e com o ritmo escolhido para a trama seja que nem todos os momentos emocionais têm tempo suficiente para se desenvolver ou evoluir de forma natural. Embora isso não seja o caso em todas as tramas, os episódios finais apressam bastante as coisas e causam um sentimento de confusão que vai longe demais. O objetivo da série é mostrar a confusão na vida dessas pessoas, mas nessa busca por um sentimento ou uma emoção, o roteiro às vezes peca na forma como lida com a história através da qual todas essas coisas deveriam surgir. 
Por outro lado, Euphoria tem muitos momentos marcantes e em que as tais emoções dos personagens brilham, nos levando junto com eles para os pontos mais altos e mais baixos de suas vidas. Algumas tramas parecem pouco originais nos primeiros episódios, especialmente ao redor do personagem Nate (Jacob Elordi) e Kat (Barbie Ferreira), mas suas histórias acabam sendo levadas para caminhos interessantes e diferentes ao longo da série.
O maior destaque de tudo, entretanto, é o relacionamento entre Jules e Rue, pelo menos até certo ponto. Hunter Schafer e Zendaya são incríveis juntas ao ponto de ser possível esquecer completamente dos outros personagens quando estamos envolvidos em suas aventuras. A relação das duas é tratada de forma bem apressada nos episódios finais, mas resta a esperança de que elas tenham mais tempo na próxima temporada. O desenvolvimento inicial da relação entre elas é realmente muito bom de se assistir. 
“Euphoria é sobre ser visto, ouvido e conhecido”.
Sam Levinson
Em seus melhores momentos, Euphoria captura de forma perfeita a sensação de um mundo em que tudo acontece muito rápido e no qual as oportunidades de consertar os erros que cometemos são sempre passageiras. Quando seus personagens cedem aos seus impulsos, nós sentimos as consequências com eles de uma forma bastante marcante. Apesar de algumas imperfeições, a coragem da série e a forma como ela se compromete com suas ambições são suficientes para manter o interesse em 110% o tempo inteiro. 



Título Original: Euphoria


Diretor: Sam Levinson

Episódios: 8

Duração: 55 minutos

Elenco: Zendaya, Hunter Schafer, Sydney Sweeney, Barbie Ferreira, Algee Smith, Alexa Demie, Angus Cloud, Storm Reid, Maude Apatow

Sinopse: O dia-a-dia de um grupo de estudantes do ensino médio, a medida que eles exploram novos amores e amizades em um mundo de sexo, drogas, traumas e mídias sociais.
Trailer:
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