Crítica: Anjos e Demônios (2009, de Ron Howard)

Anjos e Demônios não é um filme envolvendo criaturas espirituais ou algum tipo de misticismo, trata-se da continuação do polêmico, O Código da Vinci, também baseado na obra literária de Dan Brown. Tom Hanks está de volta na pele de Robert Langdon, enquanto que em O Código da Vinci ele investiga revelações chocantes sobre Cristo e o Santo Graal (fato que causou protestos e fez com que a igreja e instituições religiosas tentassem vetar o filme), mas, aqui, o assunto é menos polêmico. Ambos os filmes podem não ter sido muito bem recebidos, não apenas pelos religiosos, mas também pelos críticos em geral. Porém, devo dizer que esta continuação é superior ao primeiro filme e oferece um entretenimento inteligente e cuidadoso.
Um dos pontos fracos de ambos os filmes, é o fato das personagens não serem muito bem desenvolvidas. Além de Robert ser muito inteligente, o que mais ele faz da vida? O filme começa e acaba no clima “CSI”, onde apenas a investigação e as pistas importam. Se por um lado o filme peca em ser apenas isso, acerta em cheio por manter um ritmo incessante até o fim. Não é apenas um caso, é uma série de acontecimentos em uma corrida contra o tempo. Os principais cardeais candidatos ao papado são sequestrados e a cada nova hora um deles será morto de maneira sádica em algum ponto turístico do Vaticano. É uma correria sem tamanho para salvar pelo menos algum deles, descobrir quem está fazendo isso e o porquê. Ainda temos uma eletrizante e “fantasiosa” sequência final, com uma extraordinária explosão de ‘anti-matéria’ e as explicações do que tudo isso significa. 


De maneira crua e cutucando a igreja, o filme mostra os podres do Vaticano, mostra as eleições na escolha de um novo papa (política na sua forma mais ordinária) e questiona os clérigos, o conclave, a fé de multidões e o contraste com a ciência. O que seria a anti-matéria? Enquanto que para cientistas seria a antipartícula da matéria; para as pessoas fervorosas seria a força de Deus, a energia na qual ele criou e mantém tudo.
Tom Hanks dá conta do recado, em contrapartida, Ayelet Zurer parece meio deslocada, com uma atuação padrão, que não compromete o resultado final. Há ótimos coadjuvantes, como Stellan Skarsgård e Pierfrancesco Favino, mas quem se destaca como a grande surpresa da produção, é Ewan McGregor – a peça chave do filme. O ótimo ator aqui dá uma de “super papa” e tem algumas das cenas mais intensas da obra. Muitas pistas e quebra cabeças (na maiorias das vezes indicadas por pinturas e esculturas de anjos e demônios), correria desenfreada, polêmicas e questões levantadas, assassinatos sádicos, efeitos especiais de primeira, uma ótima edição final, fotografia sublime de Salvatore Totino e uma trilha sonora que arrepia a cada nova fase. Embora seja um filme um tanto criticado, é inquestionável que diante tanto filme sem propósito, Anjos e Demônios traz algumas questões interessantes, traz belos cenários do Vaticano, um jogo de “gato e rato” eletrizante e muita emoção. 
Título Original: Angels & Demons

Direção: Ron Howard


Duração: 138 minutos

Elenco: Tom Hanks, Ayelet Zurer, Ewan McGregor, Stellan Skarsgård, Armin Mueller-Stahl, Pierfrancesco Favino, Nikolaj Lie Kaas, Thure Lindhardt.

Sinopse: O professor de simbologia, Robert Langdon (Tom Hanks), depois de decifrar o código DaVinci, é chamado pelo Vaticano para investigar o misterioso desaparecimento de quatro cardeais. Agora, além de enfrentar a resistência da própria igreja em ajudá-lo nos detalhes de sua investigação, Langdon precisa decifrar charadas numa verdadeira corrida contra o tempo porque a sociedade secreta por trás do crime em andamento tem planos de explodir o Vaticano.

Trailer:

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