Crítica: A Deusa da Vingança (2016, de Christophe Deroo)


O filme acompanha a vida de Sam, um vendedor que chega a uma cidade no meio do deserto. Logo, percebe que esse lugar está vazio, não há pessoas na rua, em casas e nem no hotel que ele decide passar a noite. O que passa a impressão de algo estar muito errado.  


Nesse hotel ele avista uma luz vermelha no céu, que fica imóvel.  Ao mesmo tempo que o único sinal de vida deste lugar é um rádio, que está sintonizado em um chamado Programa do Eddy. Esse programa tem um objetivo bem claro: fazer as pessoas ligarem para reclamar de qualquer coisa ao mesmo tempo que é informado que existe um assassino pela região. 


Então esse homem liga para seu chefe e sua esposa, mas ele não consegue falar com ninguém, o que faz ele se sentir uma pessoa extremamente solitária. Ao lado dele, estão apenas seu page, um espécie de aparelho para receber mensagens. Mas, no momento que ele começa a receber comunicados anônimos através deste, com acusações,  o clima começa a ficar muito estranho.

Sam, segue os locais a procura de pessoas e cada lugar por onde vai passando deixa bilhetes com a frase “Sam esteve aqui”. De uma forma ou outra tudo conspira para entrarmos na onda do filme e passamos a ficar interessados, ainda mais pela busca de explicações, até porque é impossível não se sentir desconfortável com a atmosfera.

Até que Sam encontra um policial e para sua surpresa é atingido por uma arma de fogo, fazendo com que ele necessite fugir. Nesse momento, um pequeno pesadelo se figura. A simpatia que tínhamos com o personagem continua, afinal ele tinha uma preocupação com a família, mas a partir disso ficamos com algumas dúvidas perante a sua inocência.




A atmosfera vai se construindo pouco a pouco, através de uma ótima fotografia e uma elogiável montagem. A perseguição continua, outras pessoas começam a persegui-lo e acontecimentos estranhos continuam a acontecer, como: cartas enviadas por Eddy (aquele locutor do rádio) a todos os moradores da cidade, acusando Sam de ser aquele serial killer que estão procura e caso visse, deveriam matá-lo.  Mas o por que disso? Essa é a pergunta que todos vão fazendo até o final. 


Vamos deixar aqui claro que existe duas possibilidades finais ao público: odiar ou amar. Isso porque não existe respostas fáceis e vai existir quem chegue ao final e não entenda o sentido do filme. Mas cá estou, para lhe ajudar. Portanto, recomendo que tu assista-o e depois venha ler essa crítica. Pois a partir dessa zona, terão imensos SPOILERS



O próprio diretor, Christophe Derro, a fim de curiosidade, deixou claro que não existe uma explicação correta do final, e que entendê-lo não era o mais essencial e sim, observar sua atmosfera. 


Uma explicação do filme seria que Nemesis (um dos títulos da
obra) uma palavra oriunda gregque
tem diversos significados, mas no contexto do filme significa vingança. Ela é a deusa que sela o destino, o equilíbrio e a punição divina, portanto
prega pelo equilíbrio do mundo, compensando o bem e o mal. Portanto, o título
do filme traduzido é um imenso spoiler quando reconhecido isso, afinal Nemesis
nada mais é do que a Deusa da Vingança. E ela é responsável pelos
acontecimentos de Sam durante a jornada.





O habitat nada mais é do que
o inferno pessoal do protagonista, uma espécie de purgatório e o que passamos a
acompanhar é o castigo imposto a ele, afinal
 ele é culpado do crime que
passamos o filme todo crendo que seja uma conspiração contra o dito, além dos habitantes da cidade
 serem a representação das almas que ele matou. 


Mas passamos a crer mais,
quando refletimos sobre. Pense bem: Eddy (que é o diabo ou alguma figura próxima a isso) liga para Sam, mostrando uma fita de
sua esposa que afirma que ele está morto e onde ele está é apenas o lugar
destinado para o seu sofrimento, o que é uma metáfora clara de associação ao que ele fez quando estava na Terra.
 

A Deusa da Vingança é um filme competente em sua proposta e execução, além de deixar muitas pontas soltas para o telespectador refletir sobre o que assistiu. Desconfortavelmente falando, ele cumpre um ótimo papel, pois aliado ao medo proposto, a obra ao seu final ainda deixa diversas dúvidas e sobretudo, diversas interpretações. Aproveite e assista, afinal de contas, ele possui curta duração, o que pode agradar em geral. 



Título Original: Sam Was Were


Direção: Christophe Deroo

Duração: 75 minutos

Elenco: Rusty Joiner, Hassan Galedary, Rhoda Pell, Sigrid La Chapelle

Sinopse: Um vendedor ambulante preso em uma cidade deserta, passa a questionar sua sanidade quando é ameaçado por moradores que o confundem com um assassino. 

Trailer:

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